O mundo se despediu de Nichelle Nichols, a eterna tenente Uhura de “Star Trek”. A atriz, falecida aos 89 anos, se tornou um símbolo do movimento dos direitos civis por causa do papel, a ponto de ter recebido um apelo de ninguém mais, ninguém menos que o Dr. Martin Luther King Jr. para permanecer no programa.
O sucesso inicial da série trouxe consigo ofertas para a atriz, incluindo da Broadway. Nichols havia decidido deixar “Star Trek” após a primeira temporada, chegando a avisar ao criador, Gene Roddenberry. Entretanto, um encontro fortuito com o Dr. King num evento da NAACP ocorreu.
Numa entrevista para a NPR, Nichols disse que o pastor e ativista se revelou um fã da série, a parabenizando pela construção do papel. Quando ela o informou de sua decisão para sair, o Dr. King imediatamente fez um apelo:
“Ele me parou e disse: ‘você não pode fazer isso’. E eu estava atônita. Ele disse: ‘Você não entende o que esse homem [Roddenberry] conseguiu? Pela primeira vez, estamos sendo vistos por todo mundo como deveríamos ser vistos’. Ele disse: ‘Você entende que esse é o único programa que minha esposa Coretta e eu deixamos nossos filhos pequenos ficar acordados até mais tarde para ver?’ Eu estava sem palavras.”
Nichelle Nichols e “Star Trek”
Nichelle Nichols havia sido não só uma das primeiras mulheres negras a fazer parte do elenco principal de um seriado de televisão nos Estados Unidos, mas também sua personagem era um dos primeiros retratos televisivos de uma pessoa não-branca que não era calcada em estereótipos racistas. Ao todo, a atriz interpretou a tenente Uhura em todas as três temporadas da série original e seis adaptações cinematográficas.
Quando perguntada pela NPR se o apelo feito pelo Dr. King era válido até a atualidade, ela respondeu:
“Acho que é tão válido hoje quanto era quando ele o fez. O trabalho dele não está terminado. Apenas começou. Mas avançamos muito desde os dias do Dr. King em que manifestantes eram atacados por cachorros e mangueiras de incêndio. E aqui eu estava projetando no século 23 o que deveria ser simples. Estamos numa nave espacial. Eu era oficial chefe de comunicações, quarta no comando. Eles não viam isso como ‘Ah, isso não ocorre até o século 23’. Jovens e adultos viram como sendo agora.”
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