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A dura opinião de David Gilmour sobre “The Final Cut”, do Pink Floyd

Um ano após o lançamento do álbum, o guitarrista e vocalista já era claro em relação a seu descontentamento

Recentemente, o lançamento de “The Final Cut”, derradeiro álbum da formação mais bem-sucedida do Pink Floyd, completou 40 anos. O processo de criação trouxe Roger Waters assumindo a linha de frente por completo, o que faz com que muitos o considerem um disco solo.

David Gilmour nunca escondeu sua frustração quanto ao resultado. Em 1984, quando o disco mal havia completado um ano, o guitarrista falou abertamente sobre sua visão em relação à obra, durante entrevista resgatada pelo site Far Out Magazine.

“Basicamente, Roger tinha uma ideia muito forte de como achava que o álbum deveria ser. Eu simplesmente pensei que ele estava errado na abordagem em vários aspectos e lhe disse isso. Tentei estabelecer um meio-termo, mas não houve disposição de sua parte. Tivemos muitas discussões devido aos pontos conflitantes. Chegou a um ponto em que simplesmente desisti e deixei que ele fizesse o que bem entendesse.”

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Para Gilmour, a banda estava se despedaçando. Não apenas pelo embate de ideias. O tecladista Richard Wright estava fora e o baterista Nick Mason se via envolto em um divórcio durante o período de gravações. Com isso, foi difícil manter o foco.

“Eu acho que muitas das músicas não estão de acordo com o nosso padrão habitual. Há três boas canções, o resto é bem fraco. Não tenho nada particularmente contra o conceito, só acho seu tom um pouco pessoal demais. Penso que se minhas ideias tivessem sido aceitas poderíamos ter feito algo melhor.”

David conclui de forma surpreendente, reconhecendo a liderança de Waters. Apenas acha que o eterno desafeto poderia confiar um pouco mais nos colegas.

“No geral, comprometimento tende a fazer algo funcionar. Roger obviamente acha que pode produzir tudo sozinho, sem minha ajuda, o que discordo. Ele escreve a maior parte do material e desenvolve o conceito. Portanto, entende ter mais direito de dizer como deve ser produzido. Costumo concordar que ele provavelmente deveria ter mais a ver com isso, mas não fazer tudo sozinho.”

Pink Floyd e “The Final Cut”

Último trabalho de inéditas a contar com Roger Waters, “The Final Cut” é conceitual e aborda uma temática inspirada pela Guerra das Malvinas, que acontecia à época. É dedicado à memória de Eric Fletcher Waters, pai do vocalista e baixista, morto na Segunda Guerra Mundial, quando o músico tinha apenas 5 meses de vida.

O título é uma referência a “Júlio César”, tragédia escrita por William Shakespeare em 1599, sobre a morte do imperador romano. Quando o personagem homônimo é apunhalado por Brutus, o escritor diz: “Este foi, de todos, o corte mais cruel”.

Chegou ao primeiro lugar na Inglaterra e sexto nos Estados Unidos, onde vendeu mais de dois milhões de cópias. Um curta-metragem foi lançado para promovê-lo.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

3 COMENTÁRIOS

  1. Dois gênios, sendo um (Gilmour) músico e outro (Waters) Rockeiro. The final cut foi um sucesso porque Waters conseguiu passar para os fãs a eterna proposta da banda de criticar quem quer que seja sonoristicamente sem se render ao movimento pop da época que esse sim acabou com várias bandas.
    O Pink floyd me colocou pra pensar na politica mundial curtindo a musicalidade eu um jovem de 16 anos em 1982 plena gurra das Malvinas.

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