O show realizado por Roger Waters mês passado em Berlim, na Alemanha, com a turnê “This is Not a Drill”, segue gerando problemas. Desta vez, o Departamento de Estado dos Estados Unidos analisou a apresentação realizada em maio e a considerou “profundamente ofensiva” aos judeus.
Durante a performance, como é de praxe há anos, o artista usou uma roupa inspirada no uniforme dos soldados nazistas para a execução da música “In the Flesh”. Ainda que tenha vestido tais peças como crítica ou sátira, é proibido fazer alusão a imagens, símbolos e gestos nazistas na Alemanha, independentemente do contexto e, por isso, ele está sendo investigado pela polícia alemã.
Outros pontos de crítica estiveram relacionados à presença de um porco inflável com diversos símbolos, incluindo a Estrela de Davi, no palco e à menção no telão a Anne Frank. A jovem judia teve seu diário popularizado em todo o mundo ao relatar como sua família se escondia do regime nazista até que foram encontrados, levados a campos de concentração e executados. Ela foi citada por Waters junto à jornalista palestina Shireen Abu Akleh, assassinada pelo exército israelense em maio do ano passado, aos 51 anos, enquanto cobria os conflitos na Faixa de Gaza. Na ocasião, a profissional estava identificada como imprensa; mesmo assim, foi alvejada. Investigações da ONU levaram aos autores do crime.
Diante de tais detalhes, a embaixadora Deborah Lipstadt, cujo trabalho envolve o monitoramento e o combate ao antissemitismo em território americano, emitiu sua opinião no Twitter. Nas palavras da historiadora, o ex-integrante do Pink Floyd “distorce o Holocausto”.
“Concordo plenamente com Katharina von Schnurbein (coordenadora da Comissão Europeia para o combate ao antissemitismo e promoção da vida judaica) por ter condenado Roger Waters e sua desprezível distorção do Holocausto.”
Então, em coletiva de imprensa, o Departamento de Estado dos Estados Unidos recebeu uma pergunta a respeito do tweet feito pela profissional. Por escrito (via AP News), concordaram com a declaração:
“O tuíte de Lipstadt fala por si só. O show em questão, que aconteceu em Berlim, tinha imagens profundamente ofensivas ao povo judeu e minimizavam o Holocausto. O artista em questão tem um longo histórico de usar metáforas antissemitas para difamar o povo judeu.”
Segundo a Reuters, outras dúvidas sobre o caso não tiveram resposta do departamento, como exemplos de atitudes antissemitas por parte de Waters e a reação das autoridades americanas perante ao show.
Manifestação de Roger Waters
Com a repercussão do concerto em Berlim, Roger Waters foi às redes sociais no fim do mês passado. O músico explicou o contexto do show e defendeu sua posição:
“Minha recente apresentação em Berlim atraiu ataques de má-fé daqueles que querem me caluniar e me silenciar porque discordam de minhas opiniões políticas e princípios morais.
Os elementos de minha performance que foram questionados são claramente uma declaração em oposição ao fascismo, injustiça e fanatismo em todas as suas formas. As tentativas de retratar esses elementos como algo diferente são dissimuladas e politicamente motivadas. A representação de um demagogo fascista desequilibrado tem sido uma característica dos meus shows desde ‘The Wall’, do Pink Floyd, em 1980.
Passei minha vida inteira falando contra o autoritarismo e a opressão onde quer que os veja. Quando eu era criança, depois da guerra, o nome de Anne Frank era frequentemente falado em nossa casa. Ela se tornou um lembrete permanente do que acontece quando o fascismo não é controlado. Meus pais lutaram contra os nazistas na Segunda Guerra Mundial, com meu pai pagando o preço definitivo com sua vida.
Independentemente das consequências dos ataques contra mim, continuarei a condenar a injustiça e todos aqueles que a cometem.”
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