Bob Geldof tem vergonha de sua atuação em “The Wall”, do Pink Floyd

Irlandês confessa ter aceitado o papel por dinheiro – e revela que nem isso ganhou tanto, no fim das contas

O projeto “The Wall” certamente não está entre as várias quase unanimidades da carreira do Pink Floyd. Embora seja inegavelmente um clássico, o álbum conta com restrições tanto de fãs quanto dos próprios músicos, que já declararam considerar o produto final demasiadamente longo.

A coisa fica ainda mais grave quando se trata do filme. A ponto de o protagonista não esconder seu embaraço com o resultado. Em sessão de perguntas e respostas no EnergaCamerimage Film Festival, na Polônia, transcrita pelo Deadline e repostada pelo Loudwire, o artista e ativista irlandês Bob Geldof confessou:

“Não gosto do filme. Acho que fui muito mal nele. Assisti duas vezes e em ambas fiquei constrangido.”

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O líder do The Boomtown Rats e idealizador do Live Aid ainda admitiu só ter conseguido atuar porque a exigência era mínima.

“O diretor, Peter Bizou, pegou leve comigo. Caso contrário, nem teríamos terminado. Ficava envergonhado dia após dia do quão ruim eu era. Não gosto do meu visual nem de como interpretei.”

Geldof ainda contou o motivo que o fez aceitar viver Pink, o personagem principal, mesmo com nenhuma experiência real.

“Dinheiro. E o pior é que nem isso foi tão bom. Os caras do Pink Floyd eram hippies, terríveis em administrar o que ganhavam. Fora isso, estava meio cansado da banda e queria um novo desafio.”

Bob concluiu deixando claro não se sentir isolado. Afinal, muitos outros músicos tentaram atuar e não conseguiram boas performances. Sobrou até espaço para uma teoria.

“David Bowie não era um bom ator, Sting não é um bom ator e eu, definitivamente, não fui um bom ator. Frank Sinatra era e Elvis Presley também. Em ‘Jailhouse Rock’ e ‘King Creole’, você pode ver que há um cara lá que sabe atuar. Então, por que Elvis e Frank conseguiram fazer isso, mas David Bowie e Bob Dylan não conseguiram?

É porque Sting, Bowie, Dylan e Bob Geldof escrevem suas próprias canções. Frank Sinatra e Elvis não compunham, eles interpretavam músicas que outras pessoas escreviam. Então, o trabalho deles era encontrar a psicologia de uma música. Meu trabalho é me projetar no palco. Estou cantando coisas que estão na minha cabeça.”

Bob Geldof, Pink Floyd e “The Wall”

Posteriormente, Bob Geldof ainda fez outras aparições esporádicas na telona, incluindo uma como ele próprio em “Spiceworld”, filme lançado em 1997 pelas Spice Girls.

Lançado em junho de 1982 – precedido por uma estreia no Festival de Cannes, na França, em maio – “The Wall” foi orçado em US$ 12 milhões e arrecadou em torno de US$ 22,2 milhões em bilheteria à época.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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