Entre hits e escândalos, Mick Fleetwood foi a base de sustentação do Fleetwood Mac mais que qualquer outro músico na longeva e bem-sucedida carreira do grupo. Seu estilo influenciou incontáveis nomes das gerações seguintes.
Em entrevista à Esquire em 2014, divulgando a biografia “Play on: Now, Then, and Fleetwood Mac” o instrumentista revelou os 5 colegas de bateria que mais o empolgavam. Eis as escolhas:
John Bonham (Led Zeppelin): “Eu venho de um background do blues, que tem tudo a ver com sentir e não tocar muito complicado. Nunca fui tecnicamente astuto, mas fiz minha lição de casa e encontrei uma casa tocando blues porque, francamente, combinava com minha habilidade. Tratava-se de saber como suingar, sentir e ouvir com atenção. John Bonham tinha essa sensibilidade, mas também todo o resto. As pessoas realmente supertalentosas podem usar mais habilidade. Ele tinha tudo isso, além de um enorme poder. As assinaturas rítmicas que o Led Zeppelin usou eram bastante complicadas e John as fazia parecer muito normais.”
Sandy Nelson: “Nos anos 1920, entrando nos 30 e 40, era bastante normal para um baterista ser o líder da banda. Talvez porque nós, percussionistas, realmente somos inúteis sem um grupo para tocar. Sandy Nelson era alguém que tocava no rádio, e eu não podia acreditar. Um baterista com um disco de sucesso. Ele se tornou um herói. Era como o Duane Eddy da bateria, tom-tom mania total, uma espécie de uma versão de bateria da surf music. Meu sonho era ser Sandy Nelson.”
Louie Bellson: “Ele era um líder de big band. Todos esses músicos, fora John Bonham, eram muito quentes e pesados com o uso de tom-toms. Louie Bellson dominou totalmente e fez carreira com as batidas africanas colocadas no jazz. Está lá em cima com Buddy Rich, apenas heróis clássicos que eu nunca sonhei que seria tão habilidoso quanto. Verdadeiros mestres que tinham um estilo e um legado muito eficazes. Seu trabalho era muito melódico. Tentei prestar atenção e incorporar à maneira como toco.”
Sonny Freeman (B.B. King): “Qualquer faixa do disco ‘Live at the Regal’ é Sonny Freeman tocando bateria. Mestre do shuffle. Eu ouvi até meus tímpanos caírem. Era um dos nossos heróis. Quando começamos, Peter [Green] e John [McVie] gostavam de Howlin’ Wolf e Muddy Waters. Você pode ouvir a influência na forma de tocar deles. Aquele álbum seria o epítome do estilo do mundo que eu estava entrando nos primeiros dias do Fleetwood Mac. Não importa o que você faça ou não faça, você tem altos e baixos, o bom e o ruim, mas não importa o que aconteça, você tem que suingar, levar a música a outro nível.”
Charlie Watts (The Rolling Stones): “Charlie veio totalmente da explosão do jazz tradicional e do blues. Um pouco mais velho que eu, mas a realidade é que viemos da mesma geração. Quando vi os Rolling Stones, eles eram tão legais, aprendi a amar muito mais Charlie Watts e o quão instrumental ele era como um poder. Sabia o que estava fazendo e teve grande influência nos primeiros discos dos Stones, quem eles eram, do que gostavam e o que faziam. Poucas pessoas reconhecem isso. Ele é o mestre de tocar a batida certa no último segundo. Às vezes você pensa: ‘Será que ele vai conseguir?’ E então ele bate no último compasso e você diz: ‘uau, isso é tão legal’. Charlie é o cara que dominou isso. Sou um grande fã dos Stones e ele é um grande instigador. Faz muito com pouco, certamente por isso que é um dos meus heróis. O único sonho musical que já tive tinha é que Keith [Richards] me ligou e disse: ‘Charlie está gripado, você pode tocar nos Rolling Stones?’ Mas isso nunca aconteceu. Toquei com Keith algumas vezes, mas não nos Rolling Stones. Que banda ótima.”
Sobre Mick Fleetwood
Nascido em Redruth, sul da Inglaterra, Michael John Kells Fleetwood Nascido em 24 de junho de 1947, Mick Fleetwood não apenas fundou o Fleetwood Mac, mas ao lado de John McVie, acabou responsável por batizar o grupo criado pelo guitarrista Peter Green. O nome do grupo consiste nos sobrenomes do baterista e do baixista (“Mac” Vie) combinados, o que os transformou na “cara” da banda, de certa forma.
Morou no Egito e Noruega durante a infância, acompanhando o pai, piloto da Força Aérea Britânica. Quando mostrou aptidão para a música, voltou ao país natal, residindo com a irmã. Assim, passou a integrar os primeiros grupos como baterista.
Antes da fama, tocou em bandas menores em Londres, até entrar para o John Mayall & the Bluesbreakers, ao lado de Peter Green. Na época, o grupo já contava com John McVie no baixo. O trio deixou a banda para formar o que viria a ser o Fleetwood Mac (embora McVie não tenha se juntado logo de cara), que lançou seu álbum de estreia em 1969.
A banda teve fases distintas, do blues ao soft rock, se tornando um fenômeno de vendas a partir da metade dos anos 1970. Foi neste período que Fleetwood trouxe o então casal Lindsey Buckingham e Stevie Nicks para a formação, iniciando o período de alta popularidade.
A partir da década de 1980, mesmo sem nunca sair do Fleetwood Mac, Mick deu início a uma carreira solo variada, sob nomes como Mick Fleetwood’s Zoo, Mick Fleetwood Blues Band e Mick Fleetwood & Friends.
Além da carreira musical, o baterista também flertou com a atuação, com aparições em alguns filmes e séries. No cinema, esteve ao lado de Arnold Schwarzenegger em “O Sobrevivente” (1987), além de “Zero Tolerance” (1994) e “Snide and Prejudice” (1997), onde viveu um paciente psiquiátrico que acredita ser Pablo Picasso. Na TV, participou de “Star Trek: The Next Generation” em 1989.
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