Os dois álbuns mais frustrantes do Whitesnake para David Coverdale

Vocalista escolheu um disco da fase original da banda e outro que deveria ter sido um trabalho solo

O Whitesnake passou por várias mudanças de formação e de sonoridade. O único elo entre todas as fases é o vocalista David Coverdale. Com tantas experiências, não é de se estranhar que em alguns momentos as coisas não tenham saído como o esperado pelos envolvidos.

Em entrevista de 2020 ao Eonmusic, o frontman foi questionado sobre álbuns com os quais teria se decepcionado. O primeiro citado veio lá da fase inicial, quando o blues rock dominava as ações.

“Em ‘Lovehunter’ (1979) o manager se recusou a deixar Ian Paice gravar a bateria, mesmo ele já estando contratado. Sem desrespeito ao músico que tocou (Dave Dowle), mas era o f#cking Ian Paice! Ele e Neil Murray detonavam juntos, como se pôde ouvir depois em ‘Ready an’ Willing’ (1980)) e ‘Come an’ Get it’ (1981). Foi uma pena, pois as músicas eram ótimas e teriam se beneficiado de seu estilo.”

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Já o segundo citado veio na fase pós-sucesso americano e foi o último antes do encerramento de atividades no final do século passado.

“O outro é ‘Restless Heart’ (1997). Simplesmente porque não deveria ter sido um álbum da banda, mas um trabalho solo meu. Fora esses, não tenho arrependimentos.”

“Restless Heart”

Em entrevista a Mitch Lafon reproduzida no livro “Whitesnake: A Fantástica Jornada de David Coverdale”, do autor Martin Popoff (Estética Torta, 2020), David Coverdale contou que a ideia do álbum “Restless Heart” era que ele se estabelecesse como artista solo. Para tal, contou com respaldo até de seu empresário.

“Depois do ‘Coverdale/Page’, meu empresário e eu decidimos que talvez fosse hora de começar a trabalhar como David Coverdale. Todos os meus contratos com gravadoras eram em nome de ‘David Coverdale, o artista conhecido como Whitesnake’. Sempre foi David Coverdale em nome do Whitesnake.”

Coverdale só não contava que os executivos com quem trabalhava na EMI de Londres, que haviam concordado em ajudá-lo na transição para a carreira solo, fossem substituídos por outros que o obrigaram a lançar o trabalho como parte da discografia do Whitesnake.

“Então, tive que acrescentar guitarras mais pesadas e aumentar o volume da p#rra da bateria, mas para mim não era um disco do Whitesnake. Era um disco solo de David Coverdale.”

No fim das contas, “Restless Heart” saiu na Europa como David Coverdale & Whitesnake. A foto na capa (abaixo) não deixava dúvidas quanto a quem dava as cartas. No Japão, apenas Whitesnake aparece escrito numa arte que segue a linha minimalista de “1987”. A turnê de divulgação foi anunciada como a última do grupo.

Whitesnake no século 21

Após a divulgação de “Restless Heart”, o Whitesnake só retornaria em 2003, com um lineup totalmente reformulado ao redor de Coverdale: Doug Aldrich e Reb Beach nas guitarras, Marco Mendoza no baixo, Tim Drury nos teclados e a volta de Tommy Aldridge na bateria. Desde então, foram lançados outros três discos de inéditas, além de registros ao vivo, coletâneas e “The Purple Album” (2015), com versões para músicas que o vocalista havia gravado em seus tempos de Deep Purple.

*Foto: Ralph Arvesen / CC BY 2.0

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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