A chamada formação “MK III” do Deep Purple estreou com um álbum lendário, “Burn”, em 1973. A música que dá título ao disco é, provavelmente, o maior clássico do trabalho, responsável por marcar as estreias do vocalista David Coverdale e do baixista/cantor Glenn Hughes.
Curiosamente, a faixa em questão pode ter nascido com uma pequena ajuda de um clássico do jazz da década de 1920. A reflexão foi feita por Hughes, em entrevista à Classic Rock.
O músico participou de um bate-papo com a revista, junto de Coverdale e do baterista Ian Paice, a respeito do álbum “Burn” como um todo. Os três comentaram todas as faixas do disco, que completou 47 anos de lançamento no último mês de fevereiro.
Na visão de Glenn, o riff principal de “Burn”, composto pelo guitarrista Ritchie Blackmore, pode ter vindo “emprestado” de uma canção muito mais antiga: “Fascinating Rhythm”, clássico do jazz lançado por George Gershwin na década de 1920.
“Blackmore apareceu com aquele riff clássico do rock, mas muito se fala sobre ele ter sido copiado de algo que foi composto nos anos 1940. “Fascinating Rhythm”, não é? Acho que pode ser. Todo artista pega algo emprestado de outros artistas – mas esse é um exemplo clássico de onde Ritchie pode ter pego alguma coisa dos anos 40 ou 50.”
Em sua fala, Glenn Hughes se enganou um pouco com as datas, mas acertou o título da música. Composta por George Gershwin, com letra de Ira Gershwin, “Fascinating Rhythm” nasceu em 1924 e foi lançada em 1926.
A música teve várias versões ao longo dos anos e tornou-se bastante popular. Ao ouvi-la pela primeira vez, o fã de Deep Purple logo pode reconhecer a melodia, devido à semelhança com “Burn”. Ouça as duas faixas a seguir.
Burn, o cartão de visitas do Deep Purple MKIII
Ainda sobre a música “Burn”, David Coverdale e Ian Paice também deram suas impressões, embora nenhum dos dois tenha tocado no assunto da possível inspiração de Ritchie Blackmore. O vocalista disse que escreveu várias letras para a música e acabou confessando algo inusitado: o objetivo dele, novato na banda, era agradar o guitarrista e “patrão”, algo que nem sempre é fácil.
“Eu escrevi uma meia dúzia de letras para essa música – estava ansioso desse jeito! As últimas palavras de ‘Burn’ – e também da música ‘Stormbringer’, do álbum seguinte, por curiosidade – surgiram porque eu estava tentando agradar Ritchie, eu acho. Essas letras não são coisas que eu normalmente escreveria, eu as via como poemas de ficção científica.”
Por sua vez, Paice falou sobre como é executar a linha de bateria da rápida e intensa canção, que é tocada ao vivo até hoje por Glenn Hughes e pelo Whitesnake de Coverdale. Ele a considera uma espécie de cartão de visitas daquela formação, que faria história em dois discos – o segundo, “Stormbringer”, saiu no fim de 1974 e marcou a primeira despedida de Blackmore da banda.
“É uma faixa muito bem tocada. Tem um ritmo rápido. Eu sempre digo que tocar rápido assim é muito mais fácil do que tocar devagar, porque se você toca algo rápido e você erra, ninguém realmente ouve. Mas se você toca lento e erra alguma coisa, então todo mundo ouve. Eu penso que, como uma demonstração de abertura da formação Mark III, é bem legal.”
Só agora Glenn Hughes percebeu que Burn é plágio? Será que alguém já disse pra ele que Child in Time também é?