Netflix é detonada por anime com inteligência artificial em vez de artistas

Justificativa é uma suposta falta de mão de obra - negada por desenhistas, designers e profissionais relacionados

Como se já não estivesse sendo criticada pela política de não compartilhamento de senhas, a Netflix despertou a ira de uma nova parte do público, dessa vez por criar um anime com o uso de inteligência artificial nos desenhos. Ferramentas do tipo não param de ganhar espaço na internet e o grande temor é que possam tirar o trabalho de artistas humanos conforme ficam mais desenvolvidas.

O curta “The Dog & The Boy”, de apenas 3 minutos, é descrito como uma “experiência” pelo time responsável da plataforma de streaming. Para os cenários da história, esboços feitos por mãos humanas foram submetidos a algoritmos de inteligência artificial por mais de uma vez. Em seguida, o resultado das máquinas foi aperfeiçoado novamente por um desenhista humano.

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Nos créditos, o principal motivo da revolta: as imagens são creditadas a “IA (+ humanos)”, mas a Rinna Co., Lt., empresa desenvolvedora da IA, é citada nominalmente.

Para complicar ainda mais a situação, o Twitter japonês da Netflix fez um post onde divulga o anime e explica que o uso de inteligência artificial é uma ideia para resolver a escassez de mão de obra entre desenhistas. Acontece que, segundo os profissionais da área, não há uma escassez de mão de obra, mas sim de empregos com salários justos.

Confira o post.

“Imagine roubar dos artistas usando IA e depois dizer que é por causa de falta de mão de obra, quando existem vários artistas passando fome por aí e mesmo assim você escolhe zombar deles ao invés de ajudá-los. Faça melhor, Netflix.”

https://twitter.com/sinuuki/status/1620967649000964097

O resultado disso foi uma verdadeira chuva de reclamações nas redes sociais. A Netflix ainda não se pronunciou sobre elas, mas certamente sentiu o baque em um momento que já é de baixa popularidade.

“The Dog & The Boy”, assinado pela Netflix Anime Creators’ Base, com colaboração dos estúdios I.G. e Wit Studio, está disponível na plataforma de streaming.

Netflix e o veto ao compartilhamento de senhas

Desde o ano passado, a Netflix vinha anunciando que combateria o compartilhamento de senhas feito por usuários. A empresa realizou uma série de testes nos últimos meses, criando estratégias para colocar o plano em prática. A ideia é que a ação seja permitida apenas entre pessoas que compartilham a mesma casa.

Para acompanhar isso, o serviço exigirá que os usuários se conectem ao Wi-Fi em seu “local principal” e façam uso do streaming pelo menos uma vez a cada 31 dias. Caso contrário, a conta será bloqueada.

Isso significa que os espectadores não poderão mais compartilhar contas com pessoas que não moram com eles, algo que muitos fazem atualmente. Diz o material promocional:

“A Netflix solicitará que os usuários que tentarem entrar em sua conta em outro lugar se inscrevam em sua própria conta e bloqueiem o acesso até que o façam.”

No período de férias, como o atual, muitos se perguntam o que poderia acontecer, tanto no ato de usar a conta em outro local quanto deixá-la inativa. Diz a empresa:

“Os usuários que desejam usar a Netflix em uma smart TV de hotel, laptop da empresa etc. podem pedir um código temporário que dê a eles acesso à sua conta por sete dias consecutivos.”

O CEO da Netflix, Ted Sarandos, comentou durante reunião com acionistas, no último mês de novembro, que certamente isso causaria um impacto negativo de início, mas a medida deverá fazer a empresa faturar inicialmente cerca de US$ 721 milhões apenas nos Estados Unidos e Canadá. Qualquer valor seria bem-vindo na situação atual da empresa, que enfrentou uma debandada de assinantes.

Estratégias

A Netflix já colocou em prática mais uma novidade: o plano de assinatura com publicidades. Mais baratos do que o básico, esses planos custam R$ 18,90. Quem segue por essa opção tem que encarar anúncios de 15 a 30 segundos exibidos durante a programação. A cada hora de conteúdo assistido, há entre 4 e 5 minutos de reclames comerciais.

Ano passado, a Netflix chegou a perder dois quartos de seus compradores. Em outubro de 2022, voltou a apresentar crescimento, embora ainda de forma discreta. No levantamento mais recente, em janeiro, a empresa contabilizava 230 milhões de assinantes – 41,7 milhões na América Latina.

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André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Interessado em música desde a infância, teve um blog sobre discos de hard rock/metal antes da graduação e é considerado o melhor baixista do prédio onde mora. Tem passagens por Ei Nerd e Estadão.

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