Tocar em estúdio é chato, diz guitarrista do Kansas

Rich Williams revelou preferir a tensão inerente à performances ao vivo, dizendo que a adrenalina dos shows é crucial

Existe uma diferença fundamental entre show e estúdio em termos de música — daí vem a expressão “quem sabe, faz ao vivo”. Uma pessoa adepta desse mantra é o guitarrista do Kansas, Rich Williams.

Em entrevista ao Radio Artifact (transcrição via Killer Guitar Rigs), o músico revelou não ser muito fã de gravar num ambiente fechado. Na ocasião, ele foi perguntado sobre a razão pela qual os discos ao vivo do Kansas soam tão bons quanto os de estúdio. A resposta foi:

“A gente adiciona umas coisinhas a alguns arranjos aqui e ali, mas pessoalmente sempre preferi a experiência ao vivo. Trabalhar em estúdio é divertido de vez em quando, mas na maioria das vezes é bem clínico e chato. É meio que uma linha de montagem pra gravar tudo. Enquanto isso, o disco ao vivo é 1, 2, 3 e já.”

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Williams aponta que a adrenalina envolvida na apresentação ao vivo faz com que o resultado seja mais autêntico. E tudo isos vem de um sentimento inerente ao ser humano.

“Tem… não existe outra palavra pra descrever: tem medo. [risos] É tipo: ‘não faça m#rda, não faça m#rda, não faça m#rda’. Isso traz uma certa tensão para aquilo, mas acho que é crucial. Isso faz a canção melhor do que uma faixa de estúdio.”

Kansas e novo material

Na mesma conversa, Rich Williams também falou sobre a situação atual do Kansas com relação a novo material. “The Absence of Presence”, álbum mais recente, saiu em 2020. A resposta foi franca:

“Hoje fazemos novas músicas pela necessidade artística, pois não gera mais qualquer lucro. O produto físico sequer faz parte real do mercado atualmente. Há os colecionadores de vinil, mas é um grupo pequeno, nem cobre os custos gerados pelas gravações. A principal fonte está nos downloads ou coisas tipo o Spotify. Eles encontraram uma maneira de monetizar até certo ponto, mas nada como era antes da internet.”

Sendo assim, Rich ainda considera a possibilidade de quebrar o hiato de 3 anos sem material inédito da banda?

“Eu diria que, para gravar um álbum, você tem que realmente querer fazê-lo, porque não há recompensa. Você precisa levar em conta a necessidade criativa e querer permanecer relevante para seus fãs, que são coisas muito importantes.”

Ao menos a banda segue se apresentando e alcançando novas gerações de fãs, que sequer eram nascidas no auge do sucesso. Alguns, inclusive, os conheceram justamente pelas novas tecnologias, incluindo games como o “Guitar Hero”, onde suas músicas estão presentes.

“A parte divertida é justamente estar na estrada e nos palcos. Essa é a alegria de tudo, a recompensa. O processo de gravação às vezes é longo, doloroso, chato e tudo mais. Ao vivo é onde sempre nos encontramos.”

Kansas e “The Absence of Presence”

Como já destacado, o álbum de estúdio mais recente do Kansas, “The Absence of Presence”, saiu em julho de 2020.

O trabalho marcou a estreia do tecladista Tom Brislin, além do último a contar com o guitarrista Zak Rizvi e o violinista David Ragsdale. Obteve maior repercussão na Europa do que nos Estados Unidos.

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Pedro Hollanda
Pedro Hollanda
Pedro Hollanda é jornalista formado pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso e cursou Direção Cinematográfica na Escola de Cinema Darcy Ribeiro. Apaixonado por música, já editou blogs de resenhas musicais e contribuiu para sites como Rock'n'Beats e Scream & Yell.

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