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A forte crítica de Morrissey à mídia após morte de Sinéad O’Connor

Em texto, eterno vocalista do The Smiths refletiu sobre rótulos colocados na artista enquanto viva e desprezo da indústria pela carreira dela

Sinéad O’Connor morreu aos 56 anos na última quarta-feira (26). Para além do trabalho na música — que incluiu o lançamento de dez álbuns de estúdio —, a artista ficou conhecida pelo ativismo em apoio às mulheres, contra o abuso infantil e em favor dos direitos humanos.

Na opinião de Morrissey, não adianta destacar esses feitos apenas agora. Isso porque, segundo o eterno vocalista do The Smiths, a cantora não recebeu o reconhecimento merecido enquanto viva.

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Por meio de um texto em seu site, ele refletiu não só sobre a reação da mídia depois do falecimento da irlandesa, como também o descaso da indústria perante a carreira dela, comparando ainda a situação com suas próprias vivências. Primeiramente, escreveu:

“Ela tinha muito de si mesma para dar. Ela foi abandonada por sua gravadora depois de vender para eles 7 milhões de álbuns. Ela ficou louca sim, mas nunca desinteressante. Não tinha feito nada de errado. Tinha uma vulnerabilidade orgulhosa e há um certo ódio da indústria musical por cantores que não ‘se encaixam’ no padrão (isso eu conheço muito bem) e eles nunca recebem elogios até as suas mortes – quando, finalmente, não podem dar uma resposta.” 

Depois, o artista pontuou os rótulos colocados em sua colega de profissão por conta de sua bipolaridade, depressão e opiniões e as consequências de tais atitudes na vida da cantora. Em 2021, por exemplo, ela chegou a anunciar a aposentadoria após ser chamada de “a mulher louca do pop” – voltando atrás na decisão.

“O cruel cercadinho da fama rasga elogios para Sinéad hoje, a chamando de ‘ícone’ e ‘lenda’. Vocês a elogiam agora só porque é tarde demais. Vocês não tiveram a coragem de apoiá-la quando ela estava viva e precisava de vocês. A imprensa rotula os artistas como pragas por causa do que eles escondem. Chamavam Sinéad de triste, gorda, escandalosa, louca… Mas hoje não! CEOs de música que haviam dado um sorriso charmoso quando a desprezaram estão fazendo fila para chamá-la de ‘ícone feminista’. Celebridades passageiras, pessoas ruins e gravadoras que pregam artificialmente a diversidade estão competindo no Twitter com sua conversa fiada, sendo que foram vocês que falaram para Sinead desistir. Porque ela se recusou a ser rotulada e foi destruída, pois aqueles poucos que movem o mundo são sempre destruídos.”

Morissey, Sinéad O’Connor e outras perdas

Por fim, mesmo que ainda não existam mais informações a respeito do óbito, Morrissey comparou a morte de Sinéad O’Connor com a de Judy Garland, Whitney Houston, Amy Winehouse, Marilyn Monroe e Billie Holiday, ocasionadas por drogas e álcool. Mais uma vez, citou a mídia e os elogios à cantora diante de sua passagem. 

“Por que vocês estão surpresos com a morte de Sinéad O’Connor? Quem se importou o suficiente para salvar Judy Garland, Whitney Houston, Amy Winehouse, Marilyn Monroe, Billie Holiday? O que você faz quando a morte pode ser o melhor caminho? Essa loucura musical valeu a vida de Sinéad? Não, não valeu. Ela representava um desafio e não podia ser colocada em uma caixa. Ela tinha a coragem de falar quando todos os outros ficavam em silêncio. Ela foi assediada simplesmente por ser ela mesma. Seus olhos finalmente se fecharam para procurar uma alma que ela pudesse chamar de sua. Como sempre, a mídia tradicional perdeu a oportunidade e, de queixo caído, voltou falando os insultuosamente estúpidos ‘ícone’ e ‘lenda’, quando na semana passada palavras muito mais cruéis e desdenhosas teriam sido proferidas. Amanhã os bajuladores voltam a fazer seu posts online de m#rda e voltam para a sua confortável cultura do cancelamento, sua superioridade moral e seus obituários que repetem as coisas como papagaios… tudo isso te pega em dias como hoje… quando Sinéad não precisa da sua porcaria inútil.”

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Maria Eloisa Barbosa
Maria Eloisa Barbosahttps://igormiranda.com.br/
Maria Eloisa Barbosa é jornalista, 22 anos, formada pela Faculdade Cásper Líbero. Colabora com o site Keeping Track e trabalha como assistente de conteúdo na Rádio Alpha Fm, em São Paulo.

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