A cantora egípcia que Robert Plant cita como inspiração

Vocalista se inspirou em Oum Kalthoum para interpretar “Kashmir”, uma das mais belas canções do repertório do Led Zeppelin

Que o Led Zeppelin sempre flertou com os mais distintos sons, é algo evidente em toda a discografia. Robert Plant vai ainda mais longe, com uma carreira solo e projetos que flertam com caminhos musicais ainda mais diversificados – o que muitas vezes chega a confundir e desagradar os fãs que acham que seu trabalho deveria se resumir ao “roque paulêra”.

Em entrevista resgatada pelo site Far Out Magazine, o lendário vocalista exaltou a cantora egípcia Oum Kalthoum. Grande inspiração desde seus primórdios, ela foi lembrada até mesmo em momentos como o hino “Kashmir”, onde Robert Plant tentou imitar seu registro típico.

“A maneira como ela cantava, o jeito como segurava uma nota, você podia sentir a tensão. Era possível reparar que todo mundo, toda a orquestra, segurava junto até quando ela quisesse mudar. Quando ouvi pela primeira vez a maneira como ela dançava na escala para pousar em uma nota bonita que eu nem conseguia imaginar cantando, foi enorme: alguém abriu um buraco na parede da minha compreensão dos vocais. Foi um dia muito importante, enriqueceu muito minha vida. Mesmo que eu mal entenda uma palavra que ela está cantando, porque é em árabe, tive que pegar um pouco do efeito que teve em mim e colocar na música.”

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Outro ícone da música popular ocidental que exaltou Oum foi Bob Dylan.

“Ela interpretava principalmente canções de amor e de oração, com acompanhamento de violino e bateria. O pai dela entoava essas orações e acho que ela foi tão boa quando tentou o acompanhar que ele permitiu que ela cantasse profissionalmente. Ela já morreu, mas não foi esquecida. É ótima. Realmente é. Muito boa.”

Sobre Oum Kalthoum

Nascida em 1898, Oum Kalthoum alcançou a fama em meados da década de 1920 e rapidamente se tornou conhecida como “A Voz do Egito”, ou de maneira ainda mais grandiosa, “A Quarta Pirâmide”. Vindo de origens humildes em uma casa religiosa no interior, ela se juntou ao conjunto vocal da família quando tinha 12 anos.

Inicialmente, a família a disfarçou de menino para conter a ansiedade sobre os comentários flagrantes que tal apresentação pública poderia trazer. No entanto, com o tempo, sua voz se elevaria e nenhum disfarce encobriria seu talento. A seguir, foi para o Cairo, onde tocaria com as principais orquestras do país.

Faleceu no dia 3 de fevereiro de 1975, devido a problemas renais. Seu funeral foi acompanhado por uma multidão estimada em 4 milhões de pessoas.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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