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Dee Snider anuncia HQ sobre embate com a PMRC nos anos 1980

Obra tem prefácio escrito pelo guitarrista Tom Morello e chega às lojas internacionais no dia 21 de novembro

Dee Snider, vocalista do Twisted Sister, lançará uma história em quadrinhos. Chamada “He’s Not Gonna Take It”, a obra relembrará o embate do artista, junto de Frank Zappa e John Denver, com o comitê Parents Music Resource Center (PMRC) na década de 1980. 

Steve Kurth, conhecido pelo trabalho em quadrinhos como “Os Vingadores” e “Homem de Ferro”, ficou a cargo das ilustrações. Já Frank Marraffino, autor das edições de “Marvel Zombies”, colaborou na parte escrita. 

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“He’s Not Gonna Take It”, anunciada em junho do ano passado, sai internacionalmente no dia 21 de novembro pela editora Z2 Comics e conta com um prefácio assinado pelo guitarrista Tom Morello – divulgado pela revista Rolling Stone. Diz a introdução:

“A aparição heroica de Dee Snider perante um comitê do Congresso em 1985 para se levantar contra a censura foi um grande marco no ativismo dos músicos. Ele surpreendeu o Congresso e o mundo ao falar de forma poderosa e eloquente sobre liberdade de expressão enquanto parecia o demônio do heavy metal durão que ele é. Sua posição firme a respeito de sua música, vista também no tribunal, foi muito inspiradora para mim, eu estava tão orgulhoso dele naquele dia, e ainda estou. Está tudo bem tocar música pesada, ser inteligente, ser você mesmo e defender o que você acredita.”

Foto: Z2 Comics

Conforme comunicado anterior, o material também abordará outras facetas da vida de Snider:

“Essa nova história em quadrinhos traça a guerra de um homem só vista ao longo da vida de Dee. Desde uma infância onde ele foi frequentemente silenciado, passando pelos primeiros esforços para reprimir a música de sua banda, até a guerra aberta contra o PMRC em Washington DC, e seus esforços atuais nas redes sociais, ‘He’s Not Gonna Take It’ conta a história do porquê a liberdade de expressão é muito importante para esse homem que sempre lutou por ela – mesmo quando isso colocou em risco tudo o que era importante para ele.”

Confira mais imagens a seguir.

Foto: Z2 Comics
Foto: Z2 Comics
Foto: Z2 Comics
Foto: Z2 Comics
Foto: Z2 Comics
Foto: Z2 Comics
Foto: Z2 Comics

O frontman já havia disponibilizado o livro de crônicas “Teenage Survival Guide: Or How To Be A Legend In Your Own Lunch Time” (1987, reeditado em 2019) e a autobiografia “Shut Up and Give Me the Mic” (2012). Atualmente, trabalha em um romance sobre masculinidade tóxica, “Frats”, sem previsão de lançamento. 

Dee Snider e a batalha contra o PMRC

Formado nos Estados Unidos em 1985, o Parents Music Resource Center (PMRC) foi criado por quatro mulheres chamadas de “Washington Wives”, ou “Esposas de Washington”, em referência às posições ocupadas por seus maridos em Washington, capital dos Estados Unidos.

A ideia da comissão era provocar o aumento do controle dos pais com relação ao acesso de crianças e adolescentes a músicas consideradas “subversivas”, com base nas letras. Discos que contivessem canções com temáticas supostamente relacionadas a sexo, violência ou uso de drogas receberiam um selo com os dizeres “Parental advisory: explicit content” — em tradução livre, “Aviso aos pais: conteúdo explícito” —, além de uma descrição sobre o assunto das composições.

O PMRC recomendou que a indústria musical como um todo desenvolvesse o selo “Parental advisory” de forma voluntária. O comitê também sugeriu que lojas escondessem capas consideradas explícitas, canais de TV não veiculassem músicas e clipes considerados explícitos e gravadoras “reconsiderassem” os contratos de artistas que fizessem shows “violentos” ou “sexuais”.

Além disso, o PMRC lançou uma lista de 15 músicas chamada “The filthy fifteen” – algo como “As 15 imundas” -, onde apresentava as canções populares consideradas mais subversivas. Entre elas, figurava “We’re Not Gonna Take It”, do Twisted Sister, por uma alegada violência.

A proposta de inserir os selos de aviso nas capas dos álbuns foi aceita por 19 gravadoras, além da Recording Industry Association of America (RIAA), que regula a indústria fonográfica por meio da certificação de discos e singles de ouro e platina nos Estados Unidos. Antes da implementação, o Senado dos Estados Unidos promoveu, em 19 de setembro de 1985, uma audiência sobre o tema, que eles chamavam de “porn rock” / “rock pornô”. 

Três músicos foram convidados para a ocasião: Frank Zappa, John Denver e Dee Snider, vocalista do Twisted Sister. Do “outro lado”, estavam os senadores Paula Hawkins e Al Gore, além de representantes do PMRC e outros convidados.

Apesar do visual provocar uma primeira imagem diferente (os outros músicos estavam de terno enquanto ele chegou de camiseta regata e calça jeans), Snider exerceu sua defesa com propriedade. Em relação à “We’re Not Gonna Take It”, categorizada como “violenta” pelo comitê, afirmou que houve confusão com a mensagem da letra e o roteiro do clipe: 

“O vídeo foi simplesmente feito para ser como um ‘desenho’ com atores humanos representando variações das animações de ‘Papa-Léguas e Coiote’. Cada acrobacia foi selecionada de minha extensa coleção de fitas com desenhos animados.”

Ele também mencionou a música “Under the Blade”, que o PMRC dizia se tratar de “estupro e sadomasoquismo”, e explicou que, na verdade, a composição foi inspirada em uma cirurgia que um dos guitarristas do Twisted Sister, Eddie Ojeda, fez. Ainda negou que o Twisted Sister estivesse vendendo camisetas com mulheres sadomasoquistas algemadas e destacou que o PMRC já estava aplicando censura antes mesmo dos selos chegarem às capas dos discos.

Apesar da audiência ter mostrado que a proposta era absurda, o PMRC conseguiu implementar o selo “Parental advisory” nas capas de discos – a RIAA havia concordado antes mesmo do debate no Senado. A partir do dia 1° de novembro de 1985, obras consideradas subversivas pelo comitê, sem critério público informado e sob a interpretação apenas dos integrantes, ganhariam o aviso.

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Maria Eloisa Barbosa
Maria Eloisa Barbosahttps://igormiranda.com.br/
Maria Eloisa Barbosa é jornalista, 22 anos, formada pela Faculdade Cásper Líbero. Colabora com o site Keeping Track e trabalha como assistente de conteúdo na Rádio Alpha Fm, em São Paulo.

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