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10 curiosidades sobre o álbum de estreia do Iron Maiden

Não é exagero dizer que o mundo do heavy metal mudou com o disco homônimo do grupo liderado por Steve Harris

Não é exagero dizer que o mundo do heavy metal mudou em 14 de abril de 1980. Na ocasião, além do Judas Priest lançar “British Steel”, seu 6º álbum de estúdio, o Iron Maiden divulgava seu primeiro disco, autointitulado.

O Priest é um nome gigante do estilo, mas não dá para dizer que tenha conquistado a mesma repercussão que o Maiden. E mesmo que tenha uma sonoridade tão diferente dos trabalhos seguintes, o álbum de estreia da banda criada pelo baixista Steve Harris – e, na época, completa por Paul Di’Anno (vocal), Dave Murray e Dennis Stratton (guitarras) e Clive Burr (bateria) – apresenta algumas credenciais para tamanho êxito.

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A seguir, apresento 10 curiosidades sobre o álbum de estreia do Iron Maiden, que completa 40 anos de seu lançamento no dia 14 de abril de 1980.

1) Dennis Stratton, o anti-metal no Iron Maiden?

O álbum de estreia do Iron Maiden foi o único a contar com Dennis Stratton. O músico entrou para a banda meio que de última hora, já que quando o Maiden tentou gravar o disco em 1979, a formação era um quarteto, apenas com Dave Murray na guitarra.

A passagem de Stratton pelo Maiden foi breve. Deu tempo de gravar o álbum de estreia e fazer parte da turnê abrindo para o Kiss pela Europa. O guitarrista acabou sendo demitido devido a “diferenças musicais”, que podem ser traduzidas como: Dennis não era exatamente um fã de heavy metal.

Fã de bandas de hard rock ainda mais melódica, Dennis Stratton tentou adicionar harmonias de guitarra mais ao estilo de Wishbone Ash (banda que Steve Harris também curtia) e backing vocals em falsete, na pegada do Queen, na música “Phantom of the Opera”. Os demais integrantes reprovaram as mudanças feitas por Stratton.

“Rod Smallwood (empresário) pediu para tirar e nós falamos: ‘ok, é sua banda, mas podemos deixar os vocais em harmonia e uma harmonia para guitarra?’. Ele concordou, mas disse que só poderia manter aquilo, para não ficar tão Queen”, contou Dennis Stratton, em entrevista ao The Metal Voice.

Na biografia autorizada do Iron Maiden, escrita por Mick Wall, Steve Harris conta que Dennis Stratton tocava a música “Strange World”, mais melódica, com uma “paixão bem diferente” das outras, que apostavam no peso. Não demorou para que o guitarrista, que integrou bandas como Lionheart e Praying Mantis no futuro, deixasse o Maiden, sendo substituído por Adrian Smith.

2) Originalmente sem ‘Sanctuary’

Clássico dos “early days” do Iron Maiden, “Sanctuary” foi lançada originalmente como single fora do álbum, além de fazer parte da coletânea “Metal for Muthas”. A canção não entrou para a tracklist do disco, mas acabou sendo incluída na versão americana e nos relançamentos com sonoridade remasterizada.

Curiosamente, “Sanctuary” não consta nas versões do álbum presentes em plataformas de streaming. No Spotify, por exemplo, o disco conta com as 8 faixas originais.

3) Problemas com produtores

Em dezembro de 1979, o Iron Maiden, ainda como quarteto, tentou gravar o álbum com dois produtores. Os dois foram dispensados porque o trabalho não agradou.

Guy Edwards, o primeiro, entregou uma sonoridade “suja” demais. Andy Scott, o segundo, deixou Steve Harris enfurecido após insistir que ele tocasse baixo com palheta.

Wil Malone, conhecido por trabalhos com artistas como Mike Oldfield, acabou ficando com a vaga de produtor. Porém, Steve Harris conta, na biografia autorizada do Iron Maiden, que a função foi assumida, de fato, pela banda – Malone só assina, pois foi ignorado pelo grupo, que buscava direto o engenheiro de som.

“Amo as músicas do primeiro álbum, mas não suporto a gravação. As músicas são incríveis, mas para fazer justiça a elas, teria de ser regravado. Não remasterizado: regravado. Wil Malone era engenheiro de som de Mike Oldfield ou algo assim e isso me irrita, porque falta algo ali”, disse o vocalista Paul Di’Anno, em entrevista ao Eon Music.

4) Iron Maiden era punk?

É inegável: o álbum de estreia do Iron Maiden se destaca por aliar elementos melódicos a uma sonoridade crua, relativamente próxima ao punk rock que estava em alta na segunda metade da década de 1970. O problema é que Steve Harris não concorda com isso.

“Algumas pessoas nos confundiram por tocarmos coisas ‘punky’, mas, na verdade, não gostávamos de punks. Os punks na época não conseguiam tocar seus instrumentos como os posteriores”, disse Steve Harris, em entrevista à Rolling Stone.

O músico destacou que a influência para se tocar música de forma rápida veio “de forma natural, por causa da adrenalina”. “Não é como se tivéssemos parado para dizer: ‘oh, vamos tocar rápido’’ Começa com a adrenalina e, no palco, fica ainda mais rápido do que quando você gravou”, afirmou.

5) Diferença na capa remasterizada

A icônica capa do álbum foi criada por Derek Riggs, que assina a maior parte das artes dos discos do Iron Maiden. Em 1998, o álbum foi relançado, assim como todos os outros divulgados até 1995, e ganhou uma nova capa, com uma recriação digital que apresenta alguns detalhes diferentes. O trabalho original acabou sendo usado na prensagem do disco em si.

6) Ao vivo no Top of the Pops, assim como The Who

Uma das principais “portas” de divulgação do Iron Maiden foi a participação no programa de TV “Top of the Pops”, bastante popular no Reino Unido, com uma performance de “Running Free”.

A atração costumava trazer artistas se apresentando com playback, mas o Iron Maiden fez diferente: os músicos não aceitaram dublar e tocaram de verdade, sendo os primeiros artistas desde o The Who, em 1972, a fazer isso.

7) 300 libras por ‘Sanctuary’?

Dave Ling, jornalista que trabalhou para revistas importantes como “Classic Rock” e “Metal Hammer”, afirma que “Sanctuary”, na verdade, é uma composição do guitarrista Rob Angelo, que passou rapidamente pelo Iron Maiden em 1977. A informação consta no encarte do relançamento em CD da coletânea “Metal for Muthas”.

Ainda de acordo com Ling, Rob Angelo recebeu 300 libras de Steve Harris para abrir mão dos direitos da música. Um bom negócio para a época, um mau negócio em longo prazo.

No álbum, originalmente, a música é creditada para toda a banda, sem um autor específico. A partir do relançamento de 1998, o grupo passou a citar Steve Harris e Paul Di’Anno como os compositores.

8) Capa de single censurada

Ainda sobre “Sanctuary”: o single contava, originalmente, com uma capa que trazia o mascote Eddie diante do corpo de Margaret Thatcher – na época, primeira-ministra do Reino Unido. A arte acabou chamando atenção da imprensa britânica, com o tabloide Daily Mirror publicando sobre o assunto.

9) ‘Iron Maiden’, a mais tocada

A música “Iron Maiden”, que dá nome à banda e que encerra a tracklist do álbum de estreia, é, de longe, a mais tocada pelo grupo em toda a sua história. O site Setlist.fm registra que a faixa esteve presente em, praticamente, todos os shows realizados desde 1977.

Nos shows, a música sempre é tocada quando Eddie entra no palco. Por isso, a banda nunca abriu mão de performá-la.

10) Na voz de Bruce Dickinson

Bruce Dickinson acabou se tornando o vocalista do Iron Maiden em 1981, posto que ocupa até hoje, com um hiato em parte da década de 1990. Sua entrada colocou a banda em outro patamar.

Mesmo assim, Dickinson nunca se recusou a cantar as músicas do primeiro álbum do Iron Maiden – e nem do segundo, “Killers” (1981), também feito com Di’Anno originalmente.

Por isso, todas as canções do álbum de estreia do Maiden já foram cantadas por Bruce ao vivo ou em versões alternativas para lado B de singles – com exceção de “Strange World” e, claro, a instrumental “Transylvania” –, sendo que várias delas foram mantidas até tempos atuais. Confira algumas gravações a seguir:

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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10 curiosidades sobre o álbum de estreia do Iron Maiden

Não é exagero dizer que o mundo do heavy metal mudou com o disco homônimo do grupo liderado por Steve Harris

Não é exagero dizer que o mundo do heavy metal mudou em 14 de abril de 1980. Na ocasião, além do Judas Priest lançar “British Steel”, seu 6º álbum de estúdio, o Iron Maiden divulgava seu primeiro disco, autointitulado.

O Priest é um nome gigante do estilo, mas não dá para dizer que tenha conquistado a mesma repercussão que o Maiden. E mesmo que tenha uma sonoridade tão diferente dos trabalhos seguintes, o álbum de estreia da banda criada pelo baixista Steve Harris – e, na época, completa por Paul Di’Anno (vocal), Dave Murray e Dennis Stratton (guitarras) e Clive Burr (bateria) – apresenta algumas credenciais para tamanho êxito.

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1) Dennis Stratton, o anti-metal no Iron Maiden?

O álbum de estreia do Iron Maiden foi o único a contar com Dennis Stratton. O músico entrou para a banda meio que de última hora, já que quando o Maiden tentou gravar o disco em 1979, a formação era um quarteto, apenas com Dave Murray na guitarra.

A passagem de Stratton pelo Maiden foi breve. Deu tempo de gravar o álbum de estreia e fazer parte da turnê abrindo para o Kiss pela Europa. O guitarrista acabou sendo demitido devido a “diferenças musicais”, que podem ser traduzidas como: Dennis não era exatamente um fã de heavy metal.

Fã de bandas de hard rock ainda mais melódica, Dennis Stratton tentou adicionar harmonias de guitarra mais ao estilo de Wishbone Ash (banda que Steve Harris também curtia) e backing vocals em falsete, na pegada do Queen, na música “Phantom of the Opera”. Os demais integrantes reprovaram as mudanças feitas por Stratton.

“Rod Smallwood (empresário) pediu para tirar e nós falamos: ‘ok, é sua banda, mas podemos deixar os vocais em harmonia e uma harmonia para guitarra?’. Ele concordou, mas disse que só poderia manter aquilo, para não ficar tão Queen”, contou Dennis Stratton, em entrevista ao The Metal Voice.

Na biografia autorizada do Iron Maiden, escrita por Mick Wall, Steve Harris conta que Dennis Stratton tocava a música “Strange World”, mais melódica, com uma “paixão bem diferente” das outras, que apostavam no peso. Não demorou para que o guitarrista, que integrou bandas como Lionheart e Praying Mantis no futuro, deixasse o Maiden, sendo substituído por Adrian Smith.

2) Originalmente sem ‘Sanctuary’

Clássico dos “early days” do Iron Maiden, “Sanctuary” foi lançada originalmente como single fora do álbum, além de fazer parte da coletânea “Metal for Muthas”. A canção não entrou para a tracklist do disco, mas acabou sendo incluída na versão americana e nos relançamentos com sonoridade remasterizada.

Curiosamente, “Sanctuary” não consta nas versões do álbum presentes em plataformas de streaming. No Spotify, por exemplo, o disco conta com as 8 faixas originais.

3) Problemas com produtores

Em dezembro de 1979, o Iron Maiden, ainda como quarteto, tentou gravar o álbum com dois produtores. Os dois foram dispensados porque o trabalho não agradou.

Guy Edwards, o primeiro, entregou uma sonoridade “suja” demais. Andy Scott, o segundo, deixou Steve Harris enfurecido após insistir que ele tocasse baixo com palheta.

Wil Malone, conhecido por trabalhos com artistas como Mike Oldfield, acabou ficando com a vaga de produtor. Porém, Steve Harris conta, na biografia autorizada do Iron Maiden, que a função foi assumida, de fato, pela banda – Malone só assina, pois foi ignorado pelo grupo, que buscava direto o engenheiro de som.

“Amo as músicas do primeiro álbum, mas não suporto a gravação. As músicas são incríveis, mas para fazer justiça a elas, teria de ser regravado. Não remasterizado: regravado. Wil Malone era engenheiro de som de Mike Oldfield ou algo assim e isso me irrita, porque falta algo ali”, disse o vocalista Paul Di’Anno, em entrevista ao Eon Music.

4) Iron Maiden era punk?

É inegável: o álbum de estreia do Iron Maiden se destaca por aliar elementos melódicos a uma sonoridade crua, relativamente próxima ao punk rock que estava em alta na segunda metade da década de 1970. O problema é que Steve Harris não concorda com isso.

“Algumas pessoas nos confundiram por tocarmos coisas ‘punky’, mas, na verdade, não gostávamos de punks. Os punks na época não conseguiam tocar seus instrumentos como os posteriores”, disse Steve Harris, em entrevista à Rolling Stone.

O músico destacou que a influência para se tocar música de forma rápida veio “de forma natural, por causa da adrenalina”. “Não é como se tivéssemos parado para dizer: ‘oh, vamos tocar rápido’’ Começa com a adrenalina e, no palco, fica ainda mais rápido do que quando você gravou”, afirmou.

5) Diferença na capa remasterizada

A icônica capa do álbum foi criada por Derek Riggs, que assina a maior parte das artes dos discos do Iron Maiden. Em 1998, o álbum foi relançado, assim como todos os outros divulgados até 1995, e ganhou uma nova capa, com uma recriação digital que apresenta alguns detalhes diferentes. O trabalho original acabou sendo usado na prensagem do disco em si.

6) Ao vivo no Top of the Pops, assim como The Who

Uma das principais “portas” de divulgação do Iron Maiden foi a participação no programa de TV “Top of the Pops”, bastante popular no Reino Unido, com uma performance de “Running Free”.

A atração costumava trazer artistas se apresentando com playback, mas o Iron Maiden fez diferente: os músicos não aceitaram dublar e tocaram de verdade, sendo os primeiros artistas desde o The Who, em 1972, a fazer isso.

7) 300 libras por ‘Sanctuary’?

Dave Ling, jornalista que trabalhou para revistas importantes como “Classic Rock” e “Metal Hammer”, afirma que “Sanctuary”, na verdade, é uma composição do guitarrista Rob Angelo, que passou rapidamente pelo Iron Maiden em 1977. A informação consta no encarte do relançamento em CD da coletânea “Metal for Muthas”.

Ainda de acordo com Ling, Rob Angelo recebeu 300 libras de Steve Harris para abrir mão dos direitos da música. Um bom negócio para a época, um mau negócio em longo prazo.

No álbum, originalmente, a música é creditada para toda a banda, sem um autor específico. A partir do relançamento de 1998, o grupo passou a citar Steve Harris e Paul Di’Anno como os compositores.

8) Capa de single censurada

Ainda sobre “Sanctuary”: o single contava, originalmente, com uma capa que trazia o mascote Eddie diante do corpo de Margaret Thatcher – na época, primeira-ministra do Reino Unido. A arte acabou chamando atenção da imprensa britânica, com o tabloide Daily Mirror publicando sobre o assunto.

9) ‘Iron Maiden’, a mais tocada

A música “Iron Maiden”, que dá nome à banda e que encerra a tracklist do álbum de estreia, é, de longe, a mais tocada pelo grupo em toda a sua história. O site Setlist.fm registra que a faixa esteve presente em, praticamente, todos os shows realizados desde 1977.

Nos shows, a música sempre é tocada quando Eddie entra no palco. Por isso, a banda nunca abriu mão de performá-la.

10) Na voz de Bruce Dickinson

Bruce Dickinson acabou se tornando o vocalista do Iron Maiden em 1981, posto que ocupa até hoje, com um hiato em parte da década de 1990. Sua entrada colocou a banda em outro patamar.

Mesmo assim, Dickinson nunca se recusou a cantar as músicas do primeiro álbum do Iron Maiden – e nem do segundo, “Killers” (1981), também feito com Di’Anno originalmente.

Por isso, todas as canções do álbum de estreia do Maiden já foram cantadas por Bruce ao vivo ou em versões alternativas para lado B de singles – com exceção de “Strange World” e, claro, a instrumental “Transylvania” –, sendo que várias delas foram mantidas até tempos atuais. Confira algumas gravações a seguir:

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InícioListas10 curiosidades sobre o álbum de estreia do Iron Maiden
Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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