...

The War on Drugs encanta no C6 Fest em São Paulo mesmo com setlist enxuto

Terceiro e último dia da edição paulista também contou com shows de Weyes Blood, Caetano Veloso e Black Country, New Road, entre outros

Pela primeira vez no Brasil, o The War on Drugs chegou com status de headliner no C6 Fest, tendo a missão de fechar o festival tanto no Rio de Janeiro como em São Paulo. E não decepcionou. 

Na capital paulista, a banda de Adam Granduciel conseguiu a façanha de quase lotar a tenda Heineken, que não havia recebido grande público nos dois primeiros dias. E encantou os fãs, apesar de um setlist mais enxuto que o habitual.

- Advertisement -

Foi o grand finale de uma noite que também contou com boas apresentações de Caetano Veloso (Plateia Externa), Weyes Blood (Tenda Heineken) e The Comet is Coming (Auditório).

*Textos de Gabriel Caetano e Guilherme Gonçalves. Fotos de Gabriel Ramos / @gabrieluizramos. Role para o lado para ver todas. Caso as imagens apareçam pequenas, atualize a página.

Black Country, New Road em reconstrução

*Por Gabriel Caetano

O Black Country, New Road definitivamente não é a mesma banda de “The First Time” e “Ants from Up There”. Seus dois primeiros trabalhos alçaram o grupo a um pedestal de destaque no mundo do indie rock, mas que um terremoto chacoalhou com os ingleses. Isaac Wood, vocalista desses discos, deixou a banda às vésperas do lançamento de “Ants”.

Foi quando a banda tomou a decisão mais difícil e corajosa: começar de novo. O melhor jeito de honrar o passado é olhar para o futuro. Assim, os membros remanescentes do Black Country decidiram dividir os vocais das novas canções, mudar a direção da banda e encostar o pós-punk que faziam. 

Foto: Gabriel Ramos

O show que assistimos em São Paulo não foi muito diferente de Live at the Bush Hall, gravação ao vivo que a banda soltou em fevereiro deste ano para apresentar aos fãs os rumos que seriam tomados dali em diante. Enquanto esperávamos a abertura da tenda, era possível escutar os músicos fazendo a passagem de som com algumas das músicas, e num fenômeno estranho, o pessoal aplaudia ao final de cada uma.

Começando o show, essa empolgação virou a chave e quem estava lá para assistir, passou a observar mais calmo a execução das músicas. Bonitas, exatas, virtuosas, mas que deixaram em quase todo mundo o gostinho de que poderia ter sido melhor.

A pianista May Kershaw pareceu enfrentar algum problema técnico após cantar Turbines/Pigs. Ela se levantou de seu instrumento e precisou relatar algo para a banda e equipe técnica.

Os destaques foram as canções na voz da baixista Tyler Hyde, que em Bush Hall, já era quem brilhava mais. Sua voz, que lembra suavemente a Regina Spektor, fazem o espetáculo do grupo algo mais terno, gracioso, enquanto o saxofonista Lewis Evans (que em sua temporada no Brasil descobriu a cerveja Antarctica Original e se apaixonou) aproxima o Black Country do que a banda era com o antigo cantor.

Também tivemos duas novidades: “Horses”, na voz de Georgia Ellery (violino), e “Nancy Tries to Take the Night”, pela Tyler Hyde, ainda sem registro oficial, foram apresentadas para os brasileiros. 

*Fotos de Gabriel Ramos / @gabrieluizramos. Role para o lado para ver todas. Caso as imagens apareçam pequenas, atualize a página.

Repertório – Black Country, New Road:

  1. Up Song
  2. I Won’t Always Love You
  3. Across the Pond Friend
  4. Laughing Song
  5. Horses
  6. Nancy Tries to Take the Night
  7. Turbines/Pigs
  8. Dancers
  9. Up Song (Reprise)

Caetano Veloso à vontade

*Por Guilherme Gonçalves

Principal atração nacional do C6 Fest, Caetano Veloso levou uma multidão de gente ao palco Plateia Externa. Ao longo dos três dias de festival, apenas o show do Kraftwerk mobilizou tantas pessoas assim.

A apresentação, marcada para 18h15, teve um pequeno atraso e começou às 18h33. Muito à vontade, Caetano classificou São Paulo como uma cidade que sempre foi e será “definidora” de sua carreira. E arrancou suspiros ao cantar “Sampa”, sobretudo no trecho em que cita Rita Lee, recém-falecida: “A tua mais completa tradução”.

Foto: Gabriel Ramos

Em seguida, emendou “You Don’t Know Me”, do espetacular disco “Transa” (1971). Em “Sozinho”, abriu mão do sexteto competentíssimo que o acompanhava e a tocou… sozinho, apenas ao violão.

Em alguns momentos, Caetano se permitiu errar: “Essa começa em ré e eu entrei em dó”, brincou. Em outros, adaptou a linha vocal para interagir com o público e também deixá-lo cantar, como em “Qualquer Coisa” e “Cajuína”.

Na reta final, emocionou a todos com “Baby” e botou as mais diversas gerações presentes na Plateia Externa para dançar com “Odara”. Após uma hora cravada de show, se despediu com “Reconvexo”: “Até mais, São Paulo!”.

*Fotos de Gabriel Ramos / @gabrieluizramos. Role para o lado para ver todas. Caso as imagens apareçam pequenas, atualize a página.

Repertório – Caetano Veloso:

  1. Meu Coco
  2. Anjos Tronchos
  3. Sampa
  4. You Don’t Know Me
  5. Muito Romântico
  6. Sozinho
  7. Desde que o Samba é Samba
  8. Um Índio
  9. Não Vou Deixar
  10. Qualquer Coisa
  11. Cajuína
  12. O Leãozinho
  13. Baby
  14. Menino do Rio
  15. Sem Samba Não Dá
  16. Odara
  17. Reconvexo

Weyes Blood: miss simpatia e emotional cowgirl

*Por Gabriel Caetano

Se a Weyes Blood não era a atração principal do dia na Tenda Heineken, bem… acabou roubando a cena. Seu palco foi preparado com castiçais e velas acesas, luzes vermelhas e quando Natalie Mering subiu ao palco, vestida como na capa de “And in the Darkness, Hearts Aglow”, a plateia não se conteve.

Natalie ganhou a atenção do público com “Titanic Rising”, seu disco lançado em 2019, quando a artista assinou com a Sub Pop. Como uma premonição, muitas das canções ali antecipavam os sentimentos das pessoas na pandemia – o que veio por germinar esse novo trabalho, segundo de uma trilogia. E que, como o próprio título diz, trata de buscar a luz num momento de escuridão total.

Foto: Gabriel Ramos

Abrindo com ‘It’s Not Just Me, Its Everybody’, a cantora já não estava nada tímida. Tirou o microfone do pedestal, ensaiou algumas dancinhas e mesmo empunhando um violão nas músicas seguintes, demonstrava muita desenvoltura e simpatia ao conversar com quem estava ali na tenda para assistir sua apresentação. Ou como uma diva pop, cultuar sua a imagem – como aconteceu na sequência ‘Andromeda’ (quando Natalie perguntou à plateia quem acreditava em astrologia e quem só achava uma bobagem, introduzindo a música de maneira divertida) e ‘God Turn Me Into a Flower’. Sua voz? Absolutamente idêntica ao que se escuta nos álbuns.

Foi uma hora devastadora, onde a emotional cowgirl conseguiu performar as canções desses dois álbuns deixando sorrisos e lágrimas nas faces de todos os presentes. Ela ainda contou que a pandemia fez com que adiasse sua vinda ao Brasil. A recepção foi tão calorosa, que um retorno é só questão de tempo.  Ao final do show, após cantar ‘Movies’, ela também foi alvo de uma chuva de DVDs atirados da plateia em resposta a um tuíte feito em fevereiro. Weyes Blood teve tempo de mostrar uma caixinha do filme Cidade de Deus e se despediu, deixando um público reduzido para o The War on Drugs – que encerraria a noite.

*Fotos de Gabriel Ramos / @gabrieluizramos. Role para o lado para ver todas. Caso as imagens apareçam pequenas, atualize a página.

Repertório – Weyes Blood:

  1. It’s Not Just Me, It’s Everybody
  2. Children of the Empire
  3. Grapevine
  4. Andromeda
  5. God Turn Me Into a Flower
  6. Everyday
  7. A Lot’s Gonna Change
  8. Somthing to Believe
  9. Twin Flame
  10. Movies

The War on Drugs: enxuto, mas intenso

*Por Guilherme Gonçalves

Após fechar o C6 Fest no Rio com um show arrebatador no sábado, o War on Drugs desembarcou em São Paulo com a missão de repetir a dose perante o público paulista. E digamos que conseguiu, ainda que com contornos menos épicos.

Um caso clássico de gênio introvertido, Adam Granduciel não parece exatamente à vontade em meio a tantas pessoas. Pelo menos não o tempo todo. É provável que ele se conecte muito mais com o clima intimista do auditório do Vivo Rio do que com a imensidão da tenda Heineken, que pela primeira vez esteve perto encher.

Foto: Gabriel Ramos

A pedido da banda, aparentemente, o show sequer foi projetado nos telões posicionados nas laterais do palco. A predileção pela discrição, porém, também tem seu charme, e o septeto esbanja classe, desde os amplificadores vintage até a postura despojada, sem maiores excessos ou encenações plastificadas.

Mesmo sem um grande hit em rádio no Brasil ou músicas que fazem a galera pular o tempo todo, o War on Drugs tem o domínio do ambiente. O grupo da Filadélfia encanta pelo poder das canções, com ganchos, melodias e refrãos de rara beleza, que remetem a Bob Dylan e Bruce Springsteen.

O início com “Pain” já ganhou os fãs, ávidos para cantar juntos. Outros momentos sublimes foram “Strangest Thing”, “Harmonia’s Dream” e a belíssima “I Don’t Live Here Anymore”, com seu marcante backing vocal feminino no refrão.

Em relação ao show no Rio, o War on Drugs sacrificou seis músicas – foram 16 lá e apenas 10 em São Paulo. Um corte significativo, mas que não comprometeu a apresentação de uma banda que está no auge e fechou com chave de ouro o terceiro e último dia de festival.

*Fotos de Gabriel Ramos / @gabrieluizramos. Role para o lado para ver todas. Caso as imagens apareçam pequenas, atualize a página.

Repertório – The War on Drugs:

  1. Pain
  2. An Ocean in Between the Waves
  3. I Don’t Wanna Wait
  4. Victim
  5. Strangest Thing
  6. Harmonia’s Dream
  7. Red Eyes
  8. Eyes to the Wind
  9. I Don’t Live Here Anymore
  10. Under the Pressure

Clique para seguir IgorMiranda.com.br no: Instagram | Twitter | Facebook | YouTube.

ESCOLHAS DO EDITOR
InícioResenhasThe War on Drugs encanta no C6 Fest em São Paulo mesmo...

DEIXE UMA RESPOSTA (comentários ofensivos não serão aprovados)

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui


Últimas notícias

Curiosidades