Quando o Kiss fez show inteiro com roadie mascarado no lugar de Peter Criss

Ed Kanon foi Catman por uma noite em apresentação da Reunion Tour, nos Estados Unidos, em 1997

Em 1996, o Kiss caiu na estrada com sua formação original. A chamada Reunion Tour, que durou até 1997, celebrava o retorno do baterista Peter Criss e do guitarrista Ace Frehley, que estavam fora desde 1980 e 1982, respectivamente.

Apenas uma apresentação do giro não contou com o quarteto original, completo por Paul Stanley (voz e guitarra) e Gene Simmons (voz e baixo). E para superar o problema, o grupo precisou recorrer a uma alternativa um tanto quanto curiosa. 

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No dia 5 de abril de 1997, pouco antes da banda subir ao palco em Columbus, cidade no estado americano da Geórgia, Criss disse que não conseguiria se apresentar por conta de dores nas mãos. Os três músicos restantes se dividiram: Frehley não achava certo seguir sem o colega, enquanto Stanley, Simmons e o empresário Doc McGhee tentaram buscar uma solução para não cancelar o compromisso.

Dessa forma, o trio promoveu Ed Kanon, técnico de bateria de Peter, ao posto de Catman por uma noite – com direito até a maquiagem. Em entrevista publicada pelo site Roppongi Rocks, Kanon revelou como foi abordado por McGhee e como Stanley lhe deu a notícia. 

“Doc McGhee subiu ao palco e caminhou até mim. Ele estava com um olhar diferente. Ele disse: ‘Belo cavanhaque’. E então disse: ‘Raspe!’. Eu não fazia ideia do que estava acontecendo. Ele [McGhee] me disse para acompanhá-lo. Ao chegar no camarim, dei de cara com Paul Stanley, que disse: ‘Tenho uma boa e uma má notícia. A má é que o Peter não vai poder tocar a hoje. A boa é que você vai’. Perguntei o que havia de errado com Peter. Ele disse que seus braços estavam doendo e ele não podia tocar. Ele disse que era tarde demais para cancelar o show. Sem pensar muito nisso, eu disse: ‘Beleza, eu faço’. Não tive tempo para pensar. Era hora de começar a me maquiar.”

Confiança é tudo

Em seguida, Ed Kanon narrou o clima nos bastidores e a sensação de subir ao palco como um membro do Kiss. 

“Eu me senti bastante confiante de que ia conseguir. Então estávamos todos maquiados, prontos para subir no palco. Gene estava nervoso. Eu percebia por sua linguagem corporal. Paul estava fazendo piadas e deixando o clima leve. Em seguida, iniciamos a caminhada até o palco. Assim que subimos no palco, atrás da cortina do Kiss… lá estava eu com a fantasia de Catman, olhando para os três membros originais do Kiss olhando para mim. Foi muito surreal. Aí começou: ‘Tudo bem, Columbus! Vocês queriam o melhor…’ E então o show começou.”

O técnico de bateria ainda revelou que sempre tocava com a banda em ensaios. Esse foi o motivo que o tornou o melhor substituto para Peter Criss na ocasião.

“Felizmente, naquele momento, eu já havia tocado com eles algumas vezes em ensaios e passagens de som. Peter nem sempre aparecia para essas coisas. Eles sabiam que eu poderia tocar bateria bem o suficiente para cumprir o set. Eu não tinha feito isso ao vivo, mas estava um pouco familiarizado com a maioria das músicas. Algumas das canções têm intervalos diferentes para quando Paul fala com público. Essas músicas são as que você está apenas acompanhando. Acabaram dando certo. Graças a Deus!”

Por fim, Kanon comentou como Criss e os outros membros da banda reagiram à substituição. 

“Pelo que entendi, ele ficou um pouco chateado no começo. Mas uma vez que aconteceu, ele gostou. Na verdade, ele me disse: ‘Bom trabalho’. Superamos isso. Ace também estava bravo, ele não queria tocar sem Peter. Uma vez que tocamos, ele ficou bem com isso também. Paul e Gene realmente têm uma atitude de ‘O show deve continuar’ em relação à coisa toda. É realmente louvável.”

As lembranças de Paul Stanley

Paul Stanley recordou o episódio em trecho da autobiografia “Uma Vida Sem Máscaras” (Belas Letras, 2015).

“Um, dois, três, quatro, vamos lá — começamos o show. Apresentei o Ed no palco e, que surpresa, ninguém se importou, ou ninguém teve tempo de se importar. A noite era aquela e o show seria aquele. Abandonaríamos um show porque as mãos de Peter estavam machucadas? Ih, amigo, acho que não. Porque, como se diz, o show tem que continuar.”

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Tairine Martins
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Tairine Martins é estudante de jornalismo na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Administra o canal do YouTube Rock N' Roll TV desde abril de 2021. Instagram: @tairine.m

1 COMENTÁRIO

  1. Fantástica matéria, Tairine!! SENSACIONAL!!! Rica em detalhes, vídeos, sou amante do rock n’ roll tb e acho maravilhoso poder ler matérias do seu gabarito. Continue assim… SUCESSO!!!

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