O surgimento de plataformas de streaming de certa maneira tornou a disseminação de música mais fácil que nunca. Entretanto, o uso de algoritmos por serviços acabou por limitar a capacidade de descoberta. Essa é a opinião de Pete Townshend.
O guitarrista do The Who participou do Broken Record Podcast (transcrição via Ultimate Guitar), apresentado pelo produtor Rick Rubin. Em meio a uma discussão sobre IA na música, o inglês alertou para algo diferente e mais preocupante.
“O que tem acontecido é que alguns pouquíssimos artistas começaram a monopolizar a maior parte de streaming. Ao ponto que a cauda longa prevista no surgimento da internet… simplesmente ficou entupida. Você vai no Spotify ou Apple Music, há uma área com coisas que ninguém escura e descobre as coisas mais incríveis. Dá pra encontrar essas coisas no Soundcloud, ou no Bandcamp, e você pensa: ‘Quem diabos é esse artista? É brilhante!’. São geniais, mas só tem 12 seguidores.”
Townshend apontou, ainda, que o estrelato fora dos padrões é um acontecimento acidental no sistema vigente da indústria musical.
“É um tanto trágico o que aconteceu, porque nem todas essas pessoas poderiam ser famosas. Estamos acostumados ao star system ser essa máquina em que um ‘cisne negro’ é essa pessoa que simplesmente tem muita sorte de estar no lugar certo na hora certa [e encontrar sucesso].”
The Who planeja acabar? Pete Townshend responde
O The Who teve um 2023 movimentado. Após uma série de shows na Europa com a turnê “The Who Hits Back” nos últimos meses, o grupo disponibilizou um box-set deluxe com o álbum “Who’s Next” (1971) e material do projeto engavetado “Lifehouse” (agora grafado “Life House”), somando 155 faixas.
No entanto, o futuro do grupo — em atividade desde 1964 — ainda é incerto. Segundo Pete Townshend à Uncut (via Guitar), ele e o vocalista Roger Daltrey não pensaram sobre o que fazer daqui para frente, não só no quesito shows, mas também em relação à gravação de material inédito.
“Bem, gravar é difícil. Nós conseguimos fazer o último disco, ‘Who’ (2019), mas quase não foi feito. Não temos planos. Não tenho uma visão específica para o The Who daqui em diante. Não sei se o Roger tem. Roger e eu provavelmente precisamos conversar sobre o que queremos fazer.”
Em seguida, Townshend mencionou a recente excursão europeia e como sentiu-se satisfeito com o seu desempenho e do colega durante as performances.
“Roger parecia preocupado com o fato de ter um joelho instável que poderia precisar de cirurgia. Mas ele está cantando muito bem e eu estou tocando muito bem e melhor do que nunca. Eu me sinto confortável fazendo o que estou fazendo com a banda.”
Por fim, o músico de 78 anos garantiu que a idade não é necessariamente um problema. Para exemplificar, citou os Rolling Stones e Paul McCartney.
“O interessante sobre nossa carreira agora é que, como os Rolling Stones e Paul McCartney, estamos levando a idade até o limite. Roger e eu sabemos o que estamos fazendo. Quem sabe o que pode acontecer?”
Clique para seguir IgorMiranda.com.br no: Instagram | Twitter | Threads | Facebook | YouTube.