The Ocean Collective oferece show intenso e repleto de nuances em São Paulo

Em apresentação única no Brasil, banda de metal progressivo exigiu envolvimento de quem estava na plateia – e ninguém saiu decepcionado

Enquanto o rock progressivo soa um pouco pedante, por mais genial que seja (e você, amigo leitor, sabe muito bem que fã de rock progressivo pode ser chato), a experiência quando transposta para o metal tende a ser um pouco diferente. Mais intensa, talvez?

Tendo isso em vista, vamos falar do The Ocean Collective. Formado por Robin Staps (guitarra), Loïc Rossetti (vocais), Paul Seidel (bateria), Peter Voigtmann (teclados), Mattias Hägerstrand (baixo) e David Ramis Ahfeldt (guitarra), esse coletivo conseguiu transformar a evolução da humanidade em música pesada, intensa e por que não dizer um tanto quanto experimental?

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*Fotos de Gustavo Diakov / @xchicanox

Ao vivo, pode-se dizer sem sombra de dúvidas que a coisa muda de figura em comparação a outros grupos do mesmo cenário. Se te disseram que show de banda de metal progressivo é chato, com direito a sucessivas masturbações técnicas por parte dos músicos, veja um show do The Ocean e mude sua percepção por completo.

Embora os músicos sejam extremamente competentes, o prog metal/post metal da banda ao vivo soa como um soco no peito. É vigoroso e exige envolvimento de quem está na plateia. E quando o fã está imerso em um show, amigo leitor, você sabe tão bem como eu que a situação fica bem diferente.

Em uma apresentação enxuta e calcada no último disco – “Phanerozoic II: Mesozoic/Cenozoic” (2020), lançado em meio à pandemia –, o conjunto ofereceu performance competente, iluminação coerente e som potente, mas que para mim não incomodou como em outras ocasiões (foi pouco zunido e esqueci meu protetor auricular). Também contou com um público entusiasmado nesta que foi a primeira apresentação solo da banda no Brasil. Esse compilado de aspectos fez do que se viu no Carioca Club uma experiência.

Musicalmente falando, os alemães são coesos e te fazem tanto viajar nos interlúdios instrumentais como bater cabeça loucamente ao som dos blast beats de “Pleistocene”. E cá entre nós: um show que começa com a dobradinha “Triassic/Silurian: Age of Sea Scorpions” não tem como dar errado.

Algumas atitudes também fazem a diferença nessa percepção. Afinal de contas, você já viu uma banda que, no meio do show, levanta um fã paraplégico e o coloca do lado do palco para assistir a algumas músicas? Pois isso aconteceu na última quarta-feira (28). Quantas vezes o vocalista de uma banda se jogou nos braços do público, foi erguido pelas pernas e berrou a plenos pulmões? Durante essa apresentação, contei pelo menos umas três vezes.

Assistir ao The Ocean Collective é uma experiência por si só. É música intensa e pesada, que te faz lembrar que o heavy metal tem muito mais nuances do que o que se ouve cotidianamente. Se eles passarem por sua cidade, mesmo sem conhecer uma música sequer, vá e se deixe levar. Te garanto que você vai sair de lá com uma visão muito diferente do prog metal, assim como eu saí.

Aliás, já pode pedir para esses caras tocarem de novo no Brasil?

*Fotos de Gustavo Diakov / @xchicanox

The Ocean Colletive em São Paulo

  • Local: Carioca Club
  • Data: 28 de dezembro de 2022

Repertório:

  1. Triassic
  2. Silurian: Age of Sea Scorpions
  3. Bathyalpelagic I: Impasses
  4. Bathyalpelagic II: The Wish in Dreams
  5. Miocene | Pliocene
  6. Oligocene
  7. Permian: The Great Dying
  8. Pleistocene

Bis:

  1. Cryogenian
  2. Holocene
  3. Jurassic | Cretaceous

Bis 2:

  1. Shamayim
  2. Firmament

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Tatiane Correia
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Graduada em Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Atualmente escrevo sobre economia e política no Jornal GGN. Me afundei no heavy metal em 1995 e não mais saí dele - e já escrevi para sites como Horns Up, Passagem de Som, Whiplash, Yahoo! Brasil e Van do Halen.

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