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Entrevista: Doyle dá respostas curtas e grossas antes de turnê pelo Brasil

Prestes a realizar sua primeira sequência de shows como artista solo no país, guitarrista do Misfits não pareceu muito disposto a ser profissional com a imprensa daqui

Teve início no último domingo (6) a turnê de Doyle Wolfgang von Frankenstein pela América Latina. A chamada Latin America Abomination Tour 2022 visa à promoção levemente tardia de “Doyle II: As We Die”, segundo álbum solo do guitarrista do Misfits, lançada em 2017. Acompanham Doyle o vocalista Alex “Wolfman” Story — também responsável pelas letras —, o baixista Brandon Strate e o baterista Wade Murff.

Dos cinco shows previstos para a etapa brasileira do giro, dois, Curitiba (PR) e Rio de Janeiro (RJ), caíram: o primeiro devido ao fechamento do CWB Hall, onde o concerto seria realizado, o segundo, por questões de logística não especificadas; o que, em se tratando da capital fluminense, pode equivaler a uma baixa vendagem de ingressos. Seguem mantidas as performances no dia 12 no festival Maranhão Open Air em São Luís (MA), dia 15 em Belo Horizonte (MG) e dia 18 em no Oxigênio Festival em São Paulo (SP).

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Às vésperas do desembarque em terras sul-americanas, foi oferecida ao site a oportunidade de enviar até oito perguntas para Doyle por e-mail, o que, apesar da estranha limitação de questões, foi prontamente cumprido. Só não fazíamos ideia de que o músico não só se recusaria terminantemente a responder uma delas — sobre a era Michale Graves do Misfits — como seria quase desrespeitoso de tão lacônico nas respostas a outras três.

Horror pré-Misfits e a origem do nome

Antes de entrar para o Misfits e adotar o nome e a identidade artística Doyle Wolfgang von Frankenstein em 1980, Paul Caiafa quebrava um galho como roadie da banda comandada por seu irmão mais velho, o baixista Jerry Only, que, juntamente com o vocalista Glenn Danzig, lhe ensinou os primeiros acordes na guitarra.

A primeira pergunta a Doyle foi sobre esse começo. Teria esse gosto pelo horror surgido após sua entrada no Misfits? Ele conta:

“Sou fissurado nesse universo do horror desde criança. Comprava e lia revistas, brincava com monstros e assistia a tudo que era filme de terror que passava na TV.”

Seu favorito certamente irá surpreender alguns:

“‘King Kong’, de 1933, com [a atriz] Fay Wray em seu delicado cetim drapeado.”

Mas por que o nome “Doyle Wolfgang von Frankenstein”? As inspirações, segundo ele, foram duas:

“Jerry tinha um amigo que se chamava Frankie Doyle que começou a me chamar de Doyle e aí o apelido pegou. Já a parte do ‘Wolfgang’ veio do seriado de TV ‘Os Monstros’. Sempre que queria dar uma bronca no seu filho Edward, Lily Munster o chamava pelo nome completo, Edward Wolfgang Munster.”

Comentários sobre “Walk Among Us”

No último mês de março, o disco de estreia do Misfits considerado a pedra angular do movimento horror punk, “Walk Among Us”, completou 40 anos de lançamento. O status de lenda que ostenta nos dias de hoje, por incrível que pareça, estava nos planos da rapaziada.

“Sabíamos que o disco faria muito sucesso. As músicas são muito boas e músicas muito boas vivem para sempre.”

Ainda assim, o guitarrista faz críticas ao trabalho:

“Acho a produção dele uma b#sta porque só tínhamos 3 mil dólares para fazer o disco todo. Não sabíamos que era possível fazer overdubs e edições, então todas as músicas foram basicamente gravadas em uma tomada só.”

Cinco palavras em duas respostas

O sucesso de “Walk Among Us”, seguido no ano seguinte por “Earth A.D. / Wolfs Blood”, não foi o suficiente para manter o grupo unido. Poucos meses após o lançamento de seu segundo álbum de estúdio, o Misfits se dissolveu.

Glenn formou o Samhain, que estabeleceria as bases para o Danzig. Já Jerry e Doyle resolveram se aventurar no metal cristão.

Kryst the Conqueror foi a banda que os irmãos montaram ao lado do vocalista — e desde aquela época um multiuso — Jeff Scott Soto. Um álbum denominado “Deliver Us from Evil” chegou a ser gravado com participação de Dave “Snake” Sabo, do Skid Row, na guitarra solo, mas nunca foi lançado. Tudo o que chegou a público foi um EP de cinco faixas em 1989.

Por se tratar de um período em que há tão poucas informações disponíveis na internet, me senti quase que na obrigação de tentar extrair de Doyle um parecer. “Você poderia falar um pouquinho sobre essa época?” A resposta não poderia ser mais brochante:

“Não.”

Por mais que a separação do Misfits em meados dos anos 1980 tenha deixado um gosto amargo, não há amargor que resista a um bom cachê. Recentemente, Jerry e Doyle fizeram as pazes com Glenn e caíram na estrada no correspondente horror punk a Not in This Lifetime, turnê que promoveu o reencontro de Axl Rose, Slash e Duff McKagan no Guns N’ Roses.

Embora saibamos que a principal motivação deva ter sido financeira, Doyle desconversa, também de forma lacônica:

“Faço isso pelos fãs.”

https://www.youtube.com/watch?v=c_hiywu9gig

Carinho pelos fãs, só que não

Quem segue Doyle no Instagram sabe que ele é dos músicos mais ativos nessa rede social. Sempre repostando e comentando as postagens nas quais é marcado, interagindo com os fãs, ainda que por meio de emojis… enfim, um cara que certamente teria algo bacana a dizer quando perguntado sobre presença digital.

Ledo engano. Para ele, as redes sociais nada mais são do que uma maneira de se autopromover e divulgar os shows, “já que as casas de shows não os divulgam como deveriam”. Ele completa dizendo que “se não fosse essa necessidade, provavelmente nem estaria nas redes sociais”.

https://www.instagram.com/p/CiEdbyNstTZ/

Por fim, a pergunta: o que os fãs brasileiros podem esperar dos shows? A resposta:

“Eles terão aquilo pelo que pagaram…”

*Foto: Jonas Rogowski / CC BY-SA 3.0

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Marcelo Vieira
Marcelo Vieirahttp://www.marcelovieiramusic.com.br
Marcelo Vieira é jornalista graduado pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso (FACHA), com especialização em Produção Editorial pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Há mais de dez anos atua no mercado editorial como editor de livros e tradutor freelancer. Escreve sobre música desde 2006, com passagens por veículos como Collector's Room, Metal Na Lata e Rock Brigade Magazine, para os quais realizou entrevistas com artistas nacionais e internacionais, cobriu shows e festivais, e resenhou centenas de álbuns, tanto clássicos como lançamentos, do rock e do metal.

2 COMENTÁRIOS

  1. Olá, Igor, tudo bem?

    Você acha então que o Doyle W. Von Frankestein não é simpático?
    Um amigo meu já tinha comentado comigo sobre ele não gostar das pessoas, que ele só é “simpático” por dinheiro.
    Fui ao show da banda Doyle e o vocalista, em determinado momento, desceu do palco e foi cantar no meio do público! NINGUÉM O AGARROU, SEQUER FICARAM MUITO PERTO DELE, O DEIXANDO BASTANTE CONFORTÁVEL. Ao final do show o baterista e o baixista foram até a pista tirar fotos com os fãs. Ambos muito simpáticos e atenciosos. Doyle não deu as caras…
    Então você sentiu certa antipatia por parte dele? Eu queria muito me iludir e acreditar que ele é uma pessoa legal com os fãs… 🙁
    Estou com aquele misto de sentimentos de melancolia e tristeza por ter passado tão rápido o show…

    Agradeço a atenção e abraços!

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