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Unknown Mortal Orchestra abraça passado e volta à melhor forma em “V”

Ruban Nielson e companhia apresentam uma visão dos paraísos que procuramos para nos refugiar da vida real, com a música soando idealizada e as letras refletindo a realidade

Ao longo de 13 anos de carreira, o Unknown Mortal Orchestra se estabeleceu como um dos principais nomes do psych pop graças à qualidade elusiva de sua música. Toda canção deles soa como uma lembrança de algo escutado no rádio há muito tempo, despertando uma sensação de nostalgia, mas sem o ouvinte conseguir determinar pelo quê.

A resposta residia no passado do líder do grupo, Ruban Nielson: o Havaí. Em “V”, o vocalista e guitarrista resolveu escancarar a influência da terra natal de sua mãe, sempre presente no seu estilo de tocar. Especialmente o subgênero referido como hapa haole, onde música tradicional havaiana era cantada em inglês.

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O resultado, nas mãos de Nielson, é uma música que soa paradisíaca na superfície, efêmera como rádio de final de tarde voltando da praia, mas com aquele toque de escuridão pelas beiradas. Enquanto os arranjos evocam momentos de relaxamento, as letras evocam as ansiedades do mundo real, presentes até quando queremos esquecer.

É nessa tensão onde os melhores momentos do disco acontecem. Seja na fantástica abertura “The Garden”, no single “That Life”, que retrata uma realidade narcótica de um possível criminoso num suposto paraíso, ou a dupla “Nadja” e “Layla”, mostrando como tentamos encontrar um refúgio nos outros e nos ferramos no processo.

“Nadja” apresenta, talvez, o momento mais desolado de “V”, quando Ruban canta:

“Nadja, baby
Found a strand of your hair and ate it
Couldn’t throw away this thing you left behind
Love’s half-life
Evaporates like water in the blood”

[Tradução: “Nadja, baby/Encontrei um fio do seu cabelo e o comi/Não podia jogar fora isso que você deixou pra trás/A meia-vida do amor/Se evapora como água no sangue”]

Outros dois aspectos elevam a música do UMO em “V” de outros artistas psych pop com a mesma estética lo-fi. O primeiro é a guitarra de Ruban Nielson, que alia técnicas de slack-key havaiano à influência de nomes como Jimi Hendrix, Frank Zappa e Captain Beefheart. Seus riffs, licks e solos sempre parecem retorcidos, com algum fraseado fora do comum, porém extremamente sofisticado.

O outro é a bateria do irmão de Ruban, Kody. Enquanto muito da estética lo-fi na música atual aposta em ritmos mais relaxados – daí o nome chillwave –, sua percussão é capaz de alternar entre momentos de paz e urgência. Isso faz “V” um disco que constantemente chama a atenção do ouvinte pela vivacidade de seu som.

Tal vivacidade é extremamente bem-vinda depois de “Sex & Food” (2018), disco anterior do grupo que talvez seja seu trabalho mais sombrio e neurótico. “V” os encontra ainda cientes da escuridão à espreita, mas capazes de enxergar a luz.

Ouça “V” a seguir, via Spotify, ou clique aqui para conferir em outras plataformas digitais.

O álbum está na playlist de lançamentos do site, atualizada semanalmente com as melhores novidades do rock e metal. Siga e dê o play!

Unknown Mortal Orchestra – “V”

  1. The Garden
  2. Guilty Pleasures
  3. Meshuggah
  4. The Widow
  5. In The Rear View
  6. That Life
  7. Layla
  8. Shin Ramyun
  9. Weekend Run
  10. The Beach
  11. Nadja
  12. Keaukaha
  13. I Killed Captain Cook
  14. Drag

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Pedro Hollanda
Pedro Hollanda
Pedro Hollanda é jornalista formado pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso e cursou Direção Cinematográfica na Escola de Cinema Darcy Ribeiro. Apaixonado por música, já editou blogs de resenhas musicais e contribuiu para sites como Rock'n'Beats e Scream & Yell.

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