Travis Barker fez fama como o habilidoso baterista do Blink-182 no fim da década de 1990. Contudo, após altos e baixos em sua trajetória, ele tem despontado agora como um dos produtores mais importantes da música atual.
Mesmo com a volta à ativa de sua banda principal, depois de certos períodos de hiato, Barker não para de aparecer em músicas de artistas dos mais variados gêneros. Seja como músico, produtor ou compositor, ele está em todas.
O início solo de Travis Barker
Já após o hiato do Blink-182, que durou de 2005 a 2009, Travis Barker lançou seu primeiro – e até agora único – álbum solo, “Give the Drummer Some” (2011). Ali, ele mostrou ter ampliado bastante suas influências, pois reuniu uma verdadeira tropa de artistas para produzir cada uma das faixas do disco e participar ativamente delas.
O baterista, que também assume a produção executiva do trabalho, trouxe nomes como Corey Taylor, Pharrell Williams, Steve Aoki, Cypress Hill, Lil Wayne, RZA, Tom Morello, Snoop Dogg, Ludacris, Busta Rhymes, Slash, entre vários outros. Foi o início “oficial” do envolvimento do músico com projetos fora do grupo que o consagrou.
Pouco antes desse álbum ter chegado a público, ainda em meio ao hiato do Blink-182, um acontecimento mudaria a vida e a carreira do músico de forma ainda mais profunda.
O acidente de avião
Em setembro de 2008, Travis Barker sofreu um acidente aéreo. Seu avião particular caiu a caminho de Van Nuys, na Califórnia. O baterista e seu parceiro musical Adam “DJ AM” Goldstein foram os únicos sobreviventes, enquanto os dois pilotos, o assistente Chris Baker e o segurança Che Still faleceram.
Apesar de ter sido agraciado com a preservação de sua vida, Travis sofreu intensas sequelas. Ele sofreu queimaduras nos pés e precisou de quase 3 meses para se recuperar plenamente. Foi quando adotou uma nova dieta vegana, livrou-se de vícios antigos e lutou contra a depressão e a síndrome do estresse pós-traumático.
Além disso, tomou uma decisão que pode parecer drástica para músicos, que vivem na estrada: ele definiu que nunca mais iria viajar de avião, locomovendo-se apenas por terra ou água.
Ao retomar suas atividades, tanto em carreira solo quanto com o Blink-182, Travis aumentou bastante o ritmo de trabalho em estúdio, já que viajar era algo mais complexo para ele a partir dali. O álbum solo de 2011 foi o início de algo muito maior, que se reflete hoje nos impressionantes números que o músico alcançou.
A atuação enquanto produtor
Cada vez mais habituado à vida longa da estrada e dentro do estúdio, Travis Barker tem colaborado com uma infinidade de artistas nos últimos anos.
Os exemplos mais recentes de sucessos envolvendo o baterista são os dois últimos álbuns do agora ex-rapper Machine Gun Kelly, voltado ao pop punk, bem como o mais recente trabalho de Willow Smith, filha de Will Smith que tem na sonoridade típica do Blink-182 uma de suas bases. Além de assinar a produção, ele gravou o instrumento que o consagrou nesses trabalhos.
Outras colaborações dos últimos tempos incluem Post Malone, Bebe Rexha, Avril Lavigne, Britney Spears, Demi Lovato, Trippie Redd, KennyHoopla e Yungblud, o que deixou o nome de Barker em gigante evidência. O músico preferiu não limitar sua atuação ao rock e buscou atuar junto a artistas de hip hop e música eletrônica. E seu trabalho vai além do estúdio, pois ele montou uma gravadora, a DTA Records, que inclusive assinou com Avril recentemente.
Uma recente reportagem do The Guardian, conceituado jornal britânico, chega a compará-lo com Pharrell Williams, que, em 2003, estava direta ou indiretamente envolvido com 43% de todas as músicas tocadas nas rádios dos Estados Unidos.
Hoje, em tempos de streaming e de um recente revival do pop punk, Travis Barker acumula mais de 10 milhões de ouvintes por mês somente no Spotify, conforme apontado pelo site Tenho Mais Discos Que Amigos.
A métrica é bastante variável, mas está sempre em alta: quanto os colegas do outro portal observaram a página de Barker na plataforma, constataram que o número estava acima de 15 milhões – na época, acima dos 12,6 milhões do próprio Blink-182 e dos 14 milhões de outro gigante do rock, o Foo Fighters.
Algumas das faixas mais tocadas de sua trajetória fora do Blink-182, segundo o Spotify, são:
- “Transparent Soul”, de Willow Smith;
- “I Think I’m Okay”, de Machine Gun Kelly, com Yungblud;
- “SOS”, de Sueco;
- “Drop Dead”, de Grandson, com Kesha;
- “Pillbreaker”, de Trippie Redd, com Blackbear e Machine Gun Kelly.
O próprio revival do pop punk pode ter Travis Barker como um dos grandes responsáveis, já que o baterista está envolvido com vários artistas desse movimento. Os já mencionados Yungblud, Machine Gun Kelly e Willow Smith são só alguns dos vários nomes que estão trazendo de volta aquela sonoridade típica do fim dos anos 1990 e início dos anos 2000.
O Blink-182 deve lançar um álbum ainda em 2021, mas enquanto isso não acontece, Travis Barker segue mais produtivo do que nunca – e esses números tendem a aumentar. Colaborações não são novidade para ele – e pelo que o músico apresentou até agora, quanto mais diversidade musical, melhor.
* Texto por André Luiz Fernandes, com pauta e edição de Igor Miranda.