Com a evolução dos equipamentos e métodos para a gravação de um filme, é comum o pensamento de que eles nunca aparentaram ser tão visualmente atrativos. Porém, não é o que pensa Brian De Palma, diretor de obras renomadas como “Carrie, a Estranha”, “Scarface” e o primeiro “Missão: Impossível”: o cineasta deixou bem claro que para ele, o visual dos longas só está piorando e se justificou.
Em entrevista de 2020 à Associated Press, De Palma revelou acreditar que os equipamentos digitais só pioraram a iluminação dos filmes com o passar do tempo.
“As coisas que estão fazendo agora não têm relação alguma com a maneira que fazíamos filmes nos anos 1970, 1980 e 1990. A primeira coisa que me deixa louco é o aspecto dos filmes. Como são gravados digitalmente, a iluminação é terrível. Eles não suportam a escuridão e a luz projetada. Todos têm o mesmo aspecto.”
Para o diretor, a “beleza no cinema” deve estar em primeiro lugar. Para isso, citou como exemplo um longa clássico que se destaca pelo visual.
“Acredito em beleza no cinema. Susan (Lehman, coautora de um livro escrito em conjunto com o cineasta) e eu assistimos a ‘E o Vento Levou’ outro dia e ficamos impressionados com o quão bonito esse filme é. Os sets, como a (atriz) Vivian Leigh é iluminada, é tudo extraordinário. Se você ver para as coisas que estão no streaming agora, tudo é uma porcaria. O storytelling visual foi jogado pela janela.”
Brian De Palma, streaming e Marvel
Brian De Palma continuou com suas críticas ao não poupar os atuais serviços de streaming e nem mesmo o popular Universo Cinematográfico Marvel para reforçar seu ponto de vista.
“O sistema mudou. Costumávamos sair e fazer o filme. Nossa geração queria tomar conta dos estúdios. E foi o que fizemos. O que acho interessante com a minha geração é que ela apareceu, ficou bem rica, extremamente rica, trabalhando dentro desse sistema. Agora, estamos nesse streaming sem fim. Tudo tem 10 partes e seis temporadas. Meio que voltamos ao sistema antigo dos estúdios em que os produtores e os roteiristas são os reis. Os diretores, quem é que sabe quem dirigiu cada uma dessas partes?
E aí, aparece todo esse universo da Marvel, que é tudo uma ação digital, tudo gerado por computador. Quando gravei ‘Missão: Marte’, perdi um ano gravando algumas cenas com uns três ou quatro estúdios digitais. Eu montava o storyboard da cena e eles ficavam me procurando durante um ano conforme incluíam as coisas. Eram cenas irremediavelmente caras. Você se pergunta: ‘o que estou fazendo?’. Foi aí que voltei pra Europa e disse que não conseguia mais fazer filmes desse jeito.”
Considerando que os serviços de streaming nunca estiveram tão em alta e que os métodos de gravação de um filme não devem mudar, Brian De Palma deve continuar bastante insatisfeito com os rumos da indústria cinematográfica.
Clique para seguir IgorMiranda.com.br no: Instagram | Twitter | Facebook | YouTube.