Como “Born to Run”, lançado em 1975, trouxe fama a Bruce Springsteen

Bruce Springsteen se tornou o artista que todos conhecemos em ‘Born to Run’, seu terceiro álbum de estúdio, lançado em 25 de agosto de 1975. Vários elementos conspiraram para atingir um resultado tão satisfatório.

Bruce Springsteen se tornou o artista que todos conhecemos em ‘Born to Run’, seu terceiro álbum de estúdio, lançado em 25 de agosto de 1975.

Antes disso, ele era apenas uma aposta. A Columbia Records investiu uma grana nos dois primeiros discos de Springsteen, ‘Greetings from Asbury Park, N.J.’ (1973) e ‘The Wild, the Innocent & the E Street Shuffle’ (1973), mas o artista, embora talentoso, não saía do lugar.

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‘Born to Run’ seria, provavelmente, a última tentativa da gravadora, que voltou a injetar dinheiro no cantor. E ele sabia que precisava fazer algo grandioso.

A primeira mudança veio na produção: além de Mike Appel, Jon Landau foi trazido para ajudar na função, que também era assumida pelo próprio Bruce Springsteen. A ideia era obter uma sonoridade, justamente, grandiosa – como a “wall of sound” de Phil Spector.

As letras também soavam diferentes. Em vez das contínuas referências a Nova Jersey, presentes nos dois primeiros álbuns, ‘Born to Run’ trazia composições mais generalistas, que poderiam se encaixar no cotidiano de qualquer um. Havia, inclusive, um “norte” para as temáticas: a Guerra do Vietnã, tão criticada por boa parte da população americana.

Com ou sem apoio?

Springsteen considera que o investimento da Columbia não era o suficiente naquele período. Ele destaca, em entrevista antiga à ‘Rolling Stone’, que sua carreira passou perto de desandar após o empresário Clive Davis deixar a gravadora.

“Fiquei em desfavor no segundo álbum. Várias pessoas chegavam para trabalhar. Ninguém investia em mim e as coisas não estavam indo bem. ‘The Wild, the Innocent and the E Street Shuffle’ não foi promovido. Eu ia às rádios e as pessoas diziam que nem sabiam que meu segundo álbum havia sido lançado”, relembrou.

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Na época de ‘The Wild, the Innocent and the E Street Shuffle’, chegaram a pedir para que ele regravasse todo o material com músicos de estúdio, dispensando sua fiel E Street Band. Nada feito: o álbum ficou daquela forma. “Daí eles falaram: ‘então, esse álbum irá para o lixo’. Essa é a indústria fonográfica”, comentou ele.

O single de Born to Run e o atraso do álbum

O impulso para ‘Born to Run’ veio com a faixa-título, lançada como single 6 meses antes do álbum sair. Trata-se de uma grande música, com todos os predicados sonoros que caracterizariam o som de Bruce Springsteen no futuro.

O problema é que a música fez sucesso e o álbum não saía. Não era para levar 6 meses: os envolvidos achavam que o disco estava “quase pronto” quando o single saiu, mas não foi o que aconteceu.

“Muito tempo se passou antes do álbum sair e algumas coisas boas aconteceram. Uma delas é que a música emplacou nas rádios e gerou repercussão. A outra coisa boa é que um cara chamado Irwin Segelstein chegou à gravadora”, disse, citando o empresário que ajudou a trazer atenção da Columbia novamente para o músico.

Neste ínterim, mudanças importantes rolaram na E Street Band. O pianista Roy Bittan e o baterista Max Weinberg chegaram à formação, deixando a sonoridade mais encorpada.

Tudo estava indo bem. O álbum finalmente foi concluído e estava prestes a ser lançado. Só que Bruce Springsteen não gostou do resultado. Quando ouviu a gravação masterizada pela primeira vez, não só odiou, como jogou o disco na piscina.

“Eu estava com medo. Da mudança? Não sei (risos). Era um momento onde sua música era a totalidade de sua identidade, então, você estava tão investido naquilo… parte do que fazia o álbum tão bom é que circulamos por extremos na estrutura e na composição”, relatou ele à ‘Rolling Stone’.

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Enfim, o sucesso de Bruce Springsteen

No fim das contas, ‘Born to Run’ saiu. A proposta, segundo o próprio Springsteen, era fazer “o melhor álbum de rock” que ele já tivesse ouvido. “Queria que soasse enorme, te pegasse pela garganta e insistisse por sua atenção, não apenas à música, mas à vida, por estar vivo”, diz.

Tudo era gigantesco em ‘Born to Run’ – inclusive o orçamento de divulgação, com o álbum já lançado. A Columbia injetou US$ 250 mil para promover o disco com frases impactantes, como “Eu vi o futuro do rock and roll e o nome dele é Bruce Springsteen”.

O músico odiou essa ideia. Para ele, era um grande engano. Mas funcionou: o hype em torno do trabalho fez com que chegasse ao top 10 das paradas americanas em duas semanas, conquistando disco de ouro rapidamente – hoje, acumula certificação de 6x platina só nos Estados Unidos.

Começava, ali, a chefia do ‘The Boss’. Outros álbuns tiveram maior impacto comercial imediato, como ‘The River’ (1980) e especialmente ‘Born in the U.S.A.’ (1984), mas é ‘Born to Run’ o trabalho definitivo de Springsteen.

É interessante observar, ainda, que nem sempre um elemento isolado traz sucesso a um trabalho que passa a ser considerado clássico com o tempo. Maturidade nas composições, aposta da gravadora (apesar dos pesares), músicos competentes envolvidos (E Street Band dá aula nesse disco), contexto histórico do período, divulgação bem-feita… tudo conspirou a favor. E The Boss aproveitou.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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