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Entrevista: Steel Panther fala sobre show no Brasil, machismo, “On the Prowl” e mais

Stix Zadinia, baterista, também revela planos da banda para 2024 e reflete sobre os (quase) quinze anos do álbum de estreia “Feel the Steel”

Após oito anos, o Steel Panther retorna ao Brasil. Desta vez, como atração principal — a visita anterior ocorreu como atração de abertura do Kiss —, mas em data única: 19 de outubro, na Audio, em São Paulo. Pelo site Ticket360, ainda é possível adquirir ingressos para assistir à banda americana, conhecida pela paródia humorística — e controversa — do hard rock oitentista.

A vindoura turnê pela América do Sul também contempla Chile, Argentina e México, com uma data em cada país. Em entrevista ao site IgorMiranda.com.br, o baterista Stix Zadinia explicou o porquê da “pressa”, com apenas quatro shows em uma semana antes de retornar aos Estados Unidos.

“Não sei o motivo real, pois quero tocar aí o máximo possível. Mas acho que com tudo do jeito que está, as pessoas voltando da Covid, foi tomada a decisão de fazer uma quantidade menor de shows para começar. E então, esperançosamente, poderíamos conseguir vender muitos ingressos e os promotores de eventos nos chamariam de volta, crescendo e fazendo shows cada vez maiores, até chegar ao tamanho de uma arena. É o que queremos.”

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Para compensar, Zadinia adianta que ele e seus colegas — Michael Starr (voz), Satchel (guitarra) e o novato Spyder (baixo), ocupando a vaga deixada em 2021 por Lexxi Foxx — estão preparando um repertório que percorre todos os seis discos do Steel Panther. Em apresentações mais recentes, na América do Norte, o quarteto de fato contemplou canções da carreira em geral, mas focou no primeiro álbum, “Feel the Steel” (2009), e no mais atual, “On the Prowl”, disponibilizado em fevereiro último. O baterista, de nome real Darren Leader, afirma:

“Vamos conseguir fazer nosso show na íntegra e dar às pessoas que comprarem ingressos aquilo que eu espero que seja o melhor show da vida delas. […] Nosso plano é, se tudo correr bem, continuar voltando para a América do Sul. construímos um grande número de fãs na Austrália, sendo que muitas bandas não vão para lá. E muitas bandas também não costumam ir para a América do Sul. Queremos fazer o mesmo: transformar a América do Sul um lugar constante em nossas turnês.”

Passada a turnê latino-americana, o Steel Panther tem shows marcados nos Estados Unidos até o fim do ano. Para 2024, Stix adianta os planos:

“Estamos esboçando o nosso próximo ano neste momento. Vamos excursionar o máximo que pudermos. Seguiremos criando conteúdo para a nossa série de TV no YouTube. Planejamos gravar músicas, talvez um EP, não sei, mas trabalharemos em nossa criatividade, sempre com o objetivo de atrair o máximo de pessoas que pudermos para o Steel Panther e a tudo que pudemos oferecer.”

“On the Prowl”

Desde o início do ano, o Steel Panther está em turnê para promover “On the Prowl”. Além de ter marcado a estreia de Spyder — conhecido do grupo há muito tempo e definido como um “encaixe natural” —, o álbum foi o primeiro da banda a ser gravado à distância, em função das restrições causadas pela pandemia. Stix Zadinia, que descreveu o disco como seu “maior orgulho” no catálogo da banda, refletiu sobre os prós e contras do formato:

“Uma das maiores vantagens é que fizemos de acordo com nossa agenda, em nosso ritmo. Não tivemos que esperar por um produtor, um estúdio, nada. Uma das desvantagens, no meu caso enquanto baterista, é que quando gravo com produtor, faço a bateria em quatro dias e depois vou embora. Não preciso fazer mais nada, pois o produtor cuida de tudo. Mas esse álbum exigiu mais de nós, da nossa energia. Demandou mais do nosso tempo. Mas também foi mais gratificante por esse motivo.”

Outra peculiaridade de “On the Prowl” esteve em retomar as participações especiais. Notório por já ter contado com Corey Taylor (Slipknot), Justin Hawkins (The Darkness), Scott Ian (Anthrax) e Vivian Campbell (Def Leppard, Dio, Whitesnake) em seus discos, o grupo não trouxe nenhum convidado no registro anterior, “Heavy Metal Rules” (2019), o primeiro a sair pelo selo próprio Steel Panther Inc. Para o novo álbum, o quarteto chamou o músico e produtor Dweezil Zappa, filho de Frank Zappa, para gravar “Is My Dick Enough”. Zadinia comenta:

“Eu o conheço um pouco, mas Satchel e ele são amigos. Ele gravou direto de casa, então, essa é a beleza da internet. Enviamos a música e perguntamos se ele tocaria. Ele disse que sim, então mandamos e ele fez de casa, mandando de volta, daí mixamos. Satchel e Michael foram para o estúdio dele, pois ele tem um estúdio de mixagem em tecnologia Dolby Atmos. É um ótimo músico e um cara incrível, foi uma grande honra para nós. Gostamos de colaborar com outras pessoas.”

“America’s Got Talent”

Além dos shows e de ações nas redes sociais, “On the Prowl” foi promovido com uma inusitada passagem pelo “America’s Got Talent”. Exibido nos Estados Unidos pela NBC, o famoso show de talentos televisivo contou com o grupo em sua 18ª temporada. Os artistas disputaram um prêmio de US$ 1 milhão.

A banda foi aprovada com a música “Eyes of a Panther” e disputou as semifinais com “Death to All But Metal”, mas acabou eliminada. Ambas as canções, oriundas do álbum “Feel the Steel”, tiveram suas letras adaptadas devido à linguagem chula e ao fato de a atração ser exibida ao vivo.

Na visão de Stix Zadinia, o Steel Panther saiu vencedor simplesmente por ter participado.

“Foi muito legal. Não sabíamos que profissionais poderiam participar, mas quando nos chamaram, decidimos juntos que iríamos, pois talvez daria certo. Poderia ter dado errado também, mas no fim das contas, mais pessoas conheceriam o Steel Panther e esse é o objetivo. Foi por isso que aceitamos e acho que funcionou. Não esperávamos nem passar da primeira fase, mas participamos de duas. Senti como se tivéssemos saído de lá vencendo.”

Críticas e machismo

Desde que se tornou conhecido, o Steel Panther convive com críticas. Seja pela postura humorística ao apresentar-se como uma paródia glam metal, seja pelas letras de conteúdo que frequentemente esbarram em estereótipos machistas e, por vezes, até racistas, como em “Asian Hooker”.

Com relação ao primeiro tipo de crítica — abordar o humor no cenário do heavy metal, que não é tão aberto a isso —, Stix Zadinia admitiu que se preocupava com isso no início da carreira. Porém, não se importa mais, pois “somos músicos estabelecidos e sabemos o que estamos fazendo”.

“Não pedimos desculpas por isso. Nós fazemos o que fazemos porque amamos isso. E aí, as pessoas podem gostar disso ou não. É a escolha delas, está tudo bem. Mas quando criticam a banda, não me prendo muito a isso. A prova é que mesmo com as críticas, nós temos uma base sólida de fãs. Podem falar o que quiser, não importa.”

A resposta foi similar ao segundo tipo de comentário, cada vez mais frequente nas redes sociais conforme o público se conscientiza sobre tais questões. O baterista também destacou que “metade da plateia do Steel Panther é formada por mulheres” e que “elas adoram” o show.

“Fazemos o que fazemos. Se a pessoa não gosta, está tudo bem. Se quiser nos chamar de machistas, se quer nos xingar, vá em frente. Sabemos quem somos, sabemos nosso sentimento, sabemos da relação que temos com nosso público, que é composto tanto por homens quanto por mulheres. Sendo sincero, nosso público é provavelmente o que grita mais alto em um show de heavy metal e se você olhar para eles, verá que metade do público é formado por mulheres — e elas adoram. Não importa o que nos chamem.”

Quase 15 anos de “Feel the Steel”

Antes de adotar o famoso nome em 2008, o Steel Panther atendeu por outras três alcunhas — Metal Shop, Danger Kitty e, de forma mais duradoura, Metal Skool — e construiu uma base de fãs na cena roqueira de Los Angeles com seus shows revivalistas. O repertório da banda, fundada em 2000, costumava trazer covers de hits do hard rock oitentista. Stix Zadinia, inclusive, foi o último a entrar para o grupo, em 2003; sua vaga era ocupada por Ray Luzier, hoje no Korn.

Parecia improvável que um projeto como este fizesse sucesso mundial. Mesmo o repertório autoral era marcado por músicas satíricas. Quem iria investir nisso?

A Republic Records, subsidiária da Universal, apostou suas fichas. O já mencionado primeiro álbum, “Feel the Steel”, chegou ao topo da parada americana Top Comedy Albums e conquistou disco de ouro no Reino Unido. Quase quinze anos depois, Zadinia reflete:

“Quando fizemos ‘Feel the Steel’, não estávamos procurando um contrato de gravadora, mas aí apareceram Monte Lipman e Avery Lipman (da Republic / Universal). Eles apostaram na gente, então, fizemos o mesmo. Juntamos as músicas, olhamos um para o outro e falamos: ‘não temos ideia de como isso vai ser’. Mas aí várias pessoas ouviram o disco e disseram: ‘espere aí, isso é novo, mas soa familiar e é bom’. Então, isso nos colocou em um caminho. Foi emocionante.”

*O Steel Panther se apresenta na Audio, em São Paulo, no próximo dia 19 de outubro. Ingressos estão à venda no site Ticket360.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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