Testament busca algo novo no longo álbum Titans of Creation, ouça e leia resenha

O Testament divulgou, nesta sexta-feira (3), seu 13° álbum de estúdio. O trabalho, intitulado ‘Titans of Creation’, chega a público por meio da Nuclear Blast, com edição em CD no Brasil pela Shinigami Records.

O sucessor de ‘Brotherhood of the Snake’ (2016) é o segundo álbum do Testament desde a volta do baixista Steve Di Giorgio, que se juntou ao vocalista Chuck Billy, os guitarristas Eric Peterson e Alex Skolnick e o baterista Gene Hoglan. A produção é, mais uma vez, de Juan Ortega, com mixagem de Andy Sneap, atual guitarrista do Judas Priest, e capa de Eliran Kantor.

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‘Titans of Creation’ está sendo lançado em meio a uma situação que deixou fãs preocupados: Chuck Billy, Steve Di Giorgio membros da equipe técnica do Testament foram diagnosticados com o novo coronavírus. Sabe-se que todos estão se recuperando bem.

– Lançamentos: os álbuns de rock e metal de 2020

O vírus foi contraído durante recente turnê do Testament na Europa com Exodus e Death Angel. Gary Holt, guitarrista do Exodus, e Will Carroll, baterista do Death Angel, também foram diagnosticados com Covid-19 – o caso de Carroll foi grave e o músico está internado em uma UTI.

Ouça a seguir, via Spotify ou YouTube (playlist), e confira resenha a seguir:

Resenha: Testament não mexe no time, mas acrescenta algo em Titans of Creation

Na semana passada, o Pearl Jam lançou ‘Gigaton’, seu 13° álbum de estúdio, e chamou minha atenção a crítica que alguns veículos – no geral, especializados em rock e metal – fizeram, de forma quase unânime, ao disco. Muitos afirmaram que a banda de Seattle não apresenta novidades concretas há um bom tempo (embora estejam esperando por um novo ‘Ten’, 1990), que ‘Gigaton’ não surpreende e que o grupo precisava se reinventar, mesmo considerando que esse trabalho soa peculiarmente distinto de seus antecessores.

Esses mesmos veículos já estão elogiando ou vão exaltar, em breve, o Testament por “preservar suas origens” e “dar aos fãs o que eles pedem” em ‘Titans of Creation’. E é curioso não apenas que o critério seja diferente para analisar os dois trabalhos (talvez pelo eterno trauma do thrash metal contra alguma banda flertar com estilos mais “pop”, vide Metallica e Megadeth), como, também, a capacidade de análise possa ser, em alguns casos, limitada no que tange a trabalhos de heavy metal e ramificações.

Não há dúvidas de que ‘Titans of Creation’ é um álbum legítimo de thrash metal, do início ao fim. Todas as credenciais estão ali. Só que, como toda banda, o Testament mudou. E segue mudando, sem parar, já que não dá para repetir o mesmo trabalho várias vezes.

Já de cara, percebe-se que o Testament lançou o álbum mais longo de sua carreira. As 12 músicas têm, ao todo, 58 minutos, com média de quase 5 por faixa – número que seria ligeiramente maior se a última da tracklist, ‘Catacombs’, não fosse uma curta vinheta instrumental.

Além disso, apenas ‘Catacombs e ‘The Healers’ têm mais de 4min30seg de duração. As demais ultrapassam essa marca, com três delas – ‘Children of the Next Level’, ‘Night of the Witch’ e ‘City of Angels’ – excedendo os 6 minutos.

O que esses números todos significam? Aliados a uma análise mais atenta ao material, mostram que não dá para reciclar o repetido argumento de que “o Testament está entregando o thrash metal puro que os fãs querem”. Como dito, ‘Titans of Creation’ é um disco de thrash metal, mas vai um pouco além disso ao trazer alguns experimentos que, deve-se admitir, nem sempre deram certo. Isso já o diferencia de ‘Brotherhood of the Snake’, bem mais básico e direto.

Tais experimentos não consistem em uso de instrumentos inusitados, batidas eletrônicas ou qualquer aventura que tenha sido definida com esse termo no passado. Trata-se de ampliar certas abordagens, como ter passagens instrumentais mais longas, solos que fogem um pouco do padrão e até espaço para letras mais extensas ou interpretações vocais mais rítmicas. Em alguns casos, isso funciona bem. Em outros, o ouvinte acaba de saco cheio e com atenção dispersa.

A abertura ‘Children of the Next Level’, por exemplo, é um caso bem-sucedido de música com duração mais longa em ‘Titans of Creation’. A faixa explora todos os elementos que se espera do Testament: agressividade especialmente nos vocais, bateria cavalar, riffs precisos e uma extensa parte instrumental com solos de guitarra. As canções seguintes transitam por terrenos que a banda já domina, como a acelerada e intensa ‘WWII’, a tradicionalíssima ‘Dream Deceiver’ e a mais extrema ‘Night of the Witch’ – esta última, já demonstrando que uma duração mais curta cairia bem.

Os experimentos começam a aparecer, de forma mais clara, no miolo da tracklist. ‘City of Angels’, mais dark, tem mudança de tonalidade padrão e apresenta um dos melhores solos de guitarra do álbum. ‘Ishtar’s Gate’, na sequência, não empolga tanto, mas começa a explorar letras um pouco diferentes – neste caso, sobre o mito da deusa Ishtar, soberana da guerra. ‘Symptoms’ se desdobra de forma mais cadenciada, sem abandonar as batidas complexas de Hoglan, enquanto ‘False Prophet’ e ‘The Healers’ evidenciam os vocais agressivos de Chuck Billy e as letras ácidas, com críticas a religiões e ao ser humano de forma geral.

‘Code of Hammurabi’, outra música de letra com referências ricas, apresenta alguns dos melhores riffs do álbum, além de destacar o baixo de Steve Di Giorgio. Encerrando a tracklist de fato, ‘Curse of Osiris’ é a faixa mais conectada com o álbum anterior ‘Brotherhood of the Snake’ ao soar mais convencional dentro do thrash metal. A já citada vinheta ‘Catacombs’ encerra o trabalho de forma climática.

Em ‘Titans of Creation’, o Testament acerta ao não mexer, de forma brusca, no time que está ganhando, optando por acrescentar outros recursos e saídas harmônicas ao seu thrash metal sempre ácido e agressivo. Há êxitos e passagens não tão empolgantes, sem deixar a peteca cair, o que dá méritos a essas novidades.

Por outro lado, é inegável que esse álbum pode representar uma transição em busca de uma sonoridade mais complexa, remetendo, por exemplo, ao que foi feito em ‘The Ritual’ (1992). O fôlego que a banda ganhou com as voltas de Gene Hoglan e Steve Di Giorgio é capaz de deixar os veteranos da formação mais aptos a ousar.

De imediato, dá para garantir que ‘Titans of Creation’ é um bom álbum e traz algumas músicas com o brio exigido para os clássicos do thrash. Em uma esfera mais ampla, pode ser o início de algo ainda mais interessante para o Testament.

Veja, abaixo, a capa e a tracklist de “Titans of Creation”:

01. Children Of The Next Level
02. WWII
03. Dream Deceiver
04. Night Of The Witch
05. City Of Angels
06. Ishtars Gate
07. Symptoms
08. False Prophet
09. The Healers
10. Code Of Hammurabi
11. Curse Of Osiris
12. Catacombs

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

1 COMENTÁRIO

  1. Olha, costumo dizer que o único play fraco do Testament é o souls of black, tirando ele o restante é só pedrada, porém do demonic (1997) até os dias atuais, os caras lançaram só discassos, The gathering, The formation of… dark roots…. brotherhood…. e agora o titas… no conjunto da obra eles tem uma discografia melhor que todas do big four, melhor até do que a pseudothrash, vc sabe qual é, aquela vendida,.

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