O Rush ficou conhecido por apresentar composições bem complexas. Além das letras bem pensadas do baterista Neil Peart, todo o instrumental era devidamente arranjado com passagens elaboradas, onde os integrantes desfilavam suas habilidades.
O auge disso se deu no álbum “Hemispheres” (1978). Em entrevista à Rolling Stone em 2021, o vocalista e baixista Geddy Lee comentou os bastidores da gravação de uma das músicas mais complexas do grupo: “La Villa Strangiato”, faixa instrumental de mais de 9 minutos presente disco citado.
“Foi muito difícil tocar aquela música quando a criamos. Não conseguíamos terminar. A gente ficava se atrapalhando porque há tantos detalhes, tantas mudanças rítmicas. Novamente, nós criamos aquela sincronia, então não sei como descrever esse processo realmente.”
Lee destacou ainda sua dinâmica de trabalho com Peart, falecido em janeiro de 2020.
“Conforme trabalhava em um trecho, notava a intimidade com o que ele [Peart] tocava. Tentamos ter certeza de que podíamos ouvir um ao outro. Se eu fazia algo diferente, ele pensava: ‘oh, gosto disso, vou por esse caminho’. E vice-versa. Foi assim que construímos a música. Depois, tentávamos nos lembrar da bendita, o que não é tão fácil.”
Neil Peart nos bastidores do Rush
Na mesma entrevista, Geddy Lee comentou como era trabalhar com Neil Peart no dia-a-dia do Rush. O relato indica que o baterista era difícil de ser dissuadido, mas cedia quando via confiança e firmeza nos colegas de trabalho.
“Ele poderia ser rígido e inabalável em certos assuntos. Mas eu costumava dizer aos produtores com quem trabalhávamos: apenas seja honesto com ele. Se você está tentando convencê-lo a fazer algo, primeiro precisa se explicar muito bem. Se não se explicar bem, você perde. Tínhamos confiança um no outro e nos amávamos. Eu sabia disso, Alex [Lifeson, guitarra] também. Mas há momentos em que você está em desacordo. Então você tinha que defender seu lado. Se fizesse isso bem, ele entenderia. E era assim a vida com ele.”
Por fim, o músico revelou que nos momentos de discordância de Peart, eles buscavam um meio termo que agradasse a todos.
“Às vezes ele insistia que: ‘não, eu não concordo com você e isso não é legal para mim’. Nós apenas concordamos em discordar e talvez aquela parte musical não levasse a lugar nenhum, talvez não a usássemos. Oirpen, na maioria das vezes, encontramos um ponto que agradasse a todos.”
Sobre “La Villa Strangiato”
Faixa de encerramento do álbum “Hemispheres”, “La Villa Strangiato” é a primeira música inteiramente instrumental do Rush. “La Villa Strangiato” Traz o subtítulo “An Exercise in Self-Indulgence” e é inspirada em um sonho que o guitarrista Alex Lifeson teve, com cada uma das 12 etapas da composição correspondente a algum momento disso. A divisão ocorre da seguinte forma:
I: “Buenas Noches, Mein Froinds!” (0:00–0:26)
II: “To sleep, perchance To dream…” (0:27–1:59)
III: “Strangiato theme” (2:00–3:15)
IV: “A Lerxst in Wonderland” (3:16–5:48)
V: “Monsters!” (5:49–6:09)
VI: “The Ghost of the Aragon” (6:10–6:44)
VII: “Danforth and Pape” (6:45–7:25)
VIII: “The Waltz of the Shreves” (7:26–7:51)
IX: “Never turn your back on a Monster!” (7:52–8:02)
X: “Monsters! (Reprise)” (8:03–8:16)
XI: “Strangiato theme (Reprise)” (8:17–9:20)
XII: “A Farewell to Things” (9:20–9:37)
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