Por que a imprensa metal mudou pouco nos últimos 20 anos, segundo Mike Shinoda

O músico Mike Shinoda, do Linkin Park, emitiu uma opinião crítica sobre a imprensa voltada ao heavy metal. Na visão dele, os veículos e os jornalistas especializados no estilo são "fundamentalistas" e mudaram pouco nos últimos 20 anos.

O músico Mike Shinoda, do Linkin Park, emitiu uma opinião crítica sobre a imprensa voltada ao heavy metal. Na visão dele, os veículos e os jornalistas especializados no estilo são “fundamentalistas” e mudaram pouco nos últimos 20 anos.

Shinoda, que tem trabalhado em material solo desde que a morte de Chester Bennington, que colocou o Linkin Park em hiato, falou sobre o assunto em entrevista ao canal The Needle Drop, de Anthony Fantano. As falas foram transcritas pelo Ultimate Guitar.

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Perguntado sobre o trabalho da imprensa especializada em heavy metal – que, segundo o entrevistador, não estaria ciente das origens dos músicos e das cenas em que estão envolvidos -, o integrante do Linkin Park respondeu:

“A imprensa metal mudou muito pouco nos últimos 20 anos. Eles são os fundamentalistas que eles sempre foram. E você pode odiar isso e ficar tipo ‘bem, esse gênero nunca evolui’. Ou pode haver, na verdade uma beleza nisso.”

Na visão de Mike Shinoda, o envolvimento de “idiotas” com o heavy metal pode fazer com que outras pessoas se afastem do estilo.

“Eu me lembro de ter 16 ou 17 anos, daí eu adorava uma banda, mas se eu visse o adesivo dessa banda na pasta de algum idiota, eu a adorava menos.”

O papo seguiu abordando outro assunto: a mistura de estilos dentro do metal, algo que os “fundamentalistas” citados por Shinoda, geralmente, não aprovam. O músico reforçou estar muito aberto a essas uniões e disse não se importar com rótulos nos dias de hoje.

“Houve um ponto em que gênero importava muito. Agora, não significa nada. Se você começa a falar sobre gêneros… é por isso que eu fico frustrado com o que estávamos falando – é porque eu realmente não ligo. Eu não ligo nem um pouco sobre qual o gênero de alguma coisa, eu só quero ouvir o que eu quiser ouvir com base no meu humor.”

Mike Shinoda e o rock “branco” antes do nu metal

Dono de opiniões contundentes sobre o cenário heavy metal, Mike Shinoda já deu algumas entrevistas bem interessantes no passado. Uma delas, à Metal Hammer, o trouxe apontando que o nu metal, gênero no qual o Linkin Park se encaixou em seus primeiros trabalhos, foi responsável por deixar o rock menos “branco” e mais diverso em termos étnicos.

Inicialmente, o músico afirmou que o trabalho do Linkin Park em seu álbum de estreia, ‘Hybrid Theory‘ (2000), e de outras bandas na época ajudaram a quebrar paradigmas entre os fãs.

“Na época, se você perguntasse a alguém o que essa pessoa estava ouvindo, ela citaria rock, ou hip hop, ou jazz. Só depois de 5 anos, ela passou a responder que ouve de tudo. ‘Hybrid Theory’ fez parte desse trabalho. Foi parte da progressão para quebrar as fronteiras entre os estilos de música.”

O próprio Shinoda ouvia bem mais hip hop do que rock antes de começar a trabalhar com o Linkin Park. Para ele, o estilo era “branco demais” em sua abordagem, o que não o atraía muito.

“90% do que eu ouvia era rap. Olhava para muitas bandas de rock e pensava: ‘há algo branco demais aí’. Foi o que me afastou, especialmente, do hair metal, que era uma música bem de branco e eu morava em uma cidade bem diversa, então, aquilo não ressoou em mim. Não falo da cor da pele, falo da cultura envolvida. Quando o nu metal começou, a cena era bem diversa.”

Em seguida, o músico apontou que bandas como Korn, Deftones e até o criticado Limp Bizkit traziam uma sonoridade bem crua e diversa. Ele também citou nomes como Snot e Hed PE.

“Não era uma música tão inteligente, mas trazia algo realmente visceral e uma mistura de culturas que era importante.”

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André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Interessado em música desde a infância, teve um blog sobre discos de hard rock/metal antes da graduação e é considerado o melhor baixista do prédio onde mora. Tem passagens por Ei Nerd e Estadão.

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