Por que a voz de Amy Winehouse era tão diferenciada: uma análise técnica

Tonalidade grave e capacidade de interpretação adquirida a partir de anos de teatro ajudam a explicar o fenômeno que era a artista

Amy Winehouse nos deixou há uma década, em 23 de julho de 2011. Mesmo tendo partido há algum tempo, a artista segue a encantar o mundo todo com sua voz única, registrada em dois álbuns de estúdio e diversos vídeos gravados ao vivo.

É difícil encontrar um fã de música que não esteja habituado com sucessos como “Rehab”, “You Know I’m No Good” e “Back to Black”. Entretanto, só alguém com conhecimento técnico poderia explicar as especificidades de um talento tão marcante como o de Amy.

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Foi o que fez Catherine Bott. A cantora profissional e locutora da rádio Classic FM analisou alguns dos momentos mais marcantes de Amy Winehouse, a convite da própria emissora onde trabalha. Ela explicou quais os pontos fortes que transformaram a saudosa artista em alguém tão singular no meio do jazz e do R&B.

A voz de Amy Winehouse

Com um alcance vocal de 3 oitavas e um semitom (D3-Eb6), a voz de Amy Winehouse é classificada como contralto. É o tipo mais grave entre as vozes femininas, além de ser uma das mais raras e expressivas.

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De acordo com Catherine Bott, a capacidade de adaptação na voz de Amy Winehouse é algo a ser destacado. Em “Rehab”, por exemplo, Amy canta de forma mais grave e oferece uma interpretação bem pessoal.

Outro caso similar é o cover de “Someone to Watch Over Me”, música original de Ella Fitzgerald, onde há uma performance sutil e carregada de dramaticidade, em um equilíbrio entre o jazz mais tradicional e a modernidade.

Um detalhe relacionado à formação artística de Amy também parece ter feito a diferença: o trânsito livre entre outros estilos musicais e até artísticos. Incentivada por sua avó, Cynthia, a cantora chegou a estudar teatro por 4 anos, além de ter formado um grupo de hip hop e ter domínio da guitarra, junto do qual compunha músicas.

Tudo isso ocorria enquanto ela fazia parte da National Youth Jazz Orchestra, uma orquestra com jovens talentos do jazz, e estudava música com o incentivo de seus pais e avós.

“Cartão de visitas”

Há, por outro lado, uma interpretação de Winehouse que deveria ser o “cartão de visitas” dela, na visão de Catherine Bott. Trata-se do cover de “Valerie”, da banda indie britânica The Zuton’s.

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Produzida por Mark Ronson, a música traz uma performance marcante da cantora. Não à toa, ela passou a ser mais associada à canção do que o grupo que a criou e gravou originalmente.

“É difícil achar alguém que quando você diz ‘Valerie’, não a canta na versão jazz de Amy Winehouse antes de pensar na original, indie.”

A carreira meteórica de Amy Winehouse rendeu apenas dois álbuns: “Frank”, de 2003, e “Back To Black”, de 2006. Ela também participou de “Duets II”, disco de Tony Bennett onde o cantor recebeu convidados.

Após lutar contra seus vícios durante parte de sua vida, a cantora morreu em 2011, aos 27 anos de idade, após um coma alcoólico.

* Texto desenvolvido em parceria por André Luiz Fernandes e Igor Miranda. Pauta e edição geral por Igor Miranda; redação, argumentação e apuração adicional por André Luiz Fernandes.

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André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Interessado em música desde a infância, teve um blog sobre discos de hard rock/metal antes da graduação e é considerado o melhor baixista do prédio onde mora. Tem passagens por Ei Nerd e Estadão.

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