Em fevereiro de 2021, o guitarrista Mateus Asato anunciou que faria uma pausa na carreira, além de abandonar as redes sociais.
A notícia pegou o público de surpresa, já que o instrumentista vivia um grande momento, sendo requisitado para trabalhos com vários dos principais nomes da música internacional.
Relembre
Em uma sequência nos Stories, o músico disse à época que estava sem tocar guitarra há três semanas, o que o fez ficar em alerta.
“Honestamente, não lembro de ter ficado tanto tempo longe de minha fonte de criação. É muito estranho, pois sequer sinto a emoção de pegar minha guitarra para desfrutar da bondade e da bênção que a música nos cria.”
Mateus destacou que não queria “culpar” a pandemia por essa situação, mas que chegou em um ponto onde sua “inspiração simplesmente desapareceu”. Em seguida, confirmou que iria “concluir sua relação com as redes sociais de forma geral” e daria um tempo na carreira.
“Serei eternamente grato pelo Instagram em termos de carreira. Conheci meus maiores heróis e tive as melhores oportunidades por meio do Instagram. Porém, estou sobrecarregado. Essa é uma ótima forma de promover sua arte, mas quanto mais tempo gasto aqui, mais me questiono se seguimos o caminho correto sobre o motivo pelo qual fazemos música.”
Em tom crítico, apontou que acabou se perdendo “dentro das caixas dos vídeos de 15 a 60 segundos”.
“O Instagram ajudou os músicos a melhorarem em seus negócios, a fazer vídeos com performances impecáveis (após inúmeros takes). Eu me perdi dentro das caixas de vídeos de 15 a 60 segundos. Tenho uma grande sensação de que estamos perdendo a essência da interação musical, estabelecendo padrões baseados nos mesmos quatro compassos e progressões de acorde para ‘começar a vibe’.”
Os motivos para a decisão
Durante participação recente no podcast Amplifica, comandado por Rafael Bittencourt (Angra), Mateus Asato tentou se explicar sobre os motivos que o levaram à decisão. Para ele, a rotina foi fator decisivo.
A transcrição é do site. O músico declarou:
“Não menosprezando qualquer trabalho, pois é algo muito digno, mas parecia que eu estava preso em um escritório das 9 da manhã às 6 da tarde — especialmente porque o mundo inteiro se voltou para o virtual, lives pra caramba. Eu percebi que não estava mais fazendo isso pela diversão, pela criatividade. Era mais como: ‘preciso entregar o conteúdo para a galera’, entendeu? Estava se tornando algo nada inspirador. Fiquei nada criativo e pensei: ‘nossa, está muito chato aqui’.”
A primeira perda de um familiar próximo também contribuiu para o sentimento.
“Minha avó morreu em 11 de janeiro de 2021. Aquilo foi o estopim, pois foi a primeira vez que lidei com a morte de alguém muito próximo. Obviamente, 2020 foi muito caótico, mas lembro que o primeiro trimestre de 2021 foi um absurdo. Era muito número o tempo inteiro. Foi muito horripilante, porque a água começou a subir mais. Via meus pais chegando para o almoço falando: ‘fulano de tal morreu’. Bateu uma deprê muito forte.”
A mudança do significado do Instagram para suas atividades foi outro fator que pesou para o guitarrista.
“Eu percebi que isso não estava massa, estava ruim pra caramba, e eu precisava dar uma segurada, pois a cabeça não estava legal. Estava sem criatividade, o que é normal de vez em quando. Olhei e pensei: ‘isso aqui está obrigatório demais para mim’. Perdeu o sentido e o significado do que foi. O Instagram, para mim, era como um diário, sabe? Quando você escreve em um diário, é porque você está inspirado, viveu um dia muito legal. Então você relata para poder lembrar depois. Mas já tinha perdido tudo isso. Várias coisas contribuíram para essa bola de neve.”
John Petrucci e Rick Beato
A situação mudou para Mateus Asato ao participar de um evento com um de seus ídolos, assim que as restrições causadas pela Covid-19 foram sendo amenizadas.
“Veio o segundo semestre de 2021 e acabei retornando aos Estados Unidos para participar do Guitar Camp do John Petrucci, que tinha sido adiado. Aquilo foi o começo, pensei: ‘caramba, estou voltando a tocar de novo, que massa’. Fiquei bastante tempo sem tocar, acho que foram uns 90 dias sem encostar em uma guitarra. Eu guardei todas as guitarras, pensei: ‘não quero ver nada’. Eu precisava de uma ajuda terapêutica também.”
Outra figura preponderante foi o multi-instrumentista, produtor e educador musical que se tornou ainda mais famoso graças ao YouTube em anos recentes.
“Rick Beato foi o cara que mais me auxiliou. Lancei a nota de afastamento de uma forma muito impulsiva, acho que nem precisava ter dito aquilo, e saí. Estava no meio de um voo, voltando de São Paulo para Campo Grande. No dia seguinte, e não sei como ele pegou meu número, Rick Beato chegou: ‘chega aqui filhão, você é muito novo, relaxa, calma’. Me deu uma mentoria muito incrível. De pouquinho em pouquinho, me deu esse revigoramento na minha vida e criatividade. Foi muito paterno.”
Sobre Mateus Asato
Natural de Campo Grande (MS) e radicado nos Estados Unidos, Mateus Asato se tornou um fenômeno nas redes sociais, o que lhe rendeu trabalhos ao lado de Jessie J, Bruno Mars, Tori Kelly, Kiko Loureiro, Sandy e Luan Santana, entre outros.
Em 2019 foi eleito o 9° guitarrista mais influente da década pela conceituada revista americana Guitar World.
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