O vocalista Blaze Bayley abriu o jogo sobre sua saúde mental em entrevista ao EonMusic. Notável por seus trabalhos com Iron Maiden e Wolfsbane, o cantor segue em carreira solo há duas décadas, com uma série de trabalhos lançados.
O assunto veio à tona, justamente, quando Bayley foi convidado a listar os álbuns que ele mais gostou de ter feito. Inicialmente, ele mencionou o EP “All Hell’s Breaking Loose Down at Little Kathy Wilson’s Place!”, lançado pelo Wolfsbane, em 1990, pelas “circunstâncias”: “gravar no Roundhouse Studios com Brendan O’Brien (produtor) chegando da América… ele realmente produziu o álbum, contribuiu com ideias”.
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Depois, Blaze citou dois de seus álbuns solo que trazem letras com temáticas mais pessoais. O primeiro, destacado por ele como seu favorito de sua carreira como solista, é “Blood and Belief”, de 2004.
“Muitas músicas tratam dos problemas de saúde mental que tenho. Sofro de depressão, fui medicado por muito tempo, lutei contra pensamentos suicidas, fui ao psicólogo, passei pela terapia cognitivo-comportamental (TCC) e, com ajuda de todas essas pessoas, consegui controlar essas coisas. Não sou mais vítima delas”, contou.
O segundo disco solo citado por Blaze Bayley é “The Man Who Would Not Die”, de 2008. “Esse é cheio de histórias reais sobre como fui tratado pela gravadora. Perdi tudo por causa da SPV / Steamhammer e foi terrível”, afirmou.
O cantor pontuou que, “pessoal e emocionalmente”, esses dois trabalhos se destacam, mas a trilogia “Infinite Entanglement”, com álbuns lançados em 2016, 2017 e 2018, é a que o deixa mais orgulhoso em termos artísticos.
Com relaão à trilogia, Blaze explicou: “É uma história sobre começar, mudanças, sobrevivência e redenção. Disse a meu empresário que queria fazer três álbuns em três anos e ele me deu uma olhada! Mas como artista, recebi muito apoio. Foi muito trabalhoso e estávamos esgotados no fim do terceiro álbum, mas quando você os ouve juntos, é incrívl. Consegui o que queria. Tive muita ajuda de várias pessoas e foi a grande conquista da minha carreira – e tudo feito de forma independente”.
Alcoolismo e depressão
Blaze Bayley fala de forma bem aberta sobre seus problemas nas entrevistas. Em 2004, ao site Metalshrine, o cantor disse que estava lutando contra o alcoolismo. “A polícia ligou para minha esposa e disse: ‘temos um homem inconsciente na rua e acho que é seu marido’. Precisei analisar de forma dura a minha vida depois disso e pensar no motivo pelo qual aquilo estava acontecendo”, contou.
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Por insistência da esposa, Blaze foi ao médico e foi diagnosticado com depressão clínica. “Eu achava que eu era esquentado, mas é depressão, algo que aconteceu comigo durante toda a minha vida adulta. Com medicação e psiquiatra e coisas assim, estou vivendo de forma bem mais satisfatória, estou bem mais feliz e passo mais tempo sóbrio e trabalhando nas coisas que gosto, como música. Infelizmente, meu casamento não resistiu”, disse.
‘Infinite Entanglement’
Em entrevista conduzida por IgorMiranda.com.br em 2018, Blaze Bayley explicou o conceito da trilogia “Infinite Entanglement”, citada por ele na recente conversa com a EonMusic: “Começa com um homem que não sabe se é humano. Sua consciência foi baixada para um corpo de máquina, então, ele acorda dentro dela. Ele se sente humano e pensa como um, mas tem corpo de máquina. Ele precisa decidir se é humano e é aí onde tudo começa. O segundo disco, ‘Endure and Survive’ é uma jornada de mil anos pelo espaço. Sofre lavagem cerebral e deve matar todos os outros membros de sua raça até chegar ao novo mundo. Na parte três, ‘The Redemption of William Black’, ele tenta chegar ao novo mundo, mas os novos conquistadores querem matar toda a população indígena. Então, William Black precisa decidir se fica com as tribos ou não”, contou o vocalista.
Na época, Blaze disse que usou aprendizados dos tempos de Iron Maiden para a trilogia. “Foi um grande desafio, mas, nos meus dias com o Iron Maiden, trabalhando com Steve Harris, aprendi muito. E são esses valores, onde a música está ligada à jornada. A melodia, a vocalização, a letra e a música estão ligadas à jornada. E trabalhar com Steve Harris, no Iron Maiden… ele me ensinou muito sobre isso. É uma grande influência. Há muitos detalhes, então, nós trabalhamos para lapidá-los e garantir que toda música seria o melhor que conseguíssemos fazer. Cada música tem seu propósito”, disse.