Como desilusão de Corey Taylor com o mundo inspirou novo álbum do Slipknot

Vocalista sentiu que tinha algo a dizer novamente em “The End, So Far”, próximo trabalho de inéditas da banda

Muitos fãs do Slipknot têm questionado o significado do título do novo álbum da banda, “The End, So Far” (“O Fim, Até Agora”). Estaria a banda planejando uma pausa? Ou até mesmo o encerramento definitivo das atividades? Quem sabe vão entrar no cada vez mais lucrativo meio das turnês de despedidas que não são despedidas de verdade?

Porém, como revela o vocalista Corey Taylor à revista britânica Kerrang!, a coisa é bem menos apocalíptica do que pode dar a entender. Na verdade, o grupo está é começando de novo, oferecendo novas possibilidades e perspectivas. Para tal, usou o disco anterior como uma forma de “limpar o armário”.

“‘We Are Not Your Kind’ tirou o resto de tinta velha que tínhamos na paleta de cores. O novo disco é quase um reset da nossa carreira. Falei tudo que precisava, agora falo tudo que quero.”

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Como exemplo, Corey cita o novo single, “The Dying Song (Time to Sing)”, divulgado com os detalhes do álbum.

“Nos últimos anos está muito na moda ficar ofendido e indignado com tudo. Ainda assim, nada acontece – especialmente no meu país, que é simplesmente ridículo. É quase como se a mesa tivesse virado e quanto mais as pessoas ficam com raiva, mais as pessoas com quem elas estão bravas simplesmente dobram a aposta. Em vez de haver causa e efeito, ou crime e punição, agora é como, ‘F*da-se, não nos importamos’.

Não posso dizer se isso é uma reação por causa do isolamento quase niilista das próprias culturas, onde nenhum dos lados está reconhecendo qualquer uma das partes boas um do outro – eles estão realmente afiados na m*rda que consideram inflamável. É quase como se as pessoas estivessem tocando o sino do fim do mundo. Você está sentado lá pensando: ‘Bem, foi divertido! Todo mundo, pegue seu lixo quando estiver saindo e eu te vejo no inferno!’ A música fala sobre esse sentimento.”

Corey Taylor sem esperança

Obviamente, a pergunta seguinte não poderia ser outra, senão: você ainda tem esperança, Corey Taylor?

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“Acho que se eu fosse mais jovem, acreditaria em algo como esperança. Eu teria esse tipo de otimismo. Mas vejo essas ondas há 30 anos e não fico mais impressionado. O triste é que é preciso uma verdadeira tragédia para fazer alguma coisa mudar, porque não somos uma espécie proativa. Preferimos fechar a porta depois que a casa já estiver pegando fogo. À esta altura da vida, já estou meio que acostumado.”

O que não significa que o frontman simplesmente jogou tudo para o alto. Ele apenas está cansado de, como diz a expressão popular, dar murro em ponta de faca.

“Obviamente, ainda apoio e acredito em todas as causas pelas quais sou muito apaixonado. Mas, ao mesmo tempo, percebi que as pessoas não vão mudar – e cansei de tentar mudar as pessoas. É um esforço desperdiçado e me custa tempo longe das pessoas com quem realmente me importo.

Até eu ver algo que valha a pena, não vou ligar mais. É tipo: ‘Se vocês querem se matar, vão em frente. Eu só vou ficar para trás e não estarei na linha de fogo’. Estou cansado, só posso assistir estupidez e idiotice até onde aguento. Então, sim, sou eu basicamente dizendo: ‘Vão em frente, apenas batam um no outro e vejam o que acontece’.”

Slipknot e “The End, So Far”

“The End, So Far”, 7º álbum de inéditas do Slipknot, sai dia 30 de setembro. O trabalho foi produzido por Joe Baresi (Queens of the Stone Age, Avenged Sevenfold, Black Stone Cherry). O tracklist conta com 12 faixas.

Em 18 de dezembro, os fãs brasileiros poderão conferir a nova fase da banda durante o Knotfest Brasil. O festival acontece em São Paulo, no Anhembi. Além dos headliners, estão confirmadas as presenças de Bring Me The Horizon, Mr. Bungle, Sepultura, Trivium, Motionless In White, Vended e Project46.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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