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“Parem de matar as crianças”: Roger Waters publica manifesto após massacre na Faixa de Gaza

Doze palestinos, incluindo quatro crianças, foram assassinados em um ataque aéreo promovido pelo exército de Israel

Na última semana, um ataque aéreo orquestrado pelo exército de Israel deixou 12 palestinos mortos na Faixa de Gaza. Entre as vítimas, estavam 4 crianças. Defensor da causa palestina – assim como David Gilmour e Nick Mason, seus ex-colegas de Pink Floyd –, Roger Waters publicou um manifesto nas redes sociais.

Na explanação, aproveitou para comentar as recentes perseguições que sofreu na Alemanha, onde precisou de intervenção da Justiça para realizar apresentações de sua atual turnê, “This is Not a Drill”.

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Diz o texto:

“PAREM DE MATAR AS CRIANÇAS. Hajar Al-bahtini, na foto, era uma das crianças palestinas mortas na noite passada. A perseguição aos palestinos deve terminar.
Sou perseguido na Alemanha por defender meus irmãos e irmãs na Palestina.
O assédio da Alemanha contra mim não é nem mesmo uma picada de mosquito.
Porém, exige um aceno de cabeça. Então é assim que é ser difamado, não é bom.
‘Alguém deve ter mentido sobre Josef K, ele sabia que não tinha feito nada de errado, mas uma manhã foi preso.’
Tenho citado a famosa primeira linha de ‘The Trial’, de Franz Kafka, durante minha música ‘Run Like Hell’ em todos os meus shows desde 2010. E agora aqui estou, vivendo o mesmo na Alemanha. Exceto, é claro, que ainda não fui preso!
As mentiras em questão no meu caso são que sou um antissemita que odeia judeus e que sou um apologista de Putin, estando do lado errado da guerra na Ucrânia e que, em consequência, pelo menos na Alemanha, eu deveria ser banido de realizar meu trabalho.
Essas mentiras táticas de difamação estão tão firmemente enraizadas na psique alemã que, na segunda-feira, 8 de maio, em Colônia, houve um pequeno protesto do lado de fora do local onde eu apresentaria meu show “This Is Not A Drill” no dia seguinte. Nada menos que oito oradores fizeram fila para me denunciar como um monstro antissemita para uma pequena multidão.
Estou sendo demonizado porque o que digo sobre a Palestina e a Ucrânia contradiz a visão ortodoxa do Big Brother. Estou sendo atacado por expressar opiniões e expor as mentiras do Big Brother.
Então? Quem dirige o Ministério da Verdade na Alemanha? Quem é o Grande Irmão? Quem consegue definir as palavras em nossos dicionários? O que é e o que não é antissemitismo? Como começou a guerra na Ucrânia? A invasão russa em fevereiro de 2022 não foi provocada? A guerra na Ucrânia realmente começou em fevereiro de 2022 ou começou em 2014 com ataques a Donbass pelo recém-instalado governo antidemocrático, possivelmente neofascista, em Kiev? É verdade que escrevi para Alina, uma jovem ucraniana que me procurou, sugeri um retorno aos protocolos de Minsk para a paz no Donbass, como alternativa à guerra. Também escrevi para a Sra. Zelenska e para o Sr. Putin sugerindo a mesma coisa. Quinze meses depois, olhando para trás, fiz mal em encorajar negociações? O que foi alcançado perseguindo a carnificina da guerra por procuração? Errei em pedir paz? Eu estava errado em soar um aviso?
Todas as noites na minha canção ‘Sheep’ eu canto:
‘Passando inofensivamente seu tempo na pastagem de distância
Apenas vagamente ciente de um certo mal-estar no ar
É melhor você tomar cuidado, talvez haja cães por aí
Olhei para o Jordão e vi
As coisas não são o que parecem.’
Aponto em meu programa de turnê que ‘Animals’ é uma homenagem a George Orwell e Aldous Huxley e como eles estavam certos em alertar as gerações futuras sobre a distopia que se aproximava. E como eu estava certo em ecoar suas dúvidas e previsões quando escrevi ‘Animals’ em 1977.
Que os palestrantes do protesto anti-Roger Waters, do lado de fora do show, tentem me silenciar é terrivelmente estúpido. Até porque dentro da casa de shows estou cantando a mesma verdade que escrevi há quarenta e cinco anos em ‘Sheep’, num show que agora querem cancelar? Isso leva a ironia a níveis que estão além da compreensão deste baixista.
Antissemitismo:
Não sou antissemita. Nunca fui, nunca serei. Eu falo a verdade sobre Israel/Palestina.
A questão Israel Palestina NÃO é complicada. Contrariando todas as leis internacionais, o estado de apartheid de Israel se envolve na construção de assentamentos em território ocupado por força militar, território designado pela ONU para um estado palestino, estando comprometidos com a limpeza étnica da população nativa não-judaica.
BDS não é antissemita, seus objetivos, muito especificamente, são promover a igualdade de direitos humanos para todos os povos entre o rio Jordão e o mar. Todos, neste caso, significa todas as etnias, todas as religiões, todas igualmente. Isso não é complicado; uma criança de quatro anos poderia entender.
A próxima parada na Alemanha é Berlim, nos dias 17 e 18 de maio. Por favor, venha e mostre solidariedade a todos os seus irmãos e irmãs em todo o mundo, independentemente de sua etnia, religião ou nacionalidade, e resista ao Big Brother e às forças do capitalismo predatório que estão destruindo nosso lindo planeta natal.
Hoje li uma declaração do Conselho Municipal de Frankfurt. Eles disseram: ‘A fim de enviar um sinal à sociedade como um todo contra o antissemitismo e a exclusão, a cidade e o estado apoiam o apelo da Comunidade Judaica de Frankfurt para uma manifestação pacífica sob o lema Frankfurt unida contra o antissemitismo em 28 de maio a partir das 16h no Festhalle.’
Aqui está minha declaração: ‘Roger Waters está unido à Comunidade Judaica de Frankfurt, ele também abomina o antissemitismo junto com todas as outras formas de racismo e discriminação.’
Nada trará de volta nossa irmã Hajar Al-bahtini.
estou desolado.
R.”

https://www.facebook.com/rogerwaters/posts/pfbid0F9RnxXrAikCTR2xRW9TfUwjhoGeXCLd2S1zsDBA9G7RuJEw9tYXt17NJZTzWJBZVl?cft[0]=AZXZLdR6ir3KVMvR-mmL50szfMFmpk0bQWKy5rtqQ506_grzuchY0RK-GReb4fcXjBMMerlPWvIUeJBMMEZPZw4YzxoVC7bc-Wwfv7j0N1aifESq-bS1DnMwCgjdLXXMRmFCfTCEeSo_07Odj8iHE0RkHu2c8ZNZCgb_v7f4Oh-EVXCdtksI_nK76yGPN8ABsSU&tn=%2CO%2CP-R

Roger Waters, “This is Not a Drill” e América do Sul

A “This is Not a Drill” chega à América do Sul em novembro. Por enquanto, as datas anunciadas são as seguintes:

  • 17/11: Montevidéu, Uruguai @ Estádio Centenário
  • 21/11: Buenos Aires, Argentina @ Estádio Monumental de Nuñez
  • 22/11: Buenos Aires, Argentina @ Estádio Monumental de Nuñez
  • 25/11: Santiago, Chile @ Estádio Monumental
  • 26/11: Santiago, Chile @ Estádio Monumental

Será a primeira passagem do eterno líder do Pink Floyd em sua fase mais bem-sucedida por esses lados do mapa desde os polêmicos shows de 2018. À época, o Brasil passava pelo processo eleitoral que conduziu Jair Bolsonaro à presidência. O político foi citado por Waters como um dos representantes do neofascismo mundial, o que gerou polêmicas no público, especialmente por quem nunca havia lido sobre a obra do britânico e sua banda.

Atualmente percorrendo a Europa – após ter passado pela América do Norte ano passado – a “This is Not a Drill” traz, como de costume, uma experiência altamente tecnológica e repleta de mensagens políticas.

De fato, o espetáculo já começa com um sonoro aviso aos mais desavisados, que não gostam da “mistura” de música com política. No telão, após um pedido para que celulares sejam desligados, um texto é exibido até para evitar desapontamentos, como o que aconteceu em 2018, quando muitos fãs descobriram a forte carga ativista na obra de Waters. O comunicado diz:

“Se você é uma daquelas pessoas, que diz: ‘eu amo Pink Floyd, mas não suporto as mensagens políticas’, seria bom cair fora agora e ir para o bar.”

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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