Para a geração que começou a ouvir música nos anos 1990, era quase impossível dissociar a figura de Neil Young do Pearl Jam. O canadense realizou colaborações com a banda de Seattle em diferentes momentos, fosse em estúdio ou ao vivo. Mesmo quando distantes, Eddie Vedder e companhia fazem questão de exaltar o ídolo.
Um exemplo aconteceu em artigo escrito pelo guitarrista Stone Gossard ao Louder, site integrante do conglomerado que mantém as revistas Classic Rock, Metal Hammer e Prog. Em um longo texto, ele destacou:
“Para ser honesto, eu realmente não tinha ouvido Neil Young até que ele nos pediu para tocar com ele no álbum ‘Mirrorball’, em 1995. Isso teve um grande impacto sobre nós e foi um grande elogio. Quando resolvi ouvir todos os seus discos, eles simplesmente me surpreenderam. Mesmo os mais obscuros têm músicas que são tão lindas e comoventes que você não consegue acreditar que não foram grandes sucessos.”
Fica até difícil escolher um preferido. O jeito é escolher o favorito do momento.
“Tenho ouvido muito ‘Sleeps With Angels’ (1994), que é lindo. ‘Western Hero’ é maravilhosa, ‘Trans Am’ é incrível e ‘Change Your Mind’ é uma das músicas mais fantásticas já escritas, é simplesmente ridícula no jeito começa a subir em direção aos solos. E esse é um dos discos que as pessoas nem falam muito! Cada época de sua carreira é ótima e ele ainda está fazendo trabalhos legais e interessantes.”
A seguir, Stone passa para a exaltação em sua forma mais pura.
“Aprendemos muito com ele. Já o vi tocar 30 ou 40 vezes e sempre é uma aula. É o melhor compositor, cantor, guitarrista e paisagista sonoro, está naquela linha de Bob Dylan. A maneira como mixa aumentar distorção e feedback, blues, folk, rock, soul e noise é simplesmente inspirador. A maneira como cava os solos, apenas acelerando sua guitarra é magistral. E ele tem o groove mais pesado ao redor. Apenas se recosta e onde coloca o downbeat é tão bom, tão perfeito.
Além disso, a simplicidade de suas mudanças de acordes é incrível. Eu conversava com ele e dizia ‘Deus, Neil, estou tão animado, adoro aquela nova música em que você toca apenas três acordes’ e ele dizia ‘Você sabe que ultimamente tenho gostado apenas de dois acordes…’ e era como ‘Uau! Deus!’ Quando eu estava no ensino médio, Steve Turner, guitarrista do Mudhoney, me disse: ‘Não aprenda a tocar sua guitarra, não descubra, apenas monte uma banda e siga em frente’. Foi a coisa mais libertadora que eu fiz. Nunca na minha vida ouvi alguém falar sobre arte dessa maneira.
Então, quando Neil Young diz que você deveria se concentrar em escrever, mas usar apenas dois acordes, isso é incrivelmente libertador. Faz a música parecer que é para todos, não essa coisa complicada e intocável. Imagine se as pessoas soubessem que poderiam escrever uma música de sucesso depois de aprender um ou dois acordes, como isso seria libertador. Neil é velho, mas uma criança em termos de quão animado fica com a música. Ele é o máximo, não acho que alguém possa alcançá-lo. E é um cavalheiro, definitivamente um dos mocinhos.”
Sobre Neil Young
Nascido em Toronto, Canadá, Neil Percival Young é filho do conceituado jornalista Scott Alexander Young, que escreveu mais de 30 livros durante a carreira, sendo considerado ícone nacional.
Fã incondicional da primeira geração do rock, tocou em bandas locais até os anos 1960, quando seu mudou para os Estados Unidos e se juntou ao Buffalo Springfield. Entre a carreira solo e o Crazy Horse, lançou quase 40 discos. Também gravou com The Bluenotes, Promise Of The Real e Booker T. & The MG’s.
Participou de um dos primeiros supergrupos da história ao se juntar a David Crosby, Stephen Stills e Graham Nash no CSNY. Entre brigas, trocas de farpas e reconciliações, a parceria durou até 2015.
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