Muitas pessoas nem se deram conta à época, mas Vinnie Vincent foi um dos responsáveis por inaugurar a era dos shredders no hard rock americano. Sua entrada no Kiss apresentou uma nova abordagem ao estilo de guitarra característico do grupo, bastante influenciado pelos pioneiros Eddie Van Halen e Randy Rhoads.
A personalidade genial também era geniosa, o que se comprovou uma mistura explosiva nos anos seguintes. Porém, o instrumentista angariou uma legião de fãs pelo caminho. A Guitar World selecionou 10 de seus grandes momentos de brilho solo. São eles, com os devidos comentários da publicação (em momentos da mais pura truezice textual oitentista):
10. Kiss – Killer (1982): “Vincent mostrou seu valor como um novo senhor do shred – embora de uma forma ligeiramente contida – ao longo do LP do Kiss de 1982, ‘Creatures of the Night’. Embora muitos dos solos sejam memoráveis, nenhum possui tanto da grandeza e do brilho da marca registrada de Vincent quanto a quebra principal que destaca a penúltima faixa do álbum, ‘Killer’. Apresentando o tom gutural de Vincent, rápidos arabescos e alguns swells monstruosos para garantir, foi um prenúncio do que estava por vir.”
9. Kiss – Young and Wasted (1983): “Como um recém-chegado durante as sessões de ‘Creatures’, Vincent talvez tenha se contido, mesmo que apenas um pouco. Mas uma vez que as sessões de ‘Lick it Up’ estavam em andamento, ficou claro que ele se sentia bem e confortável nas fileiras do Kiss. Ou, talvez, sua confiança anulou o desgosto de seus companheiros de banda. Independentemente disso, simplesmente não há como negar que o disco – que encontrou os titãs do hard rock publicamente sem maquiagem pela primeira vez – tem a marca de Vincent por toda parte. A penúltima faixa do primeiro lado do LP, ‘Young and Wasted’, apresenta uma peça particularmente saborosa de guitarra solo do hair metal nela.”
8. Vinnie Vincent Invasion – Back on the Streets (1986): “Lord Vinnie pode não ter tido sorte no Kiss, mas não demorou muito para que quebrasse as fileiras, levando seus talentos para o caminho da autoexploração. O primeiro exemplar de seu catálogo reconhecidamente curto de façanhas solo foi a estreia do Vinnie Vincent Invasion. E se você pensou que os licks de Vincent com Kiss eram selvagens, oh cara, você vai se deliciar – ou se chocar. O mais memorável é a natureza exagerada do álbum. Não há melhor exemplo dessa grandiosidade do que a faixa ‘Back on the Streets’, que abriga uma das exibições de tirar o fôlego da loucura de seis cordas de Vincent.”
7. Vinnie Vincent Invasion – Breakout (1988): “Uma das melhores partes do estilo de guitarra de Vinnie Vincent era sua qualidade única. Claro, você poderia dizer que era ‘apenas mais um shredder’. Para ser justo, você não estaria errado, por si só. Mas novamente, porém, não há como negar que até hoje – quando você ouve o homem tocar – para o bem ou para o mal, você com certeza sabe que é ele. Dito isso, quando você dá um passo atrás para observar casualmente as paisagens sonoras despreocupadas que Vincent criou em canções como ‘Breakout’ – do álbum de 1988 ‘All Systems Go’ – talvez deva aproveitar o esplendor com foco renovado e mentalidade ligeiramente diferente. Ou você pode considerá-lo pelo valor: um produto sublime, mas totalmente balístico de seu tempo.”
6. Kiss – A Million to One (1983): “A expressão ‘de bom gosto’ raramente é usada quando refletimos sobre Vinnie Vincent e sua forma de tocar. No entanto, aqui estamos nós, chamando disso o solo do Ankh Warrior em ‘A Million to One’. Não nos leve a mal, há muitos toques de assinatura de Vincent aqui – riffs pesados e um solo que cospe sua cota de veneno nocivo. Ainda assim, há o que se pode chamar de uma abordagem mais suave (ainda que errática) do que pode ser encontrada em qualquer um dos outros solos de Vincent nos tempos de Kiss.”
5. Vinnie Vincent Invasion – Boyz Are Gonna Rock (1986): “Os fãs das façanhas de Vincent nos anos 80 vão se lembrar do videoclipe absolutamente ridículo, mas cativante, de ‘Boyz Are Gonna Rock’. O elemento mais cativante da música, no entanto, é o solo fragmentado bem no meio. Poucos demônios são invocados do inferno com uma Jackson V branca como gelo na mão como Vincent faz aqui. E não se engane, ele está em ótima forma. A exibição de bombástico absoluto, juntamente com precisão incomparável, faz do solo de ‘Boyz Are Gonna Rock’ um dos mais memoráveis de Vincent.”
4. Vinnie Vincent Invasion – Animal (1986): “Em geral, Vincent mostrou flagrante desrespeito à moderação, sutileza ou qualquer forma de respeito pelo bem-estar da audição de seu ouvinte. Em vez disso, esmaeceu seus Marshalls dentro de uma polegada de sua capacidade, empurrando bocados de ar enquanto fornecia ondas de turbulência através de seu teatro de seis cordas. Parece muito legal, certo? Bem, foi… como evidenciado pela brutalidade pecaminosa que serve como solo de Vincent em ‘Animal’. Cuidado, ouvinte: este não é para os fracos de coração. Também não é para aqueles que valorizam momentos tranquilos gastos em reflexão cuidadosa.”
3. Vinnie Vincent Invasion – Ashes to Ashes (1988): “Ainda outro exemplo da busca de grandeza através do uso de uma V rosa neon, ‘Ashes to Ashes’ é facilmente um dos solos mais altos de Vincent. Embora as reflexões muitas vezes levassem a meandros aparentemente sem objetivo, se você conseguir deixar de lado um pouquinho do narcisismo da marca dos anos 80, há pedaços de melodia e musicalidade a serem colhidos. Um verdadeiro retrato instantâneo do virtuosismo dos anos 80.”
2. Kiss – Fits Like a Glove (1983): “Quando se olha para trás na história do Kiss, a palavra ‘demoníaco’ é geralmente associada ao baixista tagarela da banda, Gene Simmons, ao invés de façanhas relacionadas à guitarra. No entanto, o tom de Vincent no que se tornou conhecido como um dos melhores cortes do grupo nos anos 80, ‘Fits Like a Glove’, só pode ser descrito assim. Os riffs cheios de raiva são matadores, sem fillers. O solo é inspirador, com técnica sofisticada. É um excelente exemplo do que o guitarrista era capaz quando pegou seu dom de composição e o aplicou diretamente em seus solos. Sem dúvida, ‘Fits Like a Glove’ apresenta o melhor solo que Vincent gravou enquanto estava com o Kiss. Mas não é o seu melhor em geral…”
1. Vinnie Vincent Invasion – Heavy Pettin’ (1988): “Podemos pensar no que poderia ter acontecido se Vincent tivesse escolhido o caminho seguro. Também podemos supor as razões pelas quais ele não o fez. Mas, no final das contas, você gostaria de ouvir a forma de tocar de Vinnie Vincent assumir outra forma que não a histeria geral? Achamos que não. Com isso em mente, apontamos para o solo ofuscante que Vincent estabelece em ‘Heavy Pettin’. Retirado do disco de 1988 da Vinnie Vincent Invasion, ‘All Systems Go’ é algo fora dos trilhos da melhor maneira possível.
Vincent empunha sua Jackson V como uma arma de destruição profana, espancando os ouvintes sobre suas cabeças com distensões distantes de ruído carregado de feedback. Não há como negar que o estilo atingiu alturas selvagens a essa altura, sem ter para onde ir a não ser para baixo. Talvez seja por isso que o anti-herói mordido quase não foi ouvido nos 35 anos desde então.”
Sobre Vinnie Vincent
Nascido em Bridgeport, Connecticut, Estados Unidos, Vincent John Cusano começou a carreira tocando com o cantor Dan Hartman, além de bandas como Treasure, Hunter, Warrior, Hitchhikers e Heat (obviamente, não a sueca, que possui pontos entre as letras do nome). Também fez as trilhas para a série televisiva “Happy Days”.
Em 1982 se envolveu com o Kiss durante as gravações do álbum “Creatures of the Night”. Acabou efetivado como membro, permanecendo até o fim da turnê de “Lick It Up” (1983). Reuniu-se com os colegas como colaborador na fase de composição de “Revenge” (1992).
Na metade dos anos 1980, montou o Vinnie Vincent Invasion, que lançou dois discos. Os outros músicos da última formação seguiram juntos no Slaughter. Lançou um EP solo em 1996, mas passou os anos seguintes longe dos holofotes. Em anos recentes, reapareceu em convenções de fãs e outros eventos relacionados ao Kiss.
Recentemente, ele gravou o álbum “Judgment Day (Guitarmageddon Pt. I)”, ainda sem data de lançamento definida. Robert Fleischmann registrou os vocais. Scott Board chegou a ser anunciado como cantor para futuras atividades, mas a parceria se rompeu menos de uma semana após a confirmação.
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