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5 discos para conhecer Mikkey Dee fora do Motörhead

Carreira diversificada do baterista sueco traz colaborações em discos notórios ao lado de renomados nomes do rock e metal

Nascido em 31 de outubro de 1963 em Gotemburgo, Suécia, Michail Kiriakos Delaoglou — posteriormente conhecido como Mikkey Dee — sempre teve como objetivo ser um atleta, não um baterista. Tocar bateria era mais um hobby para ele.

Quando se tornou adolescente e passou a atender pela alcunha que todos sabemos, isso simplesmente mudou. “Eu praticava esportes seis dias por semana”, conta ele em entrevista ao All About the Rock. “Até que a música simplesmente tomou conta e me levou por um caminho diferente.”

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Em 1985, aos 21 anos, depois de reunir certa experiência espancando peles na banda Geisha, Dee se juntou ao recém-formado King Diamond, a bordo do qual gravou quatro álbuns até sua saída, em 1989. Também quebrou galhos para Nadir e Don Dokken antes de se juntar ao Motörhead e ficar conhecido como “o” baterista do Motörhead.

De 1992 a dezembro de 2015, Dee tocou em 13 álbuns da banda liderada pelo saudoso Lemmy Kilmister. Quando perguntado durante uma entrevista ao Paiste.com em que período ele mais gostou de tocar com eles, Mikkey disse:

“Cada dia que tive com o Motörhead foi único. Claro, no início era tudo novo e tudo eram flores. Me dediquei muito à banda desde o primeiro dia. Era fácil, no entanto, trabalhar duro com esses caras. Tivemos nossos altos e baixos, mas sempre passávamos por cima. E eu gostava disso. Nunca nos acomodamos ou nos demos por satisfeitos. Estávamos evoluindo a cada disco e a cada turnê, e acho que isso é superimportante.”

Dee foi oficializado como membro do Scorpions em 2016 e tem feito turnês pelo mundo desde então. Segundo ele, tocar com o grupo alemão é “muito mais exigente fisicamente” do que tocar com o Motörhead jamais foi.

Como sua folha corrida além do Motörhead não é das mais extensas, não há muitos álbuns elegíveis para esta lista de 5 discos, mas aqui estão as nossas escolhas:

5 discos para conhecer Mikkey Dee

King Diamond – “Abigail” (1987)

Seja como líder do Mercyful Fate, seja reinando absolutamente como contador de histórias de horror aterrorizantes na banda que leva seu nome, King Diamond se estabeleceu como um dos frontman mais carismáticos e inegavelmente assustadores do heavy metal.

Considerado por muitos como o álbum mais poderoso já gravado por ele, “Abigail” contém toda a intensidade macabra do material do Mercyful Fate, ampliada pela habilidade musical verdadeiramente superior dos músicos envolvidos. O time inclui o brilhante guitarrista Andy LaRocque e Mikkey Dee, na época com 24 anos, mas já uma fera incontrolável na bateria.

Recentemente adaptado em uma graphic novel, “Abigail” apresenta uma intrincada trama de personagens e reviravoltas, sagrando-se como o primeiro de muitos álbuns conceituais de King Diamond. Também serviu como veículo para o primeiro single e videoclipe de sucesso da banda: “The Family Ghost”.

Don Dokken – “Up from the Ashes” (1990)

Era para ter sido o sexto álbum de estúdio do Dokken, mas questões legais impediram Don Dokken de lançá-lo como tal. Assim, “Up from the Ashes” se tornou o disco de estreia do vocalista.

Para a empreitada, ele reuniu uma equipe de primeira para acompanhá-lo, tanto em estúdio quanto na subsequente e curtíssima turnê: John Norum, do Europe, e Billy White, do Watchtower, nas guitarras; Peter Baltes, do Accept, no baixo; e Mikkey Dee, na bateria. Isso sem contar os backing vocals não creditados de Glenn Hughes e as contribuições pontuais do baixista Tony Franklin e do baterista Ken Mary, que toca em uma única música, “The Hunger”.

Embora tenha ficado longe de repetir o sucesso comercial de álbuns como “Tooth and Nail” (1984), “Under Lock and Key” (1985) e “Back for the Attack” (1987) — que venderam milhões de cópias —, “Up from the Ashes” entrou no top 50 da Billboard. Os videoclipes gravados para “Mirror, Mirror” e “Stay” conquistaram um lugar na programação da MTV na época, garantindo a Don o espaço televisivo que seus ex-companheiros de Dokken foram incapazes de conseguir com o Lynch Mob.

Helloween – “Rabbit Don’t Come Easy” (2003)

Aqui está outro álbum em que Mikkey Dee não gravou todas as músicas. Como não conseguiram encontrar um baterista permanente, o plano original do Helloween para o seu décimo álbum de estúdio era usar o inglês radicado na Grécia, Mark Cross, como músico contratado.

No entanto, após gravar “Don’t Stop Being Crazy” e “Listen to the Flies”, Cross adoeceu gravemente e teve que abandonar o projeto. A banda foi levada a contar com a batida pesada de Dee nas dez faixas restantes.

Embora os fãs o considerem um dos álbuns mais monótonos da carreira do grupo, “Rabbit Don’t Come Easy” não só reconstrói uma imagem danificada — agravada pela má recepção de seu antecessor, “The Dark Ride” (2000) —, como também impulsiona uma nova fase ao mostrar os primeiros sinais do caminho estilístico a ser tomado dali em diante.

Faltam os chamados hinos — não é à toa que suas músicas são praticamente esquecidas nos repertórios ao vivo —, mas exceto talvez pelo refrão reggae de “Nothing to Say”, responsável por desencadear a indignação dos puristas, ou pela experimental “The Tune”, não há nenhum deslize muito grave. E “Hell Was Made in Heaven” é uma amostra de que o baixista Markus Grosskopf talvez devesse compor mais para a banda.

Nanne – “My Rock Favourites” (2011)

Embora pouquíssimas pessoas a conheçam fora da Suécia, a cantora Nanne é um fenômeno em sua terra natal. Casada com Peter Grönvall (filho de Benny Andersson, do Abba) desde 1994, ela integrou, sempre com o marido, os conjuntos pop Sound of Music, Peter’s Pop Squad e, finalmente, One More Time, cujo maior sucesso foi a canção “Den Vilda” em 1996.

Voando solo desde 1998, Nanne já lançou sete álbuns, e foi no sexto deles, “My Rock Favourites” (2011), que Mikkey Dee contribuiu com seu talento. Ao lado dele, nomes como Joacim Cans, vocalista do HammerFall, a violinista Linda Lampenius e os integrantes da banda de funk metal Clawfinger ajudaram a cantora em versões de clássicos do rock, como “Thunderstruck” (AC/DC), “Should I Stay Or Should I Go” (The Clash) e “Heaven’s on Fire” (Kiss).

Scorpions – “Rock Believer” (2022)

O 19º álbum de estúdio do Scorpions foi o primeiro e ainda é o único com Mikkey Dee na bateria. Embora tenha se juntado aos alemães em setembro de 2016, mais de cinco anos se passariam até que pintasse a oportunidade de gravar em estúdio. E sua estreia não poderia ter sido mais com o pé direito.

“Rock Believer” marca uma muito desejada — e improvável — volta triunfante à sonoridade clássica da banda, colocando um ponto-final na sequência de álbuns “meio barro meio tijolo” iniciada com o pavoroso “Eye II Eye” (1999).

O disco basicamente veta as baladas emotivas/afetadas/trilha sonora de novela da Globo pelas quais o Scorpions ficou conhecido em favor de hard rocks enérgicos como “Gas in the Tank” e a faixa-título, ambas feitas sob medida para o palco; tanto que foram tocadas em todas as datas da turnê mundial que sucedeu ao lançamento do trabalho.

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Marcelo Vieira
Marcelo Vieirahttp://www.marcelovieiramusic.com.br
Marcelo Vieira é jornalista graduado pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso (FACHA), com especialização em Produção Editorial pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Há mais de dez anos atua no mercado editorial como editor de livros e tradutor freelancer. Escreve sobre música desde 2006, com passagens por veículos como Collector's Room, Metal Na Lata e Rock Brigade Magazine, para os quais realizou entrevistas com artistas nacionais e internacionais, cobriu shows e festivais, e resenhou centenas de álbuns, tanto clássicos como lançamentos, do rock e do metal.

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