Afastado das mais recentes atividades do AC/DC, o baterista Phil Rudd anunciou que está vendendo toda sua coleção relacionada à banda.
Toda a renda será revertida à Fundação Neozelandesa de Combate ao Câncer de Mama. A inspiração é sua amiga de mais de 15 anos, Toni Wilson. Diagnosticada com a doença em metástase, ela luta para prolongar a vida.
Em entrevista ao site local Stuff, o músico refletiu sobre o que o levou a se desfazer de itens que guarda há 50 anos. E concluiu que nada disso possui mais valor quando se é confrontado com a finitude de uma pessoa querida.
“Eu desistiria de tudo, jogaria na fogueira, se isso significasse que daria mais tempo a Toni. Pelos prognósticos médicos, ela terá sorte se conseguir chegar ao Natal. Ela é o amor da minha vida. Minha melhor amiga. Todo o dinheiro do mundo pode comprar coisas para você, mas não pode comprar tempo.”
Além de um kit de bateria, baquetas e outros artefatos ligados à banda, Phil incluiu um carro de seu acervo no saldão.
“É a minha maneira de lidar com a situação, suponho. Sei que não resolverá os problemas de todos, mas eu só queria fazer algo para ajudar.”
Ah-Leen Rayner, presidente da instituição beneficiada, aplaudiu a ação de Rudd.
“É realmente comovente que Phil Rudd tenha escolhido nos apoiar por causa de sua conexão pessoal com esta doença terrível. Passar por um câncer de mama pode ser devastador, mas estamos aqui para fornecer serviços de apoio vitais aos pacientes, investir em investigação inovadora, educar as pessoas sobre a importância da detecção precoce e defender um melhor acesso aos tratamentos. A generosa doação nos ajudará a fazer mais deste trabalho em direção à nossa ambiciosa visão de zero mortes. Que maneira única para os fãs do AC/DC fazerem a diferença por uma boa causa.”
Descoberta da doença
Também presente na entrevista, Toni contou sua história com a doença.
“No final de 2019, fui ao médico com uma tosse que não passava. Pedi que verificassem também a covinha que notei no meu seio. As coisas foram rápidas a partir daí. Fiz mastectomia e quimioterapia, até que finalmente me disseram que estava livre do câncer.”
Então, há seis meses, Wilson acordou com dificuldade para respirar.
“Meu peito inteiro doía. O câncer estava de volta e se espalhou para a parede torácica, gânglios linfáticos e coração. Eles me disseram que eu estava agora no Estágio 4 e que não havia muito mais que pudessem fazer.”
Uma varredura recente revelou que o câncer havia se aprofundado ainda mais, chegando aos ossos.
“Não consigo comer. Perdi tanto peso que é nojento. Não tenho rotina, um dia não consigo me mexer, estou com muita dor, depois me sinto bem. Estou apenas levando isso dia após dia. Às vezes fico com raiva, porque tenho tanta coisa para fazer. Eu me preocupo em deixar as crianças sozinhas. Outro dia o cachorro desenterrou uma das minhas plantas e eu só chorei pensando, quem vai cuidar das minhas plantas? Eu aceitei. Até organizei meu funeral. A verdadeira dor é ver os outros chateados.”
A situação remeteu Phil à perda do vocalista dos primeiros álbuns do AC/DC, em 1980. À época, a determinação da banda foi seguir em frente.
“Eu chorei por Bon Scott, mas continuamos trabalhando. Com Toni, sinto a mesma dor, de perder alguém que você ama. Isso me fez pensar sobre a vida, que coisas como o sucesso não significam nada quando se trata de uma situação assim. Amigos e família são o que importa.”
AC/DC e Phil Rudd atualmente
Após ter participado das gravações do álbum “Power Up”, lançado em 2020, Phil Rudd não foi incluído no recente show do grupo no festival americano Power Trip. Matt Laug o substituiu. Mas ele não perde as esperanças de reverter a situação.
“Espero tocar com eles novamente no futuro.”
Por hora, novos compromissos do AC/DC são apenas especulações de bastidores. De qualquer modo, Phil tem como prioridade do momento estar ao lado de Toni.
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