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As duas semanas em que o Pink Floyd foi um quinteto

Período durou 12 dias e 4 shows, além de ter rendido o grande hit do álbum “A Saucerful of Secrets”

Alguns fãs menos atentos ainda acham que David Gilmour simplesmente substituiu Syd Barrett no Pink Floyd. Porém, a banda foi um quinteto por um breve período no início de 1968. Naquele momento, o segundo disco do grupo já estava sendo gravado. Ele continuou pelos meses seguintes, sendo finalizado apenas 6 dias antes de completar um ano de sessões – algo raríssimo para um trabalho do tipo naquela época.

Gilmour e Barrett fizeram amizade em 1962, quando estudavam no Colégio de Artes e Tecnologia de Cambridge. Costumavam aproveitar os intervalos para tocar juntos. Em agosto de 1965, embarcaram em uma viagem pela França e Espanha, tocando músicas dos Beatles nas ruas e morando em barracas nos arredores de Paris.

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Menos de dois anos se passaram, Syd ajudou a formar o Pink Floyd e mergulhou de cabeça nas experiências químicas. David chegou a presenciar a gravação do single “See Emily Play” em maio de 1967. Para sua surpresa e susto, o amigo de pouco tempo antes mal o reconheceu. Algo estava muito errado.

Em dezembro do mesmo ano, com o debut “The Piper at the Gates of Dawn” já lançado e tendo escalado ao 6º lugar da parada britânica, a situação mental do artífice da obra não era mais sustentável. Barrett vivia tendo colapsos nervosos, em alguns momentos sequer conectado com o mundo real. Houve a ideia de chamar Jeff Beck, mas ninguém na banda teve coragem de fazer a tentativa.

Pink Floyd como quinteto

Coube ao baterista Nick Mason fazer o convite a David Gilmour, que aceitou prontamente. O primeiro ensaio aconteceu em 8 de janeiro de 1968. Quatro dias mais tarde, aconteceu o show inaugural do novo lineup.

Dos guitarristas, apenas David realmente tocou. Syd perambulava pelo palco, perdido. Em alguns momentos empunhava seu instrumento e emitia algum acorde. Mas na maior parte do tempo estava “fora do ar”.

Eis a agenda completa do Pink Floyd como quinteto:

  • 12/01/1968 – University of Aston, Birmingham
  • 13/01/1968 – Winter Gardens Pavilion, Weston-super-Mare
  • 19/01/1968 – Lewes Town Hall, Lewes
  • 20/01/1968 – Hastings Pier, Hastings

Seis dias mais tarde, a formação mais bem-sucedida, já tendo apenas Gilmour na guitarra, estreava na Universidade de Southampton. Reza a lenda que os músicos simplesmente decidiram na hora que não iriam passar pela casa de Syd para apanhá-lo e seguiriam em frente – literal e metaforicamente.

Não há nenhum registro em bootleg desses concertos. Apenas uma sessão de fotos foi feita.

O álbum “A Saucerful of Secrets” (1968) contou com participações dos cinco, mas apenas uma faixa teve todos ao mesmo tempo. Ela foi justamente o maior sucesso do trabalho, “Set the Controls for the Heart of the Sun”. Curiosamente, uma música onde as guitarras nem exercem papel tão decisivo, ficando enterradas na mixagem.

A ideia inicial era que Barrett ainda contribuísse com a parte criativa do Pink Floyd. Mas seu declínio rápido e definitivo fez com que a proposta fosse completamente descartada. Na verdade, foram os músicos que o ajudaram na curta carreira solo, que apesar de contar com admiradores, não obteve repercussão e decretou o fim da carreira da complicada mente que seguiria sendo uma das grandes inspirações do Pink Floyd.

A perda de Syd enquanto figura presente afetou decisivamente tanto David Gilmour quanto Roger Waters. Em vários momentos nas décadas seguintes a dupla expressou culpa, lamento e arrependimentos pelo distanciamento – mesmo tendo sido um pedido da família, alegando que a presença dos amigos o deixava bastante perturbado.

Sobre Syd Barrett

Nascido em Cambridge, Inglaterra, Roger Keith Barrett começou a tocar ukulele aos 10 anos, passando para o banjo e violão antes de chegar à guitarra aos 15. Construiu seu primeiro amplificador sozinho. Caracterizava-se pelo estilo psicodélico de tocar, com acordes dissonantes, efeitos e distorções.

Morreu em 7 de julho de 2006, aos 60 anos, devido a um câncer pancreático agravado pelo diabetes. Seu curto legado influenciou artistas que se enveredaram pelos caminhos mais experimentais da música pop. Sua aura misteriosa é até hoje investigada, sem nunca ter sido desvendada.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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