O guitarrista Jon Schaffer, do Iced Earth, deixou a prisão na última semana após fechar um acordo de cooperação com as autoridades dos Estados Unidos. O músico ficou detido por quase 3 meses devido à sua participação na invasão ao Capitólio, o Congresso americano, em 6 de janeiro.
Um vídeo registrado pela produtora Alex Rhoades, da NewsNation Now, mostra o exato momento em que Jon Schaffer deixou a corte federal de Washington DC, capital dos Estados Unidos, na última sexta-feira (16). O guitarrista, agora, desfruta de liberdade provisória enquanto seu caso será julgado.
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Antes de ser liberado, Jon Schaffer declarou-se culpado de duas das seis acusações que enfrenta em função da invasão ao Capitólio. Ele admitiu ter obstruído um procedimento oficial no Capitólio e invadido áreas restritas do Capitólio enquanto porta arma perigosa ou mortal. O primeiro crime tem pena máxima de 20 anos de prisão, enquanto o segundo pode chegar a 10 anos de reclusão.
Antes, o músico havia sido acusado de seis crimes ao todo, incluindo participação consciente em ato de violência física em área restrita e invasão violenta e desordeira ao Capitólio.
Por que Jon Schaffer declarou culpa
Na Justiça dos Estados Unidos, o réu pode se declarar culpado ou inocente antes de um julgamento. Caso o acusado declare inocência e seja julgado culpado, sua pena pode aumentar.
Como há imagens comprovando a presença de Jon Schaffer na invasão, seria praticamente impossível que o guitarrista deixasse de assumir culpa por pelo menos uma das acusações.
Além disso, o músico declarou-se culpado porque, de acordo com a imprensa americana, ele deve estabelecer um acordo de cooperação com as autoridades. Em entrevista ao BuzzFeed News, o procurador-geral adjunto Ahmed Baset, que trabalha no caso, disse que a colaboração de Schaffer “pode revelar a existência, escopo e a direção da investigação confidencial que está em andamento”.
Ou seja: a ideia é que Jon Schaffer revele como funcionou a conspiração para chegar ao ato de insurreição no Capitólio. O guitarrista, que faz parte da milícia de extrema-direita antigovernamental Oath Keepers, deverá ser o responsável por entregar outros companheiros de invasão.
O ato do dia 6 de janeiro, vale lembrar, ocorreu porque um grupo de apoiadores do então presidente americano Donald Trump não aceitava o resultado das eleições de 2020 – Trump não foi reeleito para o cargo, dando lugar a Joe Biden.
Argumentos para sair da prisão
Antes de aceitar fazer acordo de cooperação com as autoridades, Jon Schaffer tentou deixar a prisão, por meio de seus advogados, em uma audiência no dia 19 de março. Mesmo com a defesa, o juiz Zia Faruqui havia definido que o músico seguiria detido enquanto aguardava por julgamento.
Marc Victor, que representa Jon Schaffer, alegou na ocasião que “o governo falhou em definir, por meio de evidências claras e convincentes, qual perigo o sr. Schaffer representa à sociedade”. O advogado afirmou que o guitarrista do Iced Earth “não tem condenações criminais, não tem histórico de abuso de drogas ou de problemas mentais, não tem histórico de violência e não agiu de forma violenta” na invasão ao Capitólio.
O representante jurídico reconhece o que as imagens apontam: o músico entrou no Capitólio com spray de pimenta. Porém, segundo ele, “não ameaçou ninguém nem descarregou o spray em ninguém”. Como argumento final, o advogado disse que Schaffer “saiu do prédio depois de aproximadamente 60 segundos e voltou para casa, em Indiana”.
Naquela ocasião, o pedido feito pelos advogados foi negado. Na audiência de 19 de março, promotores do governo exibiram uma entrevista em vídeo do guitarrista do Iced Earth, concedida no fim de 2020, onde ele afirma: “se alguém quer trazer violência, acho que muitos aqui estão preparados para isso”. O fato de o músico ter invadido o prédio do Capitólio com spray de pimenta também foi lembrado pela acusação.
Ainda durante a sessão com o juiz, os advogados de Schaffer afirmam que a entrevista do guitarrista foi “tirada de contexto” e que ele sabe que “tomou uma decisão ruim” ao invadir o Capitólio. Segundo os representantes, o músico gostaria de ter uma oportunidade de “refazer tudo de outra forma”, pois “não foi responsável pela invasão e foi incentivado pelo ex-presidente Donald Trump”.
Iced Earth e Demons & Wizards: consequências para a carreira
O envolvimento de Schaffer com a invasão ao Capitólio trouxe consequências para a carreira do músico, que lidera o Iced Earth e possui o projeto paralelo Demons & Wizards, com o vocalista Hansi Kürsch (Blind Guardian).
Três integrantes deixaram o Iced Earth nos últimos tempos: o vocalista Stu Block, o baixista Luke Appleton e o guitarrista Jake Dreyer. O já mencionado Kürsch também confirmou que estaria deixando o Demons & Wizards. Ambas as bandas não constam mais no site da gravadora Century Media, indicando que elas podem ter perdido seus contratos com a empresa.