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Por que o Spotify logo pode falir por receber 100 mil músicas ao dia

Custos para manutenção de todo o conteúdo pode trazer problemas à mais famosa plataforma de streaming de música

O Spotify é o mais popular serviço de streaming do mundo, com 406 milhões de usuários ativos, sendo 180 milhões deles em modalidades pagas. Seus arquivos contam com mais de 100 milhões de músicas e outros registros de áudio.

Porém, a continuidade da plataforma está ameaçada pelo alto número de upload de material. Quem garante é o CEO da Universal Music, Sir Lucian Grainge.

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Durante encontro com analistas realizado nos últimos dias (via Music Business Worldwide), o empresário alertou para o fato de que as métricas estão se tornando cada vez mais confusas.

“Onde as plataformas de música estão recebendo 100 mil faixas por dia, o resultado líquido disso é uma experiência confusa para todos nós. Consumidores são cada vez mais guiados para conteúdo de baixa qualidade por um algoritmo. Não achamos que isso seja sustentável para as plataformas, nem para os fãs de música.”

As despesas do Spotify

Grainge ainda aponta outra questão preocupante para a sustentabilidade do formato: o crescente custo financeiro para o Spotify ao hospedar mais de 100 milhões de faixas em seu serviço e, potencialmente, adicionar mais de 100 mil novos registros todos os dias nos próximos anos.

O site Music Business Worldwide apontou alguns aspectos que contribuem com a narrativa.

  • O primeiro relatório anual do Spotify como uma empresa pública foi divulgado em 2018. Ele descreveu um “aumento anual nos custos de tecnologia da informação de 15 milhões de euros (cerca de R$ 74,9 milhões na cotação atual)” devido a “um aumento no uso de serviços de computação em nuvem e taxas adicionais de licença de software”;
  • Não sabemos quanto essa linha de custo estava tirando do Spotify antes de 2018, mas obviamente custou ao Spotify pelo menos 15 milhões de euros em 2018 (ou seja, se considerarmos a possibilidade hipotética de que de alguma forma custou zero em 2017);
  • Em 2019, o relatório anual do Spotify revelou outro aumento nos custos de 20 milhões de euros, mais uma vez devido a “um aumento no uso de serviços de computação em nuvem e taxas adicionais de licença de software”.
  • A essa altura, sabemos que essa despesa custou ao Spotify pelo menos 35 milhões de euros naquele ano (ou seja, se foi apenas € 15 milhões em 2018, deveria ser pelo menos € 20 milhões a mais em 2019).
  • Em 2020, o relatório anual do Spotify revelou outro aumento nos custos de 20 milhões de euros devido a, sim, “um aumento no uso de serviços de computação em nuvem e taxas adicionais de licença de software”. Portanto, são pelo menos 55 milhões de euros por ano a esta altura;
  • Então, em 2021, o relatório anual do Spotify revelou “um aumento nos custos de tecnologia da informação de 33 milhões de euros devido a um aumento no uso de serviços de computação em nuvem e taxas adicionais de licença de software”. Ou seja, pelo menos 88 milhões de euros por ano.

De acordo com a própria empresa, apenas nos primeiros 9 meses de 2022 mais 42 milhões de euros foram investidos. A plataforma usa o serviço de nuvem do Google.

Ondas de conteúdo

Vice-presidente executivo da Universal Music, Michael Nash declarou no mesmo encontro:

“As plataformas de streaming estão inundadas por uma onda de conteúdo à medida que milhões de criadores estão obtendo acesso. Mas estes são essencialmente uploaders de conteúdo; eles não são artistas no sentido que tradicionalmente pensamos em artistas. Quase 80% desse pool de uploads de vários milhões de criadores tem um público mensal de menos de 50 ouvintes. E, de fato, 90% desses criadores têm menos de 400 ouvintes mensais.

São 400 ouvintes mensais de uma audiência de milhões no Spotify. Então, apenas para colocar um ponto de dados por trás disso: isso significa que 90% desses uploaders estão engajando menos de 1 milionésimo da plataforma. Estes são amadores que estão tocando para uma casa essencialmente vazia.”

Nash entende que a situação precisa ser peneirada para apresentar algum resultado.

“O que acreditamos é que o valor das plataformas para seu modelo de negócios deve se basear no foco em artistas reais, em seu conteúdo, e como estamos dando a eles acesso a seus fãs.”

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

1 COMENTÁRIO

  1. Eu queria saber como o Spotify lucra com música logo que no meu caso eu faço uso ao extremo da plataforma,
    Deixo tocando em média 19h por dia,
    Sabendo que o Premium custa R$19,90
    E valor pago aos artistas gira em torno de R$0,02 por streaming.
    Se uma música tem 4min em média, então 1h ela é reproduzida 15 vezes. É em 19h dá um total de 285 streamings e em 30 dias, um total de 8.550 streamings
    E calculando 8.550xR$0,02 dá um total de RS171,00
    Se a assinatura custa R$19,90 – R$171,00 então o que o Spotify lucra com meu plano é -R$151,00
    Então os planos de negócio de Spotify são altamente inviáveis

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