Como Trump e terraplanistas inspiram o raivoso Tobias Forge no Ghost

Vocalista e multi-instrumentista acredita que cultura e política ocidentais vivem certo retrocesso, o que o influenciou criativamente

Para promover o seu novo EP de covers, “Phantomime”, o Ghost liberou na última semana uma releitura de “Jesus He Knows Me”, originalmente do Genesis. A escolha de tal faixa como primeiro single do projeto teve um motivo específico, sobretudo devido à temática. 

Quando lançada em 1991 no álbum “We Can’t Dance”, “Jesus He Knows Me” criticava os evangelistas televisivos. Na época, Jimmy Swaggart (primo da lenda do rock Jerry Lee Lewis), Jim Bakker, Robert Tilton e Benny Hinn estavam sob investigação por prometer sucesso financeiro a seus espectadores, desde que lhes enviassem dinheiro.

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Em entrevista ao NME, o líder do Ghost, Tobias Forge, destacou a pertinência da canção nos dias atuais. Para o vocalista e multi-instrumentista, a política e a cultura ocidentais deram muitos “passos para trás” e, justamente por isso, a letra da faixa faz ainda mais sentido no momento. 

“A canção é mais relevante hoje do que provavelmente foi em 1992. Alguns anos atrás, parecia que essa e outras músicas estavam um pouco datadas liricamente. E elas estavam, os caras do Genesis estavam cantando sobre senhoras do início dos anos 90 e sobre os evangelistas televisivos. Mas tudo o que estamos cantando nessa música, tudo o que ela fala, realmente está de volta – o que eu também estou escrevendo no meu próprio material.” 

Inspirado criativamente por esse retrocesso mencionado, o artista compôs sobre os terraplanistas – pessoas que acreditam na concepção arcaica de que a Terra tem o formato de um plano e que contestam quaisquer pesquisas e registros científicos apontando o contrário. Forge descreveu tal movimento como “uma estupidez”. 

“O que estou escrevendo é uma observação completamente contemporânea sobre um movimento dentro do mundo ocidental que acha que a Terra é plana. Esse movimento quer regredir o mundo e virar completamente o relógio de volta para os tempos medievais. Eu não sei do que se trata, é uma estupidez.”

Tobias Forge e Donald Trump

E não só a abordagem de “Jesus He Knows Me” influenciou o “Phantomime”. A divisão causada pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e os diferentes espectros políticos no país também guiaram a direção do EP, como destaca o NME. 

Quando perguntado sobre fazer referências ao modo de vida americano – e a ilusão em torno dele – nas próprias letras, Tobias Forge refletiu:

“Há um mantra sincero que diz: ‘vamos ser estúpidos, vamos ser ignorantes, ficamos mais confortáveis assim’. O que acontece é que, como parecemos pensar isso coletivamente, todo mundo segue isso normalmente. O mundo ocidental está passando por um momento muito semelhante em todos os lugares. É só que realmente não temos um Trump em nenhum outro lugar além dos Estados Unidos, nem um Partido Republicano, nem uma Marjorie Taylor Greene [deputada americana de extrema direita]. Mas muitas das coisas acontecendo na América também estão acontecendo em toda a Europa.” 

Ghost e “Phantomime”

“Phantomime” traz releituras para “See No Evil” (Television), “Jesus He Knows Me” (Genesis), “Hanging Around” (The Stranglers), “Phantom of the Opera” (Iron Maiden) e “We Don’t Need Another Hero (Thunderdome)” (Tina Turner). A segunda citada saiu como single e veio acompanhada de um clipe – disponível para visualização apenas no YouTube pela restrição de idade.

O vídeo apresenta o padre Jim DeFroque, uma figura um tanto polêmica por trás da publicidade de um bom moço. A obra teve direção de Alex Ross Perry. Recomenda-se que não seja assistido perto das crianças. O single sem clipe pode ser conferido abaixo.

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Maria Eloisa Barbosa
Maria Eloisa Barbosahttps://igormiranda.com.br/
Maria Eloisa Barbosa é jornalista, 24 anos, formada pela Faculdade Cásper Líbero. Colabora com o site Keeping Track e trabalha como assistente de conteúdo na Rádio Alpha Fm, em São Paulo.

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