Martin Scorsese nunca teve papas na língua com relação à comercialização excessiva do cinema. O cineasta provou isso mais uma vez na última quarta-feira (12) quando, antes da estreia de seu novo documentário sobre David Johanson (vocalista do New York Dolls), aproveitou para exaltar festivais e criticar a indústria.
Segundo o IndieWire, Scorsese falou:
“Desde os anos 80, existe um foco em números. É repulsivo. O custo de um filme é uma coisa. Entenda que um filme custa certa quantia, eles esperam que ao menos recebam essa quantia de volta e mais. A ênfase agora está em números, custo, o fim de semana de estreia, quanto fez nos EUA, quanto fez na Inglaterra, quanto fez na Ásia, quanto fez no mundo inteiro, quantos espectadores teve.”
O cineasta continuou elogiando o New York Film Festival, onde a estreia ocorria:
“Como um cineasta, e como uma pessoa incapaz de imaginar vida sem cinema, eu sempre achei isso um insulto enorme. Eu sempre soube que tais considerações não tem lugar no New York Film Festival, e a chave é: não existem prêmios aqui. Você não precisa competir. Você só precisa amar cinema aqui.”
Confira o discurso completo de Martin Scorsese no NYFF abaixo:
Martin Scorsese e David Johansen
Intitulado “Personality Crisis: One Night Only”, o documentário sobre David Johansen é composto por cenas ao vivo, entrevistas e material inédito. Martin Scorsese assina a direção ao lado de seu colaborador de longa data, David Tedeschi, com Ellen Kuras responsável pela fotografia.
Para o projeto, foi gravado um show de Johansen, sob o pseudônimo de Buster Poindexter, realizado no Café Carlyle, em Nova York, no ano de 2020.
Em comunicado, Scorsese explicou o que o motivou a filmar o show e trabalhar no documentário, que reúne também imagens de arquivo do músico.
“Antes e agora, a música de David Johansen captura a energia e a excitação da cidade de Nova York. Eu vejo ele performar as vezes, e ao longo dos anos eu pude conhecer profundamente suas inspirações musicais. Depois de ver esse show… no Café Carlyle, eu sabia que tinha que filmá-lo porque era tão extraordinário ver a evolução de sua vida e de seu talento musical em um ambiente tão íntimo. Para mim, o show capturou o verdadeiro potencial emocional de uma experiência musical ao vivo.”
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