Quando os singles “Eugene” e “Black Dog” nos apresentaram a cantora Arlo Parks, o mundo se fechava dentro de casa nos primeiros meses da pandemia de Covid-19. Assim, quem já desenvolveu qualquer relação com a cantora, está de certa forma acostumado a uma relação agridoce de encontrar conforto em meio ao caos.
“My Soft Machine”, seu segundo álbum, tem diferentes camadas e apesar de doces melodias, é carregado de dores e crises descritas pela poesia da londrina. É um disco que busca equilíbrio entre as porradas inevitáveis da vida e a consciência necessária para que seja possível prosseguir.
Como é comum aos álbuns atuais, “My Soft Machine” chegou aos streamings quando várias de suas músicas (cinco) já haviam sido distribuídas como singles. Menos R&B que a estreia “Collapsed in Sunbeans” (2021), este lançamento mostra uma voz mais doce e é influenciado pelo dream pop e pelo indie.
Parks cita o grupo escocês de shoegaze My Bloody Valentine e o álbum “Skinty Fia” (2022), do Fontaines D.C., como algumas de suas inspirações. E isso só faz sentido quando observado com um olhar mais atento — aliás, honestamente, esse disco é um trabalho que parece ser sobre olhar com mais profundidade para o mundo ao nosso redor.
“I’m starved of your affection
“Weightless”, Arlo Parks
You’re crushed under the pressure
But you won’t change
No, you won’t change
I don’t wanna wait for you
But I need you, so I won’t go”
Por mais que as melodias apresentadas nas novas canções sejam suaves, suas letras são como uma janela para as crises e dilemas dessa geração que contempla seus vinte e poucos anos. Desolação pessoal, saúde mental, decepções com terceiros e problemas com drogas. Isso além de um mundo com menos perspectivas de futuro graças à pandemia e à convulsão social que ela trouxe.
Na sinceridade de suas letras, Parks se mostra uma cantora pop distinta. A cantora se mudou para Los Angeles no ano passado, no que parece ter influenciado seu modo de pensar a música. Ela contou à Dork que, morando nos Estados Unidos, buscou mais tempo na praia e nas montanhas. Saiu mais para pegar sol, e nesse processo, entendeu como a natureza e a vida ao seu redor importam de maneira que não cogitava.
Inglesa de Londres, Arlo, cujo nome de batismo é Anaïs, acabou de decolar do Brasil – após se apresentar no C6 Fest (apenas na edição de São Paulo) e uma semana antes do álbum sair. Na oportunidade, ela já apresentou cinco canções: a abertura com “Bruiseless”, “Blades”, “Pegasus”, “Impurities” e “Devotion”. “Purple Phase” e “Dog Rose” são duas canções que podem passar despercebidas à uma primeira audição, mas que contribuem com o clima pensado pela cantora para dar forma ao álbum.
Se você gostou dela, também pode dar uma chance para Indigo de Souza e Nilüfer Yanya que não vai se arrepender.
Ouça “My Soft Machine” a seguir, via Spotify, ou clique aqui para conferir em outras plataformas digitais.
Arlo Parks – “My Soft Machine”
- Bruiseless
- Impurities
- Devotion
- Blades
- Purple Phase
- Weightless
- Pegasus (com Phoebe Bridgers)
- Dog Rose
- Puppy
- I’m Sorry
- Room (red wings)
- Ghost
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