Estilo no pop é algo cíclico, com modas do passado sendo revividas e recontextualizadas a todo momento. Durante muito tempo, os excessos do synthpop oitentista foram evitados por artistas, mas nos anos 2010, artistas indie como Phoenix, M83, Yeah Yeah Yeahs e CHVRCHES atingiram certo grau de sucesso mainstream criando versões atualizadas dos monólitos sonoros dos anos 1980.
Entretanto, sempre que um artista daquela década tenta capitalizar em cima desse revival synth pop, invariavelmente soam datados. Por uma razão ou outra, sempre soam como cópias de seus próprios tempos dourados. Em “Direction of the Heart”, o Simple Minds consegue se esquivar desses clichês com elegância em momentos.
Um grande equívoco de bandas de carreira longa tentando se manter atuais é que acabam deixando para trás o ingrediente principal responsável por torná-las distintas. O Simple Minds durante seu auge era comparado demais com o U2, mas como o produtor Steve Lillywhite apontou uma vez, o som dos escoceses é muito mais calcado no groove.
As guitarras estilo The Edge estão presentes nos arranjos até hoje. Ainda assim, fazem parte de um caldo com outras influências informando a sonoridade característica do grupo.
Jim Kerr e cia com certeza notaram a nova onda de synth pop mencionada acima, porque vários dos melhores momentos de “Direction of the Heart” soam influenciados por artistas mais recentes, como M83 e CHVRCHES.
Alguns dos destaques do disco, como “Vision Thing” e “Act of Love” mostram como eles são capazes de digerir isso e fazer algo que soa como Simple Minds e não Simple Minds tentando soar moderno. E levando em conta estarmos falando isso em 2022, é digno de elogio.
Ouça “Direction of the Heart” a seguir, via Spotify.
Simple Minds – “Direction of the Heart”
- Vision Thing
- First You Jump
- Human Traffic (com Russell Mael, do Sparks)
- Who Killed Truth?
- Solstice Kiss
- Act Of Love
- Natural
- Planet Zero
- The Walls Came Down (original do The Call)
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