O álbum do Black Sabbath que Geezer Butler mais curtiu fazer

Após discos gravados em ritmo alucinante, o grupo finalmente teve tempo de sentar, relaxar e prestar atenção no que fazia

Não é incomum para artistas demonstrarem preferência por discos baseado na experiência de criação do trabalho. É o caso de Geezer Butler, baixista do Black Sabbath.

Em entrevista ao Full Metal Jackie promovendo seu livro de memórias, “Into the Void: From Birth to Black Sabbath and Beyond”, o músico resolveu falar sobre qual o álbum da banda foi seu preferido de gravar. A escolha recaiu em um trabalho do período clássico, mas que nem sempre é citado como o melhor por parte dos fãs.

“Acho que para mim foi ‘Sabbath Bloody Sabbath’. Porque tivemos uma experiência mais relaxada fazendo ele. Com os dois primeiros discos, o primeiro álbum foi feito em dois dias. ‘Paranoid’ ficou pronto em cinco. Então não tinha tempo de relaxar, sentar e escutar o que estávamos fazendo. E com ‘Sabbath Bloody Sabbath’, a gente fez tudo bem mais devagar.”

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A calma para poder trabalhar no material se deu pelo sucesso conquistado anteriormente.

“Era uma excelente época para fazer parte do Sabbath porque havíamos nos estabelecido. A gente tinha algum dinheiro no banco e as coisas estavam ótimas. Era muito bom. Todo mundo estava aproveitando estar junto. Então sim, aquele álbum traz lembranças felizes.”

Black Sabbath e “Sabbath Bloody Sabbath”

Quinto álbum de estúdio do grupo, “Sabbath Bloody Sabbath” foi disponibilizado em novembro de 1973. Seu processo de composição e gravação se deu durante estadia no castelo de Clearwell, localizado na floresta de Dean, em Gloucestershire.

Apesar de ter sido construído no século 18, o castelo de Clearwell tentava recriar o ambiente de um castelo medieval, com direito a masmorras – onde a banda ensaiava – e uma sala de armas, entre outros lugares. E como todo bom castelo inglês, o local tinha também seu próprio fantasma.

Fim da calmaria

Infelizmente, esses bons tempos não duraram muito. Logo, o Black Sabbath descobriu que seu empresário, Patrick Meehan, estava roubando dinheiro deles

Em “Black Sabbath: A Biografia”, de Mick Wall, Ozzy Osbourne descreveu o momento quando começou a suspeitar de Meehan:

“De repente me ocorreu, quando fui ao escritório [em Londres] um dia e [Patrick Meehan] tinha um quarteirão inteiro de escritórios e Rolls-Royces para dias diferentes e toda essa m#rda e agências diferentes e sei lá mais o quê. E não é preciso ser um gênio para pensar: ‘espera lá, ele tem quatro Rolls-Royces agora e eu ainda ando com um VW’, ou algo assim.”

A banda toda começou a fazer perguntas acerca do estado das finanças para Meehan, mas nunca recebiam uma resposta concreta. Quando finalmente descobriram a dimensão da roubalheira, se viram confrontados com uma verdade horrível: tudo deles, de carros e apartamentos até a própria música gravada, era propriedade de Meehan e sua agência, a Worldwide Artists. Isso tumultou bastante o processo de gravação do álbum seguinte, “Sabotage” (1975).

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Pedro Hollanda
Pedro Hollanda
Pedro Hollanda é jornalista formado pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso e cursou Direção Cinematográfica na Escola de Cinema Darcy Ribeiro. Apaixonado por música, já editou blogs de resenhas musicais e contribuiu para sites como Rock'n'Beats e Scream & Yell.

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