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Como foi feita a parte esquisitona de Whole Lotta Love, do Led Zeppelin

Um dos grandes clássicos do rock como um todo, a música ‘Whole Lotta Love’, do Led Zeppelin, tem uma parte experimental no meio da canção que destoa bastante do restante de seu andamento. Entre 1min24seg e 3min02seg, a canção, presente no álbum ‘Led Zeppelin II’ (1969), deixa sua típica pegada hard rock para apostar em uma passagem improvisada, que mistura elementos do jazz e psicodelia, além de empregar uma série de efeitos e técnicas de estúdio.

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Esse curioso trecho no meio de ‘Whole Lotta Love’ nasceu após experimentos feitos pelo guitarrista Jimmy Page, que também é o produtor da canção e de todo o disco, ao lado do engenheiro de som Eddie Kramer.

O resultado foi obtido após, basicamente, deixar uma fita de áudio “sangrando” – quando as camadas de fita ficam próximas umas das outras na bobina. Como a fita é um meio magnético, cada camada se magnetiza levemente, o que gera aquela sonoridade peculiar.

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Além disso, outra técnica utilizada foi a de eco reverso, que consiste em um efeito de som criado a partir de um sinal reveberado de uma pista de áudio tocada de trás para frente. Em seguida, a gravação original é tocada em sua ordem original, de frente para trás, acompanhada do sinal reverberado, que precede o original. Isso faz parecer que o trecho está sendo tocado ao contrário, quando, na verdade, não está.

O vídeo a seguir mostra um pouco de como é produzido o eco reverso (reverse reverb), só que em um estilo diferente:

Curiosamente, Jimmy Page alega ser o criador da técnica, que, em inglês, é chamada de reverse reverb ou backwards reverb. Alguns segmentos utilizam o recurso até os dias de hoje, como o shoegaze e ramificações da música eletrônica. Outras canções do Led Zeppelin, como ‘You Shook Me’ e ‘When the Levee Breaks’, também apresentam o eco reverso.

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O próprio Page recorda, em antiga entrevista à Guitar World: “Ainda com os Yardbirds, estávamos gravando ‘Ten Little Indians’, que era uma música bem boba com um arranjo terrível de metais. Toda a música soava ruim. Em uma tentativa desesperada de salvá-la, sugeri: ‘Vire a fita ao contrário e use o eco para os metais em uma pista sobressalente. Depois, volte a fita ao normal e a gente obtém o eco precedendo o sinal’. O resultado foi bem interessante, fez parecer com que a música estivesse sendo tocada inteira de trás para frente”.

Em recente sessão de perguntas e respostas com a Gibson, Eddie Kramer relembrou da gravação de ‘Whole Lotta Love’. “Foi uma mistura do que Page e eu fizemos. Mixamos o álbum ‘Led Zeppelin II’ todo em dois dias, um fim de semana. Oito faixas. Usamos um console de mixagem bem antigo. Trazia controle de volume rotativo em vez de faders deslizantes. Tínhamos algumas máquinas de fita para provocar delay na fita. Meu trabalho era interpretar o que estava na fita e fazer aquilo soar empolgante”, afirmou.

Kramer apontou que, especificamente no caso de ‘Whole Lotta Love’, foi importante trabalhar de modo que tudo parecesse estar em movimento. “O movimento rítmico de cada item individualmente deveria ser mantido. No meio disso, havia a voz de Robert Plant (vocalista) indo de um lado para o outro”, disse.

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E assim nasceu ‘Whole Lotta Love’, uma das principais músicas da história do Led Zeppelin. Embora tenha uma produção bastante original, a música foi alvo de uma ação judicial movida por representantes de Willie Dixon, que alegavam que trechos da letra e melodia da canção ‘You Need Love’, composta por ele e lançada por Muddy Waters em 1962, haviam sido utilizados sem autorização e devidos créditos.

Como resultado, em 1985, ambas as partes chegaram a um acordo e Willie Dixon é creditado como co-autor de ‘Whole Lotta Love’, junto de Jimmy Page, Robert Plant, o baterista John Bonham e o baixista John Paul Jones.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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