Em 2022, os cinco artistas brasileiros mais ouvidos no Spotify no país eram do sertanejo. Entre as músicas e gêneros com maior popularidade, também figuraram o funk e o rap, enquanto o rock sequer apareceu em qualquer uma das primeiras posições. Há uma razão para isso, segundo Pitty.
A cantora foi a única atração brasileira no chamado “Dia do Rock” no palco principal do The Town, o Skyline. Na data, o lineup do espaço protagonista contou ainda com o headliner Foo Fighters, Garbage e Yeah Yeah Yeahs – substituindo Queens of the Stone Age. Já o palco secundário The One teve nomes como Wet Leg, Barão Vermelho (com Samuel Rosa) e Detonautas (com Vitor Kley).
Quando perguntada pelo Estadão sobre sua visão a respeito do atual cenário do rock brasileiro, considerando a escalação para o festival, a artista elencou os principais problemas do gênero e explicou porque, em sua visão, o rock ficou “estagnado”. Para ela, o aspecto “fechado” da cena é a principal razão.
“Sempre houve altos e baixos. De certa forma, o rock foi se tornando muito hermético. E isso o afastou das camadas mais populares. O purismo, o reacionarismo, ou o medo de ele se entregar para novas linguagem fez com que ele tivesse parado em um tempo e espaço que atende a um nicho, mas perde conexão com a contemporaneidade.
Eu não consigo ficar parada no que o rock era. Sou artista do meu tempo e do futuro. E não por necessidade de mercado. Tenho essa inquietude desde minha adolescência. Isso dá trabalho. Precisa ser feito com coerência artística. Mas, o que é o rock? Ele tem muito mais a ver com o conteúdo do que a forma, não é?”
Em seguida, Pitty abordou a dificuldade técnica em seguir na música mais pesada e como isso aparece na nova geração, mais próxima ao rap, trap, funk. Na opinião da artista, mesmo em meio às diferenças, o rock e o rap conseguem apresentar semelhanças em termos de significado.
“O rap e o rock têm muito a ver. Falo isso desde os anos 1990. É uma música de rua, de transgressão, de recolocação no mundo. Eles dialogam. Essa geração mais nova, por questão estética, se identifica muito mais com o rap, o trap e o funk. E há a questão da acessibilidade. Basta ter um software para fazer sua música. Para ter banda de rock, é preciso ensaiar, ter os instrumentos, alugar estúdio. Quando a tecnologia permitiu fazer música de dentro de um quarto, a possibilidade de se expressar se popularizou.”
Pitty atualmente
Nesta sexta-feira (6), Pitty lançou um novo projeto celebrando os 20 anos do seu primeiro álbum solo, “Admirável Chip Novo”: “Admirável Chip Novo (Re) Ativado”. A iniciativa saiu pela Deck Records e conta com reinterpretações das músicas do disco por ícones da música brasileira, como Sandy, Emicida e Ney Matogrosso.
Ela segue com a turnê “ACNXX”, que também comemora o aniversário do trabalho em questão, até dezembro. No ano que vem, é atração confirmada na I Wanna Be Tour, turnê itinerante que leva atrações nacionais e internacionais do pop punk/emo a algumas cidades do Brasil.
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Purista, reacionário? Hermético?
Mas, se perder suas características, deixa de ser rock não é mesmo?!
O Mundo mudou, a juventude mudou, a música mudou. O rock surgiu, já tem seu lugar no Mundo, seu nicho, não precisa mudar, é como o samba, a nossa nova, o jazz, o country, surgiu, se estabeleceu, já era. Não meche. Deixa como está. Fiquemos com os clássicos
*Bossa Nova
É um pouco irônico ela falar que o “rock” parou no tempo reciclando o trabalho dela de anos atrás, HOJE. É preciso aceitar que rock sempre foi nicho no Brasil (não me venha com aqueles grupinhos da década de 80, eles sempre foram pop com guitarras) e “mainstream” brasileiro sempre passeou por outros gêneros e estilos, e não há mal algum nisso.