...

Demons & Wizards: os 20 anos do ótimo álbum de estreia, relançado no Brasil

Demons & Wizards – “Demons & Wizards”
Lançado em 8 de fevereiro de 2000
Relançado em edição remasterizada em 2019 – no Brasil, pela Hellion Records

Olhe para o guitarrista Jon Schaffer. Dá para imaginar que o implacável líder do Iced Earth tenha… amigos? A concepção de que Schaffer seja um músico solitário, sem amigos de longa data, pode vir pelo fato de sua banda original ter mudanças frequentes na formação.

- Advertisement -

Brincadeiras e preconceitos à parte, Jon Schaffer tem o vocalista Hansi Kürsch, do Blind Guardian, como um de seus grandes amigos. E foi do sentimento de amizade, um dos mais nobres do ser humano, que nasceu o Demons & Wizards, projeto paralelo criado em 1998, quando as bandas principais dos envolvidos já estavam consolidadas em seus respectivos cenários.

– Novo álbum do Demons & Wizards, III será lançado em edição nacional

O Iced Earth estava lançando álbuns que dariam um tom mais pesado, quase thrash, para o power metal, como “The Dark Saga” (1996) e “Something Wicked This Way Comes” (1998). O Blind Guardian, por sua vez, estava na ativa por mais tempo, só que potencializou seu sucesso justamente em 1998, com “Nightfall in Middle-Earth”, que reforçava a conexão do power com elementos sinfônicos e operísticos.

Por algum motivo, Jon Schaffer estava na Alemanha e ficou alguns dias na casa de Hansi Kürsch. Após uma noite de bebedeira, Schaffer, de ressaca, pegou um violão que Kürsch nem sabia que estava na casa dele e começou a dedilhar uma ideia que acabava de ter. O colega vocalista, então, cantou qualquer coisa. Perceberam que aquilo ali poderia evoluir.

Desta ressaca, nasceu a primeira música do projeto, “My Last Sunrise”. Em seguida, a dupla decidiu que trabalharia em um novo projeto. Não demorou muito até que Jon Schaffer apresentasse composições melódicas e Hansi Kürsch, as letras e melodias vocais. Tudo se encaixou de modo que o álbum de estreia, autointitulado, saiu na Europa ainda em 1999, com lançamento em outros continentes, incluindo a América, em 2000.

Em 2019, não só o álbum de estreia do Demons & Wizards como o seguinte, “Touched By The Crimson King” (2005), foram relançados em edição remasterizada, com faixas bônus, maior atenção à qualidade de áudio e material gráfico caprichado, trazendo depoimentos, fotos e letras das canções no encarte. No Brasil, os dois CDs chegaram por meio da Hellion Records, que preservou as características do produto original, para felicidade dos fãs.

A premissa de encaixar as melodias obscuras do Iced Earth com os vocais pomposos do Blind Guardian deu certo. O Demons & Wizards ganhou uma cara própria ao misturar elementos de duas bandas de power metal que, aparentemente, seriam como água e óleo.

Logo na abertura “Heaven Denies”, que sucede a vinheta “Rites of Passage”, dá para perceber que a união gerou uma sonoridade própria. A faixa se destaca não só por trazer um heavy/power de veia bem tradicional, como, também, pelo encerramento anticlímax: acústico, lento e inesperado. “Poor Man’s Crusade”, mais cadenciada, é guiada por riffs claramente influenciados por Black Sabbath, enquanto a melódica “Fiddler on the Green”, um dos destaques, é uma balada que fica pesada e ganha contornos épicos com a interpretação de Hansi Kürsch – que, aliás, canta um absurdo por aqui.

Quarta faixa, “Blood on My Hands” resgata a pegada efervescente da abertura “Heaven Denies”. Já “Path of Glory”, outra balada, flerta com o hard rock e traz um ambiente bem mais “feliz”. Após a razoável “Winter of Souls”, que só chama atenção pelo refrão, o diálogo com o “método Iced Earth” se faz mais presente na estrutura de canções como “The Whistler” e “Tear Down the Wall”: dedilhados “dark”, andamentos oscilantes e riffs de muito peso.

“Gallows Pole” preserva a veia Iced Earth, mas com vocais mais experimentais. A já mencionada “My Last Sunrise” sintetiza um dos momentos mais pesados do álbum, novamente, apostando nas mudanças de andamentos. A vinheta de encerramento “Chant” conclui a tracklist original com um breve canto em coral.

Três faixas bônus compõem a sequência final da versão remasterizada da estreia do Demons & Wizards. São elas: um cover de “White Room” (clássico do Cream), uma versão alternativa de “The Whistler” e uma gravação demo de “Heaven Denies”. A primeira canção, em especial, merece atenção aos fãs que tiverem acesso ao material.

Passadas duas décadas, o álbum de estreia do Demons & Wizards ainda soa como um dos melhores trabalhos do já desgastado segmento power metal – e isso ocorre, justamente, por fugir dos clichês do estilo. O material foi concebido no melhor momento dos dois componentes: Hansi Kürsch estava cantando como nunca e a criatividade de Jon Schaffer, por sua vez, estava a mil por hora. Resistiu ao teste do tempo e pode ser descrito como um clássico do estilo.

Hansi Kürsch (vocal)
Jon Schaffer (guitarra, violão, baixo)

Músicos adicionais:
Mark Prator (bateria)
Jim Morris (guitarra solo)

1. Rites of Passage
2. Heaven Denies
3. Poor Man’s Crusade
4. Fiddler on the Green
5. Blood on My Hands
6. Path of Glory
7. Winter of Souls
8. The Whistler
9. Tear Down the Wall
10. Gallows Pole
11. My Last Sunrise
12. Chant
13. White Room (Cream cover)
14. The Whistler (versão alternativa)
15. Heaven Denies (versão demo)

ESCOLHAS DO EDITOR
InícioResenhasDemons & Wizards: os 20 anos do ótimo álbum de estreia, relançado...
Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

DEIXE UMA RESPOSTA (comentários ofensivos não serão aprovados)

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui


Últimas notícias

Curiosidades