Como John Lennon segue influenciado Paul McCartney mesmo após a morte

Músico admite ainda abandonar letras que seu falecido amigo consideraria "muito sentimentais"

A convivência entre John Lennon e Paul McCartney foi relativamente curta se considerarmos a idade do segundo, atualmente com 81 anos. Porém, a experiência junto aos Beatles valeu por mais que uma vida — a ponto de, ainda hoje, a influência e inspiração seguirem sendo uma realidade.

Em declaração no podcast “A Life in Lyrics”, baseado em seu livro, o baixista e vocalista confirmou ainda pensar em como o amigo reagiria às suas criações atuais. A ponto de, efetivamente, acabar causando mudanças.

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Conforme transcrição do Ultimate Classic Rock, ele disse:

“Muitas vezes eu me pergunto ‘O que John pensaria disso? Ele teria achado que era muito sentimental’. Então, acabo mudando. É o tipo de interação milagrosa. Você não tem tanto esse elemento oposto agora. Eu tenho que fazer isso sozinho.”

As memórias sobre o estilo do colega e mais severo juiz ainda estão muito vivas em Macca.

“A personalidade de John era muito cautelosa, desesperadamente cautelosa. É daí que veio toda a sua inteligência. Como tantos comediantes, é para se proteger do mundo. Tendo passado por uma educação muito difícil – seu pai sai de casa, seu tio morre e sua mãe é morta – John poderia ser muito sarcástico. Todos nós, também foi a maneira de lidar com a morte da minha mãe. Muitas vezes haveria uma crítica muito espirituosa. Nem sempre seria uma crítica, mas gerava uma resposta muito rápida. Ele se treinou para fazer isso. Era uma das características mais atraentes nele.”

A insegurança de John Lennon, segundo Paul McCartney

Ao mesmo tempo, Lennon era muito inseguro sobre a opinião alheia em relação a si mesmo. McCartney afirma:

“Lembro de ele me dizer: ‘Paul, me preocupo em como as pessoas vão se lembrar de mim quando eu morrer’. Isso me chocou e eu disse: ‘Espere aí. Vão pensar que você foi ótimo’. Eu era como o padre dele. Eu dizia: ‘Meu filho, você é ótimo’. Isso o fazia se sentir melhor.”

A música final dos Beatles

Uma derradeira colaboração dos Beatles virá a público na próxima quinta-feira (2). A faixa em questão, “Now and Then”, havia sido composta por John Lennon na década de 1970 e trabalhada pelos remanescentes durante o projeto “Anthology”, nos anos 1990.

A tecnologia da época não rendeu um bom resultado. Agora, com o avanço da inteligência artificial, uma qualidade melhor foi extraída, especialmente em relação aos vocais de John.

Sobre a faixa, os envolvidos dizem:

Paul McCartney: “Lá estava a voz de John, cristalina. É muito emocionante. E todos nós tocamos; é uma gravação genuína dos Beatles. Em 2023, ainda estar trabalhando na música dos Beatles e estar prestes a lançar uma nova música que o público ainda não ouviu é algo emocionante.”

Ringo Starr: “Foi o mais perto que chegamos de tê-lo de volta na sala de estúdio, então foi muito emocionante para todos nós. Foi como se John estivesse lá, sabe?”

Olivia Harrison (viúva de George Harrison): “Em 1995, depois de vários dias no estúdio trabalhando na faixa, George sentiu que os problemas técnicos da demo eram intransponíveis e concluiu que não era possível terminar a faixa com um padrão suficientemente alto. Se ele estivesse aqui hoje, Dhani (Harrison, filho) e eu sabemos que ele teria se juntado de todo o coração a Paul e Ringo para completar a gravação de ‘Now and Then’.”

Sean Ono Lennon (filho de John Lennon): “Foi muito comovente ouvi-los juntos depois de todos os anos que meu pai se foi. É a última música que meu pai, Paul, George e Ringo a fizeram juntos. É como uma cápsula do tempo.”

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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