Com Kenny Leckremo de volta, H.E.A.T soa comum em “Force Majeure”

Sétimo álbum da banda sueca marca retorno de seu talentoso vocalista original, mas abdica de elementos diferenciais apresentados em trabalhos com Erik Grönwall

Quando lançou seu álbum anterior, “H.E.A.T II” (2020), sexto da carreira, o H.E.A.T justificou a escolha do título dizendo que o material soava como se eles tivessem gravado o disco de estreia em 2019. Talvez esse conceito se encaixe de forma ainda mais apropriada na nova obra da banda, “Force Majeure”. A depender do ponto de vista, isso pode não ser bem um elogio.

Em seu sétimo trabalho de inéditas, o grupo sueco que virou sensação entre os fãs de hard rock oitentista voltou a ter seu vocalista original, Kenny Leckremo, que reassumiu a vaga em 2020 após a saída de Erik Grönwall. Leckremo, vale lembrar, é a voz dos dois primeiros álbuns da banda, “H.E.A.T” (2008) e “Freedom Rock” (2010).

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Não há como negar que Kenny é um grande cantor e soube preservar muito bem sua voz. O “extracampo” também o favorece, já que o cara tem um visual digno de rockstar e, pelas entrevistas, parece ser um sujeito gente boa. Porém, distingue-se de Erik, hoje membro do Skid Row, em um ponto importante: soa como vários outros grandes cantores do segmento.

Vencedor da versão sueca do talent show “Idol”, Grönwall carregava bagagem e referências que transcendiam o rock e esbarravam no pop. Nos melhores momentos do H.E.A.T, era ele quem oferecia um tempero distinto que fazia a banda se sobressair na comparação com outras do mesmo gênero. E nas situações em que o grupo derrapou criativamente – a exemplo do álbum “Into the Great Unknown” (2017) –, vinham dele as performances que “salvavam” algumas músicas menos inspiradas.

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Evidentemente, não é de todo ruim o retorno de Kenny Leckremo. Talvez ele fosse o único capaz de (re)ocupar a vaga a essa altura do campeonato sem comprometer a base de fãs já conquistada. Contudo, mesmo com o talento do “velho novo” frontman, “Force Majeure” mostra uma boa banda como tantas outras do hard rock revival – especialmente se considerados os nomes da Escandinávia. Aqui, o grupo soa mais pesado e traz um vocalista que se encaixa mais aos padrões do gênero, mas não foge muito disso. E considerando o que foi apresentado anteriormente, é uma pena.

Há, ainda assim, vários bons momentos no disco. “Back to the Rhythm”, faixa de abertura, mostra que a dose adicional de peso trazida pela volta de Leckremo é bem-vinda em certos momentos. “Nationwide”, por sua vez, é um hard ‘n’ heavy com ganchos melódicos bastante alusivos ao álbum anterior. A cadência de “Tainted Blood”, o swing envolvente de “Hold Your Fire” e a grudenta semibalada “Wings of an Aeroplane” (onde Kenny entrega sua melhor interpretação) deixam claro que dá para explorar sonoridades diferentes com o novo cantor.

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Porém, o quinteto completo por Dave Dalone (guitarra), Jimmy Jay (baixo), Jona Tee (teclados) e Don Crash (bateria) se perde em clichês ao apresentar faixas como as enjoativas “Hollywood” e “Paramount”, a pouco inventiva balada “One of Us” e as não muito bem-vindas incursões ao power metal em “Harder to Breathe” e “Demon Eyes”. São canções que puxam a avaliação final de “Force Majeure” lá para baixo.

Existe H.E.A.T sem Erik Grönwall? Claro que sim, tanto que tudo começou sem ele. Entretanto, a história de uma das melhores bandas de hard rock do século 21 precisa voltar a ser contada a partir do presente – ok, com inspiração na década de 1980, mas a partir de 2022, não de 2008.

Ouça “Force Majeure” a seguir, via Spotify, ou clique aqui para conferir em outras plataformas digitais.

O álbum está na playlist de lançamentos do site, atualizada semanalmente com as melhores novidades do rock e metal. Siga e dê o play!

H.E.A.T – “Force Majeure”

  1. Back To The Rhythm
  2. Nationwide
  3. Tainted Blood
  4. Hollywood
  5. Harder To Breathe
  6. Not For Sale
  7. One Of Us
  8. Hold Your Fire
  9. Paramount
  10. Demon Eyes
  11. Wings Of An Aeroplane

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

6 COMENTÁRIOS

  1. Não não, tem algo errado aqui. Não perceber o quanto de energia Kenny trouxe é no minimo ignorar a história do cara. Igor não estudou a banda desde o inicio. Kenny era gordinho ele saiu da banda porque sua imagem não estava mais correspondendo aos objetivos comerciais dos caras, aí entrou Erick. Em paralelo Kenny fazia sua busca por saúde, treinando e se provando um artista completo com seu álbum solo Spectra. Não se trata de um retorno mas um triunfo, uma história de superação, isso ele trouxe pra banda. Está presente nas letras, nos ritmos, na criatividade. E não, não há timbres iguais ao do Kenny. O resto é conversa de viúva do Erick.

    • Não, não há nada de errado em ter uma opinião diferente e limitar todo um texto a “conversa de viúva do Erik” (sem “c”) é uma postura ignorante. Fico feliz por toda a história de superação de Kenny, que hoje realmente parece estar muito melhor do que antes. Como dito no texto, o cara tem um visual digno de rockstar, além da ótima performance vocal. Mas isso não muda o que achei das músicas. Pelos motivos expostos, não gostei tanto deste álbum como curti outros. Simples assim.

  2. Boa réplica ao meu post sobre o Force Majeure. Discordo do ‘postura ignorante’ pelo simples fato de você ter realmente ter acusado o golpe ao ter se posicionado como uma viúva do Erik (grato pela retificação). Achei sua postura ‘igornorante’.

    • Os anos passam e os fãs de rock continuam nessa conversa boba de “viúva de não sei quem”, “fulano é melhor que sicrano”, etc. É de se lamentar que o nível e a qualidade do diálogo não possam ser melhorados.

  3. Sempre preferi Kenny ao Erik enquanto vocalista do HEAT, sem me esquecer que ambos são absurdamente capazes e que Erik foi, na minha avaliação, a melhor coisa que aconteceu ao Skid Row. Os fãs do gênero “ganharam duas bandas” incríveis com uma simples “troca”. Avaliando especificamente o Force Majeure, percebo uma banda que não se contenta em “lançar os mesmos discos de sempre”, como preferem algumas e isso traz consigo, vantagens e desvantagens. Essa “ousadia” pode sair pela culatra e ao meu ver, foi o que QUASE aconteceu aqui. Kenny entrega performances sólidas e enérgicas como é de se esperar, mas de modo geral, as músicas são menos inspiradas e algumas chegaram até soar “estranhas” a primeira audição e custou um tempo até eu entender suas intenções e propostas. No fim das contas, não é um trabalho bem ranqueado numa discografia que não tem um trabalho sequer. que classifico como “ruim”, no entanto os três primeiros trabalhos colocaram o bastão bem alto e dos trabalhos mais recentes, só HEAT II conseguiu chegar a esse patamar.

  4. Quando Kenny saiu eu parei de seguir o HEAT. Erick é muito bom, mas sem o Kenny, para mim, não era mais o HEAT. Nem li tudo escrito aí. Só estou aqui pra dizer o quanto feliz eu fiquei com a volta do Kenny! E o álbum está um espetáculo!

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