...

O que esperar da série “Daisy Jones & The Six”, adaptação do livro homônimo

Best-seller que conta a história da banda fictícia será retratado em minissérie do Amazon Prime Video

Lançado em 2019, o livro “Daisy Jones & The Six: Uma história de amor e música” acompanha a trajetória da banda fictícia que chega a um fim repentino no ápice de seu sucesso na década de 1970. A obra escrita por Taylor Jenkins Reid ganhou uma adaptação em formato de série, com estreia marcada no Amazon Prime Video para 3 de março, com dois episódios por sexta-feira até o dia 24 do mesmo mês. 

Para que você possa se familiarizar com a obra original antes do lançamento do seriado, destacamos os pontos principais da história, junto de comentários sobre a adaptação para as telas.

- Advertisement -

Atenção: há spoilers do livro “Daisy Jones & The Six”, além de possíveis spoilers da futura série, no artigo a seguir.

O que esperar da adaptação “Daisy Jones & The Six”

Formato

Com um formato documental, o livro tem sua narrativa conduzida por depoimentos dos músicos, familiares, equipe e até críticos de música. A narrativa apresenta vários pontos de vista de uma mesma situação e transmite desde o início do grupo até as pequenas questões de cada integrante, que no fim são potencializadas e contribuem para a separação.

Mesmo com múltiplos pontos de vista, a escrita de Taylor Jenkins Reid traça com clareza o clima e as imagens da trama. Esse ponto facilita o trabalho da adaptação, mas por outro lado aumenta a exigência e expectativa dos fãs do livro por um retrato específico. Lembrando que mesmo sendo uma banda fictícia, Daisy Jones & The Six tem uma curiosamente sólida base de fãs.

O formato documental – adotado também na série, como pode ser visto no teaser de promoção – agrega muito à narrativa por passar o que os personagens estão pensando, qualidade perdida em muitas adaptações de livros para audiovisual. 

Daisy Jones

Entrando de fato na história, o livro dedica seu início a apresentar os personagens principais – e Daisy Jones é a primeira. Nascida e criada em Los Angeles, ela começou já aos 14 anos a frequentar a região da Sunset Strip. “Batia ponto” em bares como Whisky a Go Go ao lado de rockstars famosos e acabou por se tornar uma das groupies mais conhecidas da cena. 

Em um primeiro contato na prévia, Riley Keough (intérprete de Daisy Jones) parece ter captado a essência da personagem. Para além da caracterização destacada pelo cabelo ruivo e ondulado, a atriz transmite a beleza despretensiosa de Daisy e passa até mesmo um olhar desfocado pelo uso de anfetaminas. 

The Six

Sobre os Six, a formação definitiva do grupo conta com Billy Dunne (voz, liderança e composição), Graham Dunne (guitarra solo), Warren Rhodes (bateria), Karen Sirko (teclados e backing vocals), Eddie Loving (guitarra base) e Pete Loving (baixo).

Fundada pelos irmãos Dunne nos anos 1960, a banda iniciou a carreira como “Dunne Brothers” se apresentando em bares e festas locais na Pensilvânia. Em 1970, com um pouco mais de relevância, o grupo se mudou para Los Angeles, onde assinaram contrato com a gravadora Runner Records.  

Neste capítulo, ainda são abordados pontos bem importantes para a história, como o abandono paterno sofrido pelos Dunne – fato que assombra Billy constantemente – e a relação do frontman com a namorada Camila, personagem secundária que causa grande impacto na trama principal. 

O capítulo extenso e detalhado pode ser resumido na adaptação sem grandes perdas. Aqui, o foco nos depoimentos pode agregar mais, tirando a necessidade de pintar grandes cenários como a primeira turnê dos Six. No caso de adaptações, é importante saber o que pode ser cortado e ajustado, mas nesse caso já temos indícios das economias a serem feitas.

O exemplo principal é o fato dos seis terem se tornado cinco. Na obra original, o personagem Pete Loving é quase irrelevante para a trama. Sabendo disso, ele foi cortado da série; na nova dinâmica, Eddie Loving, originalmente guitarrista base, assume o posto de baixista, como já divulgado em imagens promocionais. 

As carreiras de Daisy Jones e dos Six

Entre 1972 e 1975, Daisy Jones começa a compor e, graças às suas conexões na indústria, consegue rapidamente um contrato com a Runner Records. Em conflito com as amarras contratuais e as vontades da gravadora, a jovem entra em uma espiral de abuso de álcool e anfetaminas; como resultado, lança um álbum de estreia mediano. 

Paralelo a isso, os músicos do Six iniciam o processo de composição e produção de seu álbum de estreia. Com os integrantes morando juntos, surge uma tensão em torno da liderança de Billy que, apoiado no uso de drogas para estímulo criativo, se torna obcecado com a ideia de criar o “melhor álbum já gravado”.

Como é uma obra sonora produzida em um livro, imagina-se que o resultado musical seja subjetivo, de acordo com a interpretação de cada leitor. Contudo, Taylor Jenkins Reid adota um recurso que beira a genialidade: a autora usa a declaração de um crítico de rock para descrever detalhadamente a sonoridade de um disco fictício. Isso facilita o trabalho da adaptação das músicas, mas pode aumentar o descontentamento de fãs anteriores com alterações significativas.

Mesmo com grande potencial, o álbum “The Six” não deve ganhar destaque dentro da série. Com base nos materiais de divulgação, fica claro que o trabalho musical a ser desenvolvido será somente “Aurora”, colaboração com Daisy Jones. 

De volta à narrativa, com o sucesso do álbum de estreia, o grupo se preparou para uma grande turnê. Porém, antes de cair na estrada, Billy descobriu a gravidez da namorada Camila. A notícia é um ponto de virada para o músico que, inconformado, mergulha em uma crise existencial, marcada por sexo, drogas e rock and roll.

Billy é afastado da turnê e perde o nascimento da filha. Assombrado pela ausência do pai, o músico passa um período na reabilitação, focado em se recuperar e se dedicar integralmente à banda e a família. Esse ponto, indispensável na adaptação e presente no teaser, norteia todas as futuras ações do personagem. 

A colaboração

Após o retorno de Billy, o The Six gravou o álbum “SevenEightNine”, considerado sem potencial comercial pela gravadora. Com dois artistas estagnados, a Runner Records propôs aos Six a gravação de um dueto com Daisy Jones. Escrita por Billy, a balada “Honeycomb” foi lançada como single e atingiu as paradas graças “à química entre essas duas vozes”. 

Com o sucesso do dueto, a imagem dos Six se associava cada vez mais com a de Daisy, que consequentemente se tornou atração de abertura da turnê do grupo. Contrário à presença da cantora, Billy enfrenta grande dificuldade na estrada em manter sua sobriedade, tanto pela ausência da família, como pela proximidade com o vício de Daisy. 

Perto do fim da turnê, Daisy é abandonada por sua banda e empresário. Com a ajuda de Eddie, guitarrista dos Six, a cantora faz um show voz e violão, encerrado com a participação surpresa de Billy para “Honeycomb”. A ocasião é a prova do potencial da colaboração, confirmado por uma matéria de capa da Rolling Stone. Mesmo resistente, Billy tem que aceitar a cantora na banda. 

Mesmo de grande importância para a história, vários pontos retratados neste capítulo podem ser cortados na adaptação pensando na fluidez dos episódios. Por conta do formato documental, depoimentos de situações secundárias entram no meio da narração de uma situação principal. 

Um exemplo é o momento em que Daisy se vê sem banda e precisa da ajuda de um dos Six. Trata-se do destino da banda e a narrativa é interrompida por depoimentos de Karen e Graham sobre um romance entre eles. Para o formato escrito, essa quebra é aceitável; não ideal, mas funciona. Já na adaptação para as telas, esse formato precisa ser repensado com mais sutileza para não afastar o espectador do fio condutor da história. 

Neste ponto, a adaptação precisa de muito cuidado para não perder as nuances passadas pelo formato, principalmente se tratando do relacionamento de Karen e Graham. Na maior parte das vezes, os depoimentos de Graham sobre a tecladista, em meio a condução de uma narrativa importante, mostra a obsessão e até inconveniência do personagem com a colega profissional.

Daisy Jones & The Six

Oficialmente membro dos Six, Daisy Jones entra na produção do álbum “Aurora” decidida a contribuir nas composições democraticamente. Isso impulsiona os outros integrantes a conquistarem espaço criativo.

Autoritário em relação ao controle criativo, Billy apresenta uma série de composições prontas que são recusadas por Daisy. Enquanto a banda trabalha na melodia da música título no estúdio, a dupla de vocalistas se isola em uma casa para trabalharem juntos. 

O processo de composição do “Aurora” é um dos pontos mais importantes da narrativa. Aqui a relação de Billy e Daisy é explorada a partir da vulnerabilidade que cada um expressa por meio das letras escritas em conjunto. Fica claro que os pontos em comum entre os dois também são os que afastam Billy da colega, como admiração, atração, a relação com a arte e as drogas. 

Durante toda a obra, mas principalmente nesta parte, as músicas compõem a narrativa. Um exemplo é “Impossible Women”, que apresenta de forma íntima como Billy vê Daisy. No livro, são apresentadas na íntegra as letras de todas as músicas, o que facilita o trabalho da adaptação – que já mostrou por meio de “Regret Me”, primeira música lançada, que alterações significativas serão feitas. 

Cada vez mais próximos por conta do processo, Billy e Daisy transparecem um clima para os colegas de grupo, mas a relação volta à estaca zero quando a cantora tenta beijar o colega. Esse momento, assim como todos os outros da dupla compondo longe da banda, concentra grande expectativa dos fãs. 

A sessão de fotos para a capa do álbum – retratada na adaptação como visto no teaser – é marcada pelo afastamento de Billy e Daisy entre si e em relação aos outros músicos, colocados como coadjuvantes. Esse distanciamento é concretizado durante um pequeno recesso entre a mixagem e a turnê do “Aurora”. 

Nesse período, Daisy viaja e se casa com um aristocrata italiano. Mesmo dizendo muito sobre a personagem, essa narrativa poderá ser cortada dentro da adaptação sem grandes perdas. O principal deste trecho – a piora no vício de Daisy e sua relação com a amiga Simone – pode ser abordado em cenários mais simples. 

Reunidos em Los Angeles, os membros da banda se juntam para ouvir a mixagem final do álbum que, durante o recesso, teve grande parte do instrumental alterado ou regravado por Billy. Com a sensação de que foram traídos, os músicos não viam mais sentido no projeto, mas se encaminharam para uma grande turnê de estádios.

A turnê “Aurora” e o fim da banda

Com “Aurora” no topo das paradas, no verão de 1978, o Daisy Jones & The Six cai na estrada. Neste ponto, as tensões entre Karen e Graham ganham grande destaque. Como já citado, o guitarrista beira a obsessão com a colega, que vê a relação como casual. Em meio à excursão, a tecladista descobre estar grávida e opta por um aborto. Graham discorda da decisão e a partir daqui a convivência entre os dois fica insustentável.

A relação de Billy e Daisy também tem novos desdobramentos. Após um tempo na estrada, a dupla começa a ceder e admite uma paixão mútua, que não evolui em função da fidelidade de Billy à esposa.

Com todas essas questões, a banda sobe no palco em Chicago em 12 de julho de 1979. Sem saber que aquele seria o último show de Daisy Jones & The Six, Billy incluiu “Honeycomb” no encerramento da apresentação. O dueto é marcado por Daisy entendendo que se apaixonou por um homem indisponível, enquanto Billy quase cede a ela ali no palco, mesmo com a presença da família. 

Como desdobramento da troca de olhares dos vocalistas, Camila aborda Daisy no hotel em que a banda está hospedada. A esposa de Billy reconhece que ele ama Daisy, deixa claro que não vai desistir e pede para que a cantora abra mão do frontman e deixe a banda. No dia seguinte, sem aviso, Daisy deixou o hotel e consequentemente os Six. 

Billy então encerra as atividades dos Six. O grupo nunca mais se reuniu. 

No livro, a maior marca do capítulo sobre último show é um frenesi crescente, com várias narrativas se desenrolando ao mesmo tempo para resultar no fim da banda. Tal essência, já adotada no teaser, oferece o clima certo de encerramento e será muito bem-vinda na série.

Sobre a série “Daisy Jones & The Six”

A minissérie em dez episódios estreia no Amazon Prime em 3 de março. O elenco é composto por Riley Keough (Daisy Jones), Sam Claflin (Billy Dunne), Suki Waterhouse (Karen Sirko), Will Harrison (Graham Dunne), Josh Whitehouse (Eddie Roundtree) e Sebastian Chacon (Warren Rojas). 

A adaptação apresenta vinte e quatro músicas originais produzidas por Blake Mills, com a colaboração de Phoebe Bridgers, Marcus Mumford, Jackson Brown e Taylor Goldsmith. Onze destas músicas compõem o álbum “Aurora”, lançado simultâneo a série nas plataformas digitais e em vinil. 

Clique para seguir IgorMiranda.com.br no: Instagram | Twitter | Facebook | YouTube.

ESCOLHAS DO EDITOR
InícioCuriosidadesO que esperar da série “Daisy Jones & The Six”, adaptação do...
Tairine Martins
Tairine Martinshttps://www.youtube.com/channel/UC3Rav8j4-jfEoXejtX2DMYw
Tairine Martins é estudante de jornalismo na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Administra o canal do YouTube Rock N' Roll TV desde abril de 2021. Instagram: @tairine.m

DEIXE UMA RESPOSTA (comentários ofensivos não serão aprovados)

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui


Últimas notícias

Curiosidades