Glenn Hughes passeia por fases do Deep Purple com show nada curto em Brasília

Apesar de ter apenas 9 números, apresentação atual do baixista e vocalista britânico é uma aula de hard/classic rock de quase 2 horas

Abram alas, pois Glenn Hughes está no Brasil novamente. E por mais que isso seja algo recorrente, não parece perder o encanto. Sobretudo entre os fãs de Deep Purple, em geral, e entre os fãs maníacos por Deep Purple, em particular.

Na atual turnê, intitulada “Classic Deep Purple Live”, o lendário baixista e vocalista britânico meio que antecipa a comemoração dos 50 anos do álbum “Burn”, lançado em 1974. Porém, não se prende totalmente a ele.

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O show passeia com propriedade pelas fases Mark III e Mark IV do Purple pinçando também algumas outras músicas pontuais desse período breve, mas riquíssimo, em que Glenn integrou a banda (1973-1976).

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Ao todo, são cinco canções de “Burn”, duas de “Come Taste the Band” (1975) e uma de “Stormbringer” (1974) — duas, se considermos o breve trecho de “High Ball Shooter” no medley presente na parte intermediária da apresentação. Ah, e ainda tem “Highway Star”, a única a acenar para a fase com Ian Gillan nos vocais.

Aula de hard/classic rock

Na noite de sábado (4), foi a vez de Brasília sediar essa aula de hard/classic rock. Pouco depois das 21h, Glenn Hughes subiu ao palco da Toinha, que recebeu um bom público, formado majoritariamente por pessoas já na casa dos 40 anos ou mais e trajando com orgulho suas camisas do Purple – muitas delas de turnês da banda pelo país.

O início com “Stormbringer” se deu com o som bastante alto, o que permaneceria durante todo o show, e não tão bem definido, principalmente na guitarra de Søren Andersen, o que seria corrigido no decorrer do repertório.

“Might Just Take Your Life” e “Sail Away” fizeram as primeiras honras à “Burn”, com Glenn esbanjando groove e versatilidade para cantar com personalidade o seus vocais e também os que originalmente foram gravados por David Coverdale.

No medley que começa e termina com “You Fool No One”, quem brilha é o baterista Ash Sheehan. Ele toca com precisão e vigor, fazendo jus a Ian Paice e, em alguns momentos, indo até além no aspecto do peso. O solo de bateria, no entanto, se mostra um pouco longo e espalhafatoso demais, com direito a equilibrar a baqueta no nariz e outros truques inofensivos que pendem mais para o malabarismo.

Com esse tempo precioso, talvez desse para inserir mais uma ou duas músicas — do “Stormbringer”, por exemplo —, embora fique claro também que é um momento necessário para Glenn descansar a voz e recuperar as energias fora do palco.

Show nada curto

Por falar em duração, o fato de o setlist conter apenas nove números pode causar certo espanto. No entanto, várias músicas acabam sendo estendidas, como a porção instumental de “Mistreated” e “You Keep On Moving”, na qual Glenn Hughes se comunica bastante com o público e agradece por ainda poder levar sua voz aos fãs em diferentes partes do mundo. A satisfação é nossa, Glenn.

Esse trecho que antecede o bis, aliás, é uma grata surpresa. Tanto “You Keep On Moving” quanto “Gettin’ Tighter”, ambas muito bem recebidas pela galera, mostram que há um culto considerável em torno de “Come Taste the Band” e que tal disco talvez não seja tão subestimado como se costuma pensar. Cada vez mais, maníacos por Purple amam venerar o único trabalho da banda com o saudoso Tommy Bolin.

Em “Highway Star”, Glenn abandona o baixo pela primeira e única vez. Só que mesmo se dedicando exclusivamente a cantar, é nela um dos raros momentos em que sua voz denuncia o inevitável: aos 72 anos, não há milagre (e nem reverb vocal) que evite uma ou outra falha. Mas nada que macule a performance do eterno “The Voice of Rock”.

Cereja do bolo de uma apresentação que chegou ao fim perto das 23h — e, portanto, com cerca de 1h40 de duração —, “Burn” é a catarse coletiva que encerra a festa. Um dos maiores hinos do rock setentista e que ainda temos o privilégio de ver sendo executado por um de seus criadores, quase cinco décadas depois.

A “Classic Deep Purple Live”, que já havia passado por Limeira (01/11) e Florianópolis (02/11), acabou de passar também por Belo Horizonte (05/11) e seguirá rumo a Porto Alegre (07/11), Curitiba (08/11), Rio de Janeiro (10/11) e São Paulo (11/11). Um total de oito datas pelo Brasil, contando essa grande noite em Brasília.

Se tiver a oportunidade de ir a um desses shows, não hesite.

Glenn Hughes – ao vivo em Brasília

  • Local: Toinha
  • Data: 4 de novembro de 2023
  • Turnê: Classic Deep Purple Live

Repertório:

  1. Stormbringer
  2. Might Just Take Your Life
  3. Sail Away
  4. You Fool No One / High Ball Shooter / solo de bateria / You Foll No One (medley)
  5. Mistreated
  6. Gettin’ Tighter
  7. You Keep On Moving
  8. Highway Star
  9. Burn

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Guilherme Gonçalves
Guilherme Gonçalves
Guilherme Gonçalves é jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás (UFG). É repórter do Globo Esporte e atua no jornalismo esportivo desde 2008. Colecionador de discos e melômano, também escreve sobre música e já colaborou para veículos como Collectors Room e Rock Brigade. Revisa livros das editoras Belas Letras e Estética Torta e edita o Morbus Zine, dedicado ao death metal e grindcore.

1 COMENTÁRIO

  1. O som no início estava mesmo péssimo. Melhorou ao longo do show, mas passou longe de uma boa mixagem.

    O ar-condicionado da casa também só passou a funcionar direito do meio para o fim do evento. Um forno!

    A banda, supercomprometida, salvou a noite. Destaque para Bob Fridzema e Ash Sheehan.

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